Abacaxi aquece economia de SFI



Considerado o maior produtor de abacaxi do estado do Rio de Janeiro, São Francisco de Itabapoana começou no início deste mês mais uma safra, que se estenderá até dezembro. Depois de produzirem nos dois últimos anos mais de 186 milhões de abacaxis, que gerou uma renda superior a R$ 260 milhões apenas para os produtores, além da colheita atual, os agricultores já começam a se preparar para a próxima safra, que, como esta, sofrerá com as consequências da estiagem. As informações foram passadas por Marcelo Erbas, que é agente de desenvolvimento social da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Estado do Rio de Janeiro. Ele informou que, em 2015, o município espera colher cerca de 75 milhões de frutos e gerar mais de R$ 50 milhões, com 1.200 empregos diretos e cerca de 300 indiretos.
— Com a seca, os frutos do abacaxi não se desenvolvem de forma satisfatória. Isso esta fazendo com que os produtores não consigam um bom preço pelo fruto e junto com o baixo rendimento das lavouras, devido ao atraso na colheita, ocasionado pela seca, muitos produtores estão com dificuldades em quitarem os seus financiamentos bancários. E sem conseguir pagar os financiamentos, a produção futura também ficará comprometida, visto que os produtores não terão condições de investir na próxima safra — disse, ressaltando que muitos produtores de abacaxi, também são produtores de cana, o que agrava o problema econômico, já que, neste ano, a cultura, em alguns casos, obteve perda de 70% em relação à safra anterior.
De acordo com Marcelo, SFI possui três mil produtores, sendo que cerca de 600 são de abacaxi. Ele diz que, como a cultura do fruto tem um ciclo de 20 meses, em média, os produtores, que estão concentrados no primeiro e segundo distritos do município, fazem uma “rotação”.
Os técnicos da Emater são responsáveis pela elaboração e execução de políticas voltadas para o meio rural, através da participação de todo o processo da produção — desde a orientação sobre o que e onde plantar —, passando pela elaboração de projeto de financiamento agrícola, forma adequada de plantio, manejo e colheita, até a comercialização.
Outras culturas — A Emater-RJ ressalta que SFI se encontra em destaque também na produção de cana
e maracujá, ambos em segundo lugar na produção no Estado; aipim, mandioca e urucum, que estão em primeiro lugar. Além de ser o 7º produtor de leite no Estado.
Alta do dólar e estiagem vão reduzir lucros
A alta do dólar e a estiagem, que começou desde o ano passado, prometem reduzir o lucro dos produtores de abacaxi de SFI. Há 20 anos como agricultor, Amaro Jorge Monteiro, 45 anos, disse que a maioria dos materiais utilizados na manutenção das colheitas é comprada a partir do dólar. Um saco de adubo que há dois meses custava R$ 70, atualmente é adquirido por R$ 94. Em relação à seca, o agricultor considera que a plantação vive a pior dos últimos anos, o que tem refletido no bolso dos produtores. “O preço está muito baixo. Estamos tirando o dinheiro que investimos, sem nenhum lucro”, disse, ressaltando que um lago que fica próximo da sua plantação, de cerca de quatro hectares, secou.
De acordo com Amaro, que conta com 15 trabalhadores no período de plantio e três no período de pulverização, a maioria da produção vai para fora do município. Ele cita diversas cidades do estado de São Paulo, Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Curitiba, no Paraná, como principais destinos dos abacaxis.
O agricultor diz também que nunca recebeu nenhum tipo de auxílio oriundo da Emater-Rio.
Outros setores são beneficiados
A safra do abacaxi é responsável por movimentar tanto as rodovias estaduais que cortam o município quanto à economia. São, principalmente, beneficiados os postos de gasolina, que recebem os caminhoneiros de várias partes do Brasil, e as barracas localizadas às margens da RJ 224 (Travessão de Campos - SFI).
Há dois anos trabalhando como frentista Yasmin Cerqueira Machado, 21 anos, considera que o movimento aumenta significativamente nos períodos de safra. “O posto nesta época do ano fica frequentemente cheio, sobretudo de caminhoneiros que vêm do Sul e Nordeste do país”, relata.
Já o vendedor de uma das diversas barracas localizadas no trecho da RJ 224, altura da localidade de Imburi, Valdeir Oliveira, 23 anos, diz que os turistas, que frequentam SFI, nos períodos de calor, sempre procuram abacaxi, pois “consideram o nosso fruto mais gostoso e doce”. Ele diz que, normalmente, o preço do abacaxi aumenta no início da safra, mas diminui no final.Reportagem: Folha na Foz/Folha da manhã online.

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