MUITO MAIS DIFÍCIL!
Wagner Fontenelle Pessôa |
Na
época em que a situação econômica andou complicada para o lado dos portugueses,
um jovem mancebo de Lisboa resolveu tentar a sorte no Brasil, como tantos dos
seus patrícios, que vieram para cá e acabaram se dando bem nesta rica terrinha.
Estava casado há pouco tempo, mas, como o futuro e os resultados de sua
tentativa eram incertos, combinou com a sua mulher que viria sozinho. E que,
quando as coisas se estabilizassem, mandaria buscá-la.
Veio e, como a maioria dos
imigrantes que chegam de lá, trabalhou muito e trabalhou duro, economizando
tudo quanto podia, para, mais adiante, estabelecer-se por conta própria, com um
pequeno comércio, que lhe proporcionasse melhores condições de vida, para trazer
a mulher e dar início à sua prole. O sacrifício seria grande e em muitos
sentidos. Mas o jovem casal estava pronto para isto.
Então — antes da partida do navio em
que o gajo comprara uma passagem de terceira classe — marido e mulher passaram
a sua última noite em claro, fazendo amor e aproveitando os últimos momentos
que teriam juntos, antes da longa separação que viria. E, já ao amanhecer do
dia, fizeram, entre si, uma promessa: que, acima e além de qualquer
circunstância, manteriam a fidelidade, um ao outro, até que pudessem
reencontrar-se, fosse qual fosse o tempo de afastamento que precisassem
suportar.
Chegando
ao Brasil, o homem meteu-se a trabalhar e a economizar. Com tal afinco e
perseverança, que, cinco anos depois, finalmente, pode mandar buscar a mulher,
que ficara em Portugal, para reiniciarem a sua vida em comum. E quando ela
chegou, tiveram outra noite de felicidade. A primeira, desde aquela que
antecedera à partida dele para as terras brasileiras. Assim, quando o sol já
começava a mostrar seus primeiros raios, abraçados e exaustos, ele lhe fez uma
confissão:
— Ah, Maria... Tu não imaginas o
quanto foi difícil ficar sem ti, neste país de mulheres bonitas e fogosas. E, além
do mais, manter aquela nossa promessa. Nalgumas vezes eu quase sucumbi ao
desejo. E te digo, com sinceridade, que cheguei a trazer algumas delas, cá para
o meu quartinho, com o risco de quebrar o voto de fidelidade que te fiz. Mas,
quando cá já estava, eu me lembrava de ti, sozinha no além mar, e saía, por
assim dizer, já "de cima da rapariga"!
Os
olhos da portuguesinha brilharam de satisfação e ela, agradecida, o abraçou,
ainda com mais força. Até que o marido lhe indagou, em sentido contrário:
— E tu, Maria? Como conseguiste
suportar a solidão, durante todo este tempo?
Foi quando a mulher, baixando o
olhar, respondeu, com sinceridade:
— Tu não fazes ideia, ó homem, como
"sair debaixo" é muito mais difícil!
Realmente,
isto é algo que qualquer homem de boa vontade deveria entender: sair de cima é
muito mais fácil do que sair de baixo
Um comentário
ha ha ha ha Adorei...Bjs Himani Isha
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