Agentes da Força Nacional ameaçam abandonar os Jogos Olímpicos


  As precárias condições de trabalho dos cerca de 3 mil servidores da Força Nacional - entre policiais e bombeiros - que já estão no Rio para reforçar a segurança para a Olimpíada viralizaram nas redes sociais, na manhã desta quarta-feira, diante do relato de um dos agentes. Parte da tropa já pensa em abandonar o serviço.
  “Queríamos denunciar o abuso que está acontecendo. Estamos trabalhando mais de 60 horas semanais, numa escala de 12 por 24. Onde essas 24 horas de folga se tornam 16, pois temos que estar prontos duas horas antes do início do serviço, e quando largamos o serviço levamos quase duas horas para chegar no local de descanso!”, relata o servidor.
  Ele afirma que as diárias não estão sendo pagas. Em função disso e das péssimas condições dos apartamentos em que estão alojados, houve um protesto na tarde desta terça-feira, no Anil.
  Os agentes da Força Nacional estão em apartamentos de dois quartos do programa “Minha casa, minha vida”, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O condomínio é vizinho de favelas dominadas por milicianos e por traficantes. Os imóveis não têm chuveiros nem camas.
  Segundo o relato do agente, falta até água nos apartamentos, que não contam com fogão. “Temos que ficar fazendo engenhocas para comer! Temos apenas uma farda, e não podemos nem ter um varal na rua”, escreveu ele.
  Descrevendo a situação da tropa como “sub-humana”, o servidor conta que a tropa tem dormido em colchões de ar, comprados por eles mesmos.
  Diante disso, parte da tropa já estaria pensando em abandonar o Rio. “Falta quase um mês para a Olimpíada, e mais da metade do efetivo inclusive os 200 quem vieram de Santa Catarina estão pensando em abandonar o barco, nessas condições ficaremos doentes, e não conseguiremos prestar um serviço de excelência que nos é cobrado!”, escreveu ele.
  Atualmente, 3 mil servidores da Força Nacional estão no Rio e outros 3 mil chegarão à cidade para os Jogos. Eles são dos 26 estados e também do Distrito Federal. A formação começou há mais de um ano, em Brasília, e a maior parte do contingente é formada por PMs. A Força Nacional será responsável pela segurança no interior das arenas e no entorno dos locais de competição.
  Confira o relato do agente da Força Nacional na íntegra:
  "Estou trabalhando aqui no rio, para a Olímpiada! Vim para o contingente da força nacional!
Queríamos denunciar o abuso que está acontecendo. Estamos trabalhando mais de 60 horas semanais, numa escala de 12 por 24. Onde essas 24 horas de folga se tornam 16, pois temos que estar prontos duas horas antes do início do serviço, e quando largamos o serviço levamos quase duas horas para chegar no local de descanso!
  Descanso esse que foi fornecido pela caixa, uns apartamentos, no meio de uma favela, ontem nos falta água para tomar banho, onde não podemos ter fogão para fazer comida, temos que ficar fazendo engenhocas para comer! Temos apenas uma farda, e não podemos nem ter um varal na rua para que ela seja lava e seca.
  Sem contar o serviço de 12 horas que é em pé, com um fuzil na mão, onde não podemos nem descansar! Temos tempo contato para comer, e se quisermos por acaso tirar um cochilo, esse cochilo é no chão duro! Como segue na foto que vou te mandar!
  Quando estou de serviço das 7 às 19. Me acordo às 4 da manhã para as 5 estar pronto. Chego no meu local de trabalho e fico até as 19. Onde só chego no local onde seria meu conforto de descanso, quase 21 horas!
  Sem contar que as diárias prometidas não estão sendo pagas, nem mt menos a diária que seria dobrada como tbm foi prometido.
  Estamos com menos de 3500 homens e mulheres aqui, em condições sub-humanas. Estamos dormindo em colchão de ar, que tivemos que comprar pois não nos forneceram beliches nem colchões. Falta quase um mês para a Olimpíada, e mais da metade do efetivo inclusive os 200 quem vieram de Santa Catarina estão pensando em abandonar o barco, nessas condições ficaremos doentes, e não conseguiremos prestar um serviço de excelência que nos é cobrado!
  Estamos sendo cobrados ao extremo, e o nosso comando nos ameaça, pois perdeu o controle da sua tropa!
  Tropa está que esta adoecendo e pedindo socorro".
Fonte: Extra

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