Estados apresentarão até fevereiro solução sobre interligação do Paraíba do Sul
Os estados de São Paulo, do Rio de
Janeiro e de Minas Gerais deverão apresentar até 28 de fevereiro de 2015 uma
solução conjunta para o problema da falta de água na Região Sudeste, provocada
pela escassez de chuvas. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (27) pelo ministro
do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, após a audiência de mediação com os
governadores dos três estados e órgãos ambientais e de gestão de recursos
hídricos dos governos estaduais e federal.
Fux explicou que os estados já estão
autorizados a fazer licitações e obras necessárias ao implemento do acordo a
ser apresentado. “Já há um consenso, os trabalhos desse acordo técnico já estão
em conclusão e cada estado vai fazer as obras necessárias dentro das suas
peculiaridades e características. As obras podem começar antes de fevereiro,
funcionando de acordo com a lei de licitações. Não é solução de uma questão só
imediata, é a solução prospectiva do problema”, disse.
A decisão do ministro em convocar a
audiência de mediação foi motivada por uma ação do Ministério Público Federal
para proibir os estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais de
concederem autorização para a utilização da água sem que estudos técnicos para
avaliação dos impactos ambientais sejam feitos. A ação diz respeito à captação
de água da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul para alimentar o Sistema
Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo.
Ao analisar o caso, Fux negou pedido de
liminar por entender que não há provas de que o governo de São Paulo está
fazendo obras para captação da vazão da Bacia do Paraíba do Sul. A apresentação
do acordo em fevereiro de 2015 acarretará a extinção de todas as ações e
procedimentos extrajudiciais no âmbito do Ministério Público relacionadas ao
tema.
Segundo o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, as obras necessárias ainda serão definidas pela equipe técnica
do governo. “Estamos confiantes que vamos poder garantir a vazão do Rio de
Janeiro, a interligação de São Paulo e a participação de Minas Gerais. Vamos
nos debruçar para arrematar essas garantias do momento e, para o futuro, dando
melhor aproveitamento dos nossos recursos hídricos”, disse.
O governador do Rio de Janeiro, Luiz
Fernando Pezão, ressaltou ainda que o acordo vai prever também um conjunto de
obras de preservação, como a recomposição das matas ciliares da Bacia do
Paraíba do Sul e de saneamento. “Vínhamos focando em uma parceria com o governo
federal, com recursos para fazer um grande programa de reflorestamento e
tratamento de esgoto na Baixada Fluminense. A Sabesp já vem fazendo o dever de
casa nos municípios do Vale do Paraíba, e queremos ter linhas de crédito para
fazer com cidades que têm serviços próprios, como Resende, Volta Redonda e
Barra Mansa, para cuidar do esgoto e melhorar a condição do Paraíba do Sul, que
abastece 83% da região metropolitana do Rio de Janeiro”, disse.
A proposta do governo de São Paulo é a
interligação do Reservatório Jaguari Paraibano, no Rio Jaguari, da Bacia do
Paraíba do Sul, e do Reservatório Atibainha, do Sistema Cantareira. A ideia é
fazer um sistema de bombeamento de “mão dupla”, assim, quando um dos
reservatórios tiver excedente de água, o volume será enviado para a outra
represa, desde que o volume esteja abaixo de 35% da capacidade de
armazenamento.
O conjunto de cinco reservatórios do
Sistema Cantareira é responsável pelo abastecimento de quase 9 milhões de
pessoas na região metropolitana de São Paulo e apresenta os piores níveis dos
últimos 40 anos. Na quarta-feira(26), o nível das represas caiu para 9,2%% da
capacidade de armazenamento.
Da Agência Brasil.
FA
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