Porto do Açu se volta para óleo e gás
Três
inaugurações de empresas da cadeia de petróleo apontam o que pode ser o futuro
do empreendimento, que será menor.
Pouco
mais de sete anos após o lançamento da pedra fundamental das obras do
Superporto do Açu, a francesa Technip e a National Oilwell Varco (NOV), com
sede em Houston, nos Estados Unidos, se preparam para o início da produção de
dutos submarinos para o setor de petróleo no local. Serão as primeiras
atividades produtivas do porto, elaborado para ser um dos maiores terminais
industriais do país, mas que sofreu nos últimos anos com a crise econômica
mundial e com a derrocada do império econômico de Eike Batista, seu
idealizador. A inauguração das fábricas está prevista para o mês que vem.
Vizinhas
no porto, as unidades da Technip e NOV são concorrentes no fornecimento de
dutos flexíveis para a produção de petróleo em alto mar. Ficam em frente ao
estaleiro da OSX, que teve as obras paralisadas no ano passado, resultado da
crise de sua principal cliente, a OGX - hoje chamada Óleo e Gás Participações
(OGPar). Foram construídas para atender a projetos do pré-sal, que demandam
grandes quantidades de dutos especiais, com capacidade para resistir às
elevadas pressões do fundo do mar. "A unidade do Açu é a mais moderna
fábrica da Technip no mundo", diz Nelson Prochet, diretor de recursos
humanos da companhia francesa.
Com
investimento de R$ 550 milhões, as instalações vão produzir linhas flexíveis
com diâmetro maior - até 22 polegadas - do que os fabricados pela empresa em
sua unidade de Vitória (ES) - limitada a 14 polegadas. Em janeiro, a Technip
anunciou dois contratos com a Petrobras para fornecer cerca de 100 quilômetros
de linhas para os projetos Sapinhoá Norte e I5, no campo de Lula, na Bacia de
Santos, que já serão produzidos na nova unidade. Segundo Prochet, a ideia é
inaugurar a primeira linha de produção antes do dia 15 de março. A empresa
treinou 200 trabalhadores da região para o início das operações. Quando estiver
a plena carga, a unidade vai gerar 550 empregos diretos.
A
NOV optou pela construção da fábrica no Açu, que será gerenciada por sua
subsidiária NKT Flexibles, após um acordo de suprimento de flexíveis para a
Petrobras com potencial de encomendas de US$ 1,9 bilhão. A unidade tem
investimento de R$ 400 milhões e previsão de geração de 400 empregos. Foi
planejada para "reforçar a presença neste importante mercado",
segundo comunicado divulgado em 2012 para anunciar o projeto. Com reservas de
petróleo localizadas em águas profundas, o Brasil é um dos principais mercados
mundiais para linhas flexíveis, dutos de alta tecnologia usados para
transportar a produção dos poços submarinos às plataformas.
A
operação de duas fábricas concorrentes no mesmo local, que já tem contrato para
instalação de uma unidade da empresa especializada em ancoragem e serviços
submarinos Intermoor, é usada como argumento para atrair novas prestadoras de
serviço para o setor de petróleo, alterando a vocação inicial do porto, cujo
planejamento teve como âncoras indústrias ligadas ao setor metalúrgico. Segundo
a Prumo, a francesa Vallourec já se comprometeu a construir no Açu uma base
logística para atender atividades petrolíferas na Bacia de Campos, maior
produtora nacional. A Intermoor deve iniciar as operações ainda neste primeiro
semestre, informou a Prumo.
A
vocação petrolífera do porto é uma aposta do Governo do Estado do Rio para
ocupar a área de 70 quilômetros quadrados desapropriada para um polo industrial
na região. Após a crise econômica de 2008, a siderúrgica Techint, uma das
âncoras do projeto, desistiu da fábrica, levando consigo a viabilidade
econômica de outras atividades previstas para o porto no projeto inicial de
Eike Batista, como uma térmica a carvão e um polo automotivo. Da área total
desapropriada, menos de 10 quilômetros quadrados estão hoje ocupados. E parte
disso refere-se ao estaleiro da OSX, cujo futuro é incerto.
O
mercado contabiliza três empresas, também ligadas à atividade petrolífera, em
negociação para se instalar na área. "O porto vai vingar, mas será menor e
terá outro perfil", diz uma fonte próxima. Entre as companhias com
contrato para instalação no local estão a fabricante de motores finlandesa
Wartzila e a americana GE, também com uma unidade voltada para o petróleo.
Embarques de minério, só no final do ano
Principal
projeto do Superporto do Açu, o terminal de embarques de minério de ferro só
deve começar a operar no segundo semestre, segundo informações da Prumo
Logística, controladora do empreendimento. O investimento é parte do projeto
Minas Rio, que inclui um mineroduto ligando reservas em Minas Gerais ao porto,
vendido por Eike Batista à Anglo American em 2008, antes do estouro da crise
mundial.
O
primeiro cronograma previa o início das operações do projeto em 2010, mas os
efeitos da crise sobre o mercado de minério e dificuldades na instalação do
mineroduto de 525 quilômetros provocaram diversos adiamentos. No final do ano
passado, a Anglo American informou que o projeto já estava com 80% das obras
concluídas e que esperava receber as licenças ambientais ainda no primeiro
semestre de 2014.
O
início dos embarques de minério deve atrair uma unidade de pelotização para o
porto, segundo fontes, com o objetivo de maximizar o valor de exportação da
produção. A Anglo projeta uma produção de 26,5 milhões de toneladas por ano. A
administração do porto ainda precisa resolver o fornecimento de energia para
grandes projetos, a cargo da distribuidora Ampla - as torres já foram
instaladas, mas as linhas ainda não chegaram.
Valor Econômico
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