EDUCAÇÃO É COISA SÉRIA...
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Wagner Fontenelle
Pessôa
|
Tenho um projeto, sempre adiado, para
algum dia, quando eu reunir mais tempo e disposição, escrever um livro sobre o
que os alunos dizem e, principalmente, sobre o que escrevem em seus trabalhos e
provas.
É uma montoeira tão grande de bobagens, uma capacidade
inimaginável de produzir coisas sem pé, nem cabeça, que, estou certo, não há
professor que não reuna, ao longo de uma carreira, dezenas ou centenas de casos
e fatos — tão hilários, quanto inacreditáveis — dos "Ditos,
Feitos e Memoráveis" de seus criativos aprendizes. Com as minhas
desculpas pelo título, que tomo emprestado ao filósofo Xenofonte, para maior pompa daquilo que me ocorre escrever.
Em razão disto, reconheço que a minha ideia não é original.
O que seria original, é, talvez, alguém levar adiante um projeto para organizar
essa coletânea, de tantos e tão variados disparates, centrado apenas no
ambiente da educação e do ensino, que são irmãos, mas não são
gêmeos.
Quanto a isto, pode-se dizer que o sistema da múltipla
escolha, principalmente nos vestibulares e concursos de seleção para o 2º grau,
limitou (e muito!) a “criatividade” dos candidatos e a inestimável contribuição
que poderiam dar para esta obra. Porém, ao tempo em que o “cartão de
respostas”, para a correção informatizada, ainda não era recurso corrente entre
nós, tive a oportunidade de ler coisas bem inusitadas, como as que cito em
seguida:
1) Questão (numa prova de OSPB): O que são as esferas
de poder?
E lá veio aquela resposta: "São “bolinhas” de poder".
2)
Questão (numa prova de Eletricidade): Porque o passarinho pousa num cabo de
alta tensão e não é eletrocutado?
E o aluno, inocente no assunto, arriscou: "Porque ele é constituído de uma
carapaça grossa e isolante que permite a
não passagem da corrente elétrica".
3) Questão (numa prova de Biologia): Identifique e diga
o nome de cada uma das partes da célula
(ao lado do desenho de uma célula, em que apareciam membrana, citoplasma e núcleo).
Mas, como uma imagem vale por mil
palavras, o aluno respondeu, sem perder tempo: "Casca, clara e gema".
` (4) Questão (numa
prova de História): No governo da Nova República, como estava o país, em
matéria de democracia e de economia?
Ao que o projeto de historiador
esclareceu: "A democracia estava de pompa em vento..."
5) Questão (numa prova de Português): Faça o resumo do
seguinte texto (acompanhava um texto, não muito grande):
Sem nenhum poder de concisão, o
discente apenas comentou: "Professor, é impossível diminuir mais este seu textículo."
Há, desse tipo para pior, um monte de tolices! Algumas,
produzidas pelos meus próprios alunos e outras, que ouvi de colegas e amigos. Como aquela, que me foi contada pelo
Professor Fernando Silveira, que, ao corrigir os trabalhos de estudantes de um
curso de “formação pedagógica”, sobre o tema "Humanismo", encontrou a
seguinte pérola:
— O "umanismo
surgil" na "Greça", localidade onde nasceu "Pretão e
Aristote”.
Segundo ele, o
inarredável "zero" fez-se acompanhar da seguinte observação:
— Eu perdôo o humanismo sem h, o surgiu com l,
a Grécia sem o i e com cedilha, e até o Pretão e o Aristote. Mas não perdôo que você chame a Grécia, berço da
democracia, de "localidade".
Como se vê, educação é coisa séria. Mas não precisa ser
triste...
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