Reflexões sobre a Padagogia do Mestre 4

Dando continuidade a nosso propósito de refletir sobre os ensinamentos do Mestre Jesus, fomos buscar no imenso oceano de lições que é o Sermão da Montanha (ou Sermão das Bem-aventuranças) alguns pontos para nosso aprendizado.
  No 3º versículo do capítulo 5 de Mateus, fala-nos Jesus: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.”
Entre nós, o adjetivo pobre tem uma conotação de falta, carência. Os pobres seriam, então, os destituídos. De que tipo de pobreza deve “padecer” alguém para que possa merecer o Reino? Pobreza de bens terrenos? De conhecimento? De inteligência?
Vinte séculos após o Cristo, Jung postula: “felizes os que têm consciência de sua pobreza espiritual e buscam humildemente o que procuram”. Jung nos leva a crer que, à pobreza espiritual precisa juntar-se a riqueza de humildade. Humildade para buscar o que procuram... Antes mesmo de termos respondido à questão anterior (o que é ser pobre), deparamo-nos com outra: o que significa ser humilde?
Se tomarmos o Mestre como modelo de humildade, podemos concluir que ser humilde é ter a exata dimensão do que se é. É ser simples e manso no falar; sincero e coerente no agir; não ostentar santidade ou saber; não aceitar desmandos nem compactuar com equívocos ou injustiças; reconhecer as próprias limitações e buscar superá-las, sem fazer disso alarde ou criar fantasias; é buscar a verdade incansavelmente; é empenhar-se pelo progresso pessoal, percorrendo as trilhas deixadas pelos exemplos nobres e dignos. Tudo isso é diferente de ser servil; de se depreciar; de se acovardar; de esconder seus talentos.
Ser pobre de bens materiais não significa, necessariamente, ser pobre de espírito. Tampouco ser humilde. Não é também ser ignorante ou ter baixa condição financeira ou social. Pobre de espírito não se coloca num pedestal para mostrar que muito sabe; ao contrário, tem plena consciência de que nada sabe e humildade suficiente para buscar alargar seus horizontes. Sua pobreza é de paixões, vícios, sentimentos inferiores, caráter duvidoso. Sua riqueza é de disciplina; de simplicidade de coração; de desapego de glórias efêmeras, de egoísmo, de orgulho.
Desejamos, aqui, traduzir para o professor/educador essa bem-aventurança anunciada pelo Cristo:

 Bem-aventurado o professor que tem consciência de que aprender/ensinar são vias de mão dupla;

 Bem-aventurado o professor que aprende o que ensina;

 Bem-aventurado o professor que se coloca no lugar do aluno;

 Bem-aventurado o professor que não ostenta o que sabe, nem faz do conhecimento prisão;

 Bem-aventurado o professor cujas aulas são motivadoras e prazerosas;

 Bem-aventurado o professor que vive o que ensina;

 Bem-aventurado o professor que reconhece o quanto ainda não sabe;


 Bem-aventurado o professor que vê a singularidade de que cada aluno é portador;

 Bem-aventurado o professor que trata seus alunos com o mesmo respeito com que espera ser por eles tratado;

 Bem-aventurado o professor cujas ações têm um propósito definido e um planejamento coerente com este;

 Bem-aventurado o professor que não discrimina, julga ou segrega quem quer que seja;

 Bem-aventurado o professor que, ao invés de colocar-se num pedestal, auxilia o aluno a chegar próximo do estado em que se encontra;

 Bem-aventurado o professor que sabe amar a Deus e ao próximo tanto quanto a si mesmo;

 Bem-aventurado o professor que pratica a caridade e incentiva seus alunos a fazer o mesmo;

 Bem-aventurado o professor cujo modelo é referência para seus alunos, pelos atos nobres que pratica;

 Bem-aventurado o professor que, a despeito (e respeitando) todas as teorias que embasam sua prática docente, tem seu principal modelo e fonte de ensinamentos no Mestre Jesus.

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