OAB decide apoiar faxineira que comeu o bombom do delegado da PF
Advogados alertam que Polícia Federal pôs em jogo o
interesse pela dignidade humana
A
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Roraima decidiu acompanhar e dar apoio à
mulher autuada pela Polícia Federal porque comeu um bombom de chocolate que
estava na mesa do delegado Agostinho Cascardo.
A
faxineira de uma empresa terceirizada que presta serviços na sede regional da
PF em Boa Vista, está "bastante assustada, envergonhada", afirma o
presidente da OAB no Estado, Jorge Fraxe. A entidade vai pedir à PF cópia do
procedimento que teria sido instaurado contra a mulher, de 32 anos, quatro
filhos.
O
caso ocorreu no dia 30 de setembro. Câmeras de segurança interna do prédio da
PF registraram o momento em que a faxineira comia a guloseima do delegado
Cascardo, que é corregedor da corporação em Roraima. Na OAB, onde pediu apoio,
ela disse que pegou e comeu apenas um bombom da caixa que estava na mesa do
delegado.
A
mulher afirma que "não agiu com a intenção de cometer furto e jamais
pensou que pudesse ser processada por algo tão insignificante".
A
Associação Nacional dos Delegados da PF em Roraima informou que não foi aberto
inquérito contra a mulher. A entidade destacou, ainda, que a faxineira não foi
autuada em flagrante. A OAB designou o advogado Abdon Neto para acompanhar o
caso.
"Pedimos,
por meio de ofício, a documentação elaborada pela polícia sobre o caso, pois é
público. A mulher foi atendida por mim e pelo advogado nomeado pela OAB em
Roraima. Analisaremos o procedimento para nos manifestarmos
posteriormente", disse Jorge Fraxe.
O
presidente da OAB em Roraima repudiou a atitude do delegado que, em sua
avaliação, agiu de forma "desproporcional". "Se ele (delegado)
tivesse se sentido lesado, a apuração teria que ocorrer no âmbito da Polícia
Civil, porque a zeladora não é servidora da Polícia Federal e não tem foro
especial. Usar a estrutura da PF contra essa moça é um absurdo, é
desproporcional e desnecessário", afirmou Fraxe.
O
que está em jogo, de acordo com Fraxe, é "o interesse pela dignidade
humana, a valorização das pessoas". "Quando um cidadão comum sofre um
dano tão cruel à sua dignidade, como nesse caso, a OAB não pode deixar de
prestar todo o apoiamento que a vítima necessita. Ela não estará desamparada em
momento algum, podem ter certeza disso", afirmou.
Defesa
Em
nota sobre o caso, a Diretoria Regional da Associação Nacional dos Delegados de
Polícia Federal em Roraima (ADPF/RR) afirma que "nenhum inquérito policial
foi instaurado, não houve autuação de flagrante ou de qualquer procedimento
investigatório de natureza criminal".
"Na
ocasião, simplesmente se observou os protocolos e as normas internas do
Departamento de Polícia Federal ao promover o registro de ocorrência, cujo
conhecimento foi dado à empresa prestadora de serviços terceirizados contratada
pela Superintendência Regional no Estado", finaliza a nota. fonte:
Estadão Conteúdo
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