Setembro, liberdade, terrorismo etc e tal...

Uma década se passou desde o dia em que a comunidade mundial foi surpreendida pelo ataque ao – até então imbatível – império norte-americano. O sequestro de aviões civis corroborou para o ataque aos alvos. Símbolo do poderio americano, as duas torres do World Trade Center foram destruídas em Nova Iorque; o Pentágono atingido, em Washington; milhares de mortos; milhões de pessoas, em todo o mundo, estarrecidas e irremediavelmente marcadas. E a segurança das nações colocada em xeque.
Daqui a dois anos, em 2013, será inaugurado o One World Trade Center, com quatro novas torres e será, então, o mais alto prédio dos EUA. Parte do “american way of life”: no lugar daquele que foi destruído, outro de maior grandiosidade. Vida que segue.
Neste 11 de setembro de 2011, foi inaugurado o National September 11 Memorial & Museum, um espaço com museu, fontes e cascatas em mais de 32 mil m² de área, para homenagear os mortos nos ataques terroristas (incluindo aí os mortos no ataque à bomba no WTC, em 1993) cujos nomes estarão inscritos em bronze. Pelos EUA, inúmeras homenagens às vítimas. Por todo o mundo, a lembrança, o lamento, as preces para que eventos como esses se tornem ficção, não mais possibilidade.
Ao sul do equador, estamos a um ano de completar 19 décadas da proclamação da independência. Num caso ou no outro, trazer os fatos à memória é imprescindível para revermos o presente e projetarmos o futuro. Ou seja, aprender com o passado para evitar repetir os mesmos erros no futuro. Do 7 de setembro, a imagem do ideal de libertação anticolonial. Do 11 de setembro, a da liquidação de inocentes em nome da justiça/libertação da comunidade de que faz parte o violento articulador.
“Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”, cantamos no Hino da Proclamação da República. No Hino da Independência, o refrão clama: “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”. Robespierre, líder revolucionário francês, tendo assumido o governo após a vitória da revolução, implantou aos poucos uma ditadura, o chamado regime do “Grande Terror” cujos excessos o levaram à guilhotina. É dele a afirmativa de que “a espada que brilha na mão do herói da liberdade é como aquela de que estão armados os satélites da tirania”. Protagonista de um movimento (a revolução francesa) cujo lema era “liberdade, igualdade, fraternidade”, bem sabia ele dessa inacreditável conjugação entre ideal libertário e violência.
O dicionário (Aurélio) define terrorismo como “uso ou a ameaça de violência, com o objetivo de atemorizar um povo e enfraquecer sua resistência”. Talvez ainda necessitemos de mais alguns séculos de aprendizado para compreendermos que as mãos do herói da liberdade não podem empunhar espadas porque, se assim for, todo ato de terrorismo está plenamente justificado.
Em agosto de 1947, raiou a liberdade para 700 milhões de indianos, conquistada após uma luta política pacífica, sem derramamento de uma só gota de sangue da parte de seu compatriota Mahatma Gandhi, que teve a ousadia de empunhar a “espada” da não-violência como instrumento de libertação. Utilizando a autojustificação dos fins pelos meios, Gandhi sabiamente disse: “a não violência é o meio; a verdade o fim”.
Que possamos unir, neste mês de setembro, o ideal de liberdade (comemorado no dia 7) ao repúdio a qualquer forma de violência, tendo como inspiração as palavras de Gandhi:
«A força de um homem e de um povo está na não-violência; experimentem.»
«O que quer que façam conosco, não iremos atacar ninguém nem matar ninguém; estou pedindo que vocês lutem, que lutem contra o ódio deles (do governo inglês), não para provocá-lo. Nós não vamos desferir socos, mas tolerá-los, e através do nosso sofrimento faremos com que vejam suas próprias injustiças e isso irá feri-los, como todas as lutas ferem, mas não podemos perder, não podemos...”
(Ninna F.)

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