Coluna da semana: EVALDOOOOO!!!!!
Wagner Fontenelle
Pessôa
|
Havia, na antiga TELERJ — que virou
TELEMAR e, depois, se transformou na OI — um funcionário, muito conhecido e até
estimado por todos, ainda que fosse um desses tipos toscos, meio metido a
machão e grosso, "que nem joelho de elefante"! Isto já faz tempo, mas
a história merece ser contada, mesmo assim.
O
Evaldo era um torcedor apaixonado do Flamengo e o seu humor variava, a cada
início de semana, de acordo com o resultado do jogo que o seu time do coração
jogara no domingo anterior. Os colegas sabiam disto e os mais prudentes
evitavam provocações, se, no final da semana, o rubro-negro obtivesse
resultados adversos, não importando que fosse um jogo de menor importância ou
que valesse pontos importantes para algum campeonato.
Mesmo
assim, sempre havia aqueles colegas de trabalho que, sendo o caso, tripudiavam
sobre a derrota do seu clube. O que, invariavelmente, terminava em bate-boca,
troca de ofensas e só não chegava às "vias de
fato", porque, como em todo e qualquer ambiente de trabalho, também existia no escritório da empresa a turma do "deixa disso". E a coisa se encerrava com alguns dias de zanga e nada mais.
fato", porque, como em todo e qualquer ambiente de trabalho, também existia no escritório da empresa a turma do "deixa disso". E a coisa se encerrava com alguns dias de zanga e nada mais.
Houve um final de semana, porém, em
que o Flamengo ia disputar uma partida importante, válida pela classificação de
algum campeonato, que não me lembro agora qual seria. A tensão era grande,
sobretudo porque para o time adversário classificar-se, bastaria um empate. De
tal sorte que, naquela tarde de domingo, diante da televisão, envergando a
camisa do seu clube, o Evaldo gritou, xingou e torceu, aos berros, o quanto
pode. Contra o time que jogava com o seu, a mãe do juiz e dos bandeirinhas e em
apoio às jogadas flamenguistas.
O resultado foi que, no dia
seguinte, chegou ao trabalho completamente afônico, quase sem voz. Com a
garganta irritada, não parava de tossir. Feliz, pela vitória apertada que o
rubro negro obtivera, mas impaciente porque não poderia usufruir do legítimo
direito de curtir aquele sarro sobre os antiflamenguistas.
Mas, como a situação foi piorando
com o passar do tempo, lá pelas 10 horas da manhã, um colega sugeriu que fosse
a uma farmácia, comprar alguma pastilha para a garganta. E que, se a coisa
piorasse, que fosse procurar um médico. E como o prédio da TELERJ ficasse ali
mesmo, no centro da cidade, lá se foi o Evaldo em busca de algum lenitivo, numa
das muitas farmácias que havia por lá.
Entrou numa daquelas mais antigas e,
com bastante dificuldade, disse ao atendente que precisava de uma pastilha boa
para a sua rouquidão. O rapaz rolou aquelas escadas, muito comuns nas farmácias
tradicionais, até um determinado ponto e subiu até alcançar uma prateleira, lá
no alto, que estava lotada dessas pastilhas, de todo tipo e qualidade. Na
dúvida, perguntou lá para baixo, sobre a preferência do cliente:
— É VALDA?!
Reunindo toda a sua capacidade
vocal, que era quase nenhuma, o freguês gritou de volta, demonstrando o seu
estado de absoluta rouquidão e a sua total irritação:
— EVALDOOOOOOO!!!
Se não estivesse se sentindo tão
mal, teria subido naquela escada e metido a mão na cara do atendente da
farmácia. Era só o que faltava, numa altura daquelas, o tipo ainda vir fazer
esse tipo de gracinha com ele!
Como se vê, era um estúpido, esse
tal de Evaldo.
Nenhum comentário
Postar um comentário