MULHER GOZADORA TAVA ALÍ!
Wagner Fontenelle Pessôa
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O tempo passa depressa e a vida passa numa rapidez incrível. Mas, por
outro lado, existem presunções ou ideias preestabelecidas que não parecem
mudar, ao longo do tempo, com igual rapidez. E algumas dessas ideias ou
preconceitos dizem respeito às pessoas que se descasam, pela separação, pelo
divórcio ou pela viuvez.
Sempre ouvi as mulheres
dizerem as mesmas coisas; sobretudo, as separadas ou divorciadas. Porque as
viúvas costumam ser mais retraídas em relação a essa natureza de assunto. Que
homem acha que mulher descasada está sempre disponível, que precisa da ajuda de
algum caridoso para enfrentar suas carências... Enfim, que mulher sozinha não
tem o sagrado direito de sair e divertir-se.
Reclamam mais: que
passam a ser discriminadas nos ambientes e reuniões em que a maioria dos
presentes seja de casais e que, até as antigas amigas, passam a conviver com
elas demonstrando algum desconforto. Não estão reclamando sem motivo, mas o que
muitas não sabem é que isto não acontece só com as mulheres. Os homens
descasados também são vítimas de alguns preconceitos e de ideias equivocadas.
O primeiro desses
equívocos está em pensar que eles saem do casamento feito uns animais no cio e
loucos para cruzar com todas as fêmeas disponíveis no mundo. O segundo, é que
estão muito a fim de entrarem num outro relacionamento imediatamente. E o
terceiro, é que ficarão gratíssimos se algum “caridoso” — embora isto seja uma
tendência mais feminina do que masculina — ajudá-los a encontrar uma nova
parceira, para namoro ou amizade.
Ora, eu havia acabado de
me separar e, precisando encontrar um pouso até decidir o que fazer da minha
vida, aluguei um apartamento num certo condomínio que, naquela época, pareceu
conveniente para as minhas necessidades.
No
edifício, havia uma "porteira" — não daquelas que se abrem e se fecham,
mas daquelas que tomam conta da portaria mesmo — embora esta função seja, em
geral, mais atribuída aos homens. Mas a dona Lúcia era uma das porteiras do
condomínio. A mulher era a antítese do que se pode considerar como sutileza e
discernimento. Grossa, que nem um “elefante dobrado em quatro” e totalmente sem
noção das coisas!
Em poucos dias,
sabendo que eu havia acabado de sair de um casamento, dona Lúcia começou a
tentar arranjar para mim, de qualquer modo, alguma das solitárias que eram
minhas vizinhas no edifício. E como tinha gente separada, divorciada e viúva
naquele condomínio!
Insinuou uma, insinuou
outra e eu me fazendo de desentendido, porque não estava a fim de adotar dona
Lúcia como minha alcoviteira particular. Ela sugeria, num tom meio de
confidência que a “Fulana” do 702 estava a fim, que a “Beltrana”, do 407 havia
perguntado por mim... Mas para ser bem sincero, ela só me arranjava “dragão"!
E, não só por isto, mas por isto também, eu ia me mostrando desinteressado no
assunto.
Mas ela não desistia do seu
propósito e, talvez, pensasse que eu devia ser muito tímido ou meio burro,
porque ela falava, dava os recados e eu não esboçava nenhuma reação. Então,
imagino, resolveu ser mais explícita... Um dia eu ia chegando da rua, já mais
de meia-noite e ela estava de plantão na portaria. Aí me disse:
— Perfume
bom, esse seu, professor!
Respondi qualquer coisa
e ela emendou, na maior caradura:
— Olha... Quando o
senhor quiser, fala comigo, que eu "boto uma mulher jeitosa na sua
mão"...
A falta de noção dela parecia
estar indo longe demais, mas achei que em vez de colocá-la no devido lugar,
seria melhor levar na brincadeira, inclusive porque o elevador chegara e
eu já ia embora mesmo. Então eu disse, para encerrar o assunto: dona
Lúcia, a senhora é uma "gozadora"...
Ela me olhou de um
jeito esquisito e respondeu:
— O senhor nem
imagina quanto...
Como podem perceber os
caros leitores, foi muito pior a emenda que o soneto!
2 comentários
Hahahahahahah,má interpretação.
Professor, o senho r é um Gozador...
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