Sistema Agroflorestal em São Francisco de Itabapoana
O
programa Rio Rural, da secretaria estadual de Agricultura, executado pela
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro
(Emater-Rio), em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a
Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), promoveu, na última semana, a
I Capacitação de Produtores para a implantação do Sistema Agroflorestal (SAF)
nas sete microbacias hidrográficas de São Francisco de Itabapoana: Tipty, Brejo
da Cobiça, Batelão, Rio Guaxindiba, Floresta, Baixa do Arroz e Caldeirão, no
Norte do estado.
O
evento aconteceu na Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba e reuniu cerca de
50 pessoas, entre produtores e familiares, que assistiram a palestras e vídeos
e participaram de visitas de campo.
Os
sistemas agroflorestais são modelos ecologicamente corretos de exploração do
solo que constituem uma importante alternativa de uso sustentado do
ecossistema. “Estamos realizando esta capacitação sobre Sistemas Agroflorestais
para levar aos produtores técnicas sobre o correto manejo do solo. O Rio Rural,
que é o programa que promove o desenvolvimento sustentável, apoia esse
incentivo ao agricultor e as boas práticas ambientais”, frisou o engenheiro
agrônomo Herval Fernandes Lopes, gerente técnico estadual de Projetos
Sustentáveis da Emater-Rio.
No
primeiro dia de capacitação, o solo foi o principal tema de discussão, com
ênfase na preservação da floresta e sua biodiversidade. Os participantes percorreram
a trilha da reserva ecológica para avaliar, in loco, o que foi abordado nos
vídeos e palestras. “Estamos aproveitando a oportunidade para trabalhar os
indicadores de sustentabilidade de solos”, completou Herval. Durante a visita,
os participantes puderam avaliar, por meio de notas, a condição dos solos da
região.
Temas
como Mata Atlântica de Tabuleiro e classificação botânica de espécies da
floresta também foram discutidos no
primeiro dia do evento. Outro ponto
abordado foi a importância do Sistema Agroflorestal para os produtores. Segundo
o professor do Laboratório de Ciências Ambientais da Uenf Marcelo Trindade
Nascimento, a troca de experiências e o conhecimento adquirido pelos
agricultores foram essenciais para o desenvolvimento do SAF na região.
—
Essa capacitação veio complementar informações que o próprio produtor já tem,
mas muitas vezes não coloca em prática no dia a dia. Uma delas é a atividade do
reflorestamento. Por isso estamos aqui para dar ao produtor a ideia de um
plantio correto, através do sistema SAF. É importante pensar nisso hoje como
recuperação de área, melhorando todo o entorno e a qualidade de vida de seus
habitantes — frisou.
Casos
de sucesso já registrados no estado
Por
meio do Sistema Agroflorestal, é possível gerar renda em equilíbrio com o
ambiente e de acordo com princípios ecológicos. Em Engenheiro Paulo de Frontin,
no Sul Fluminense, o agricultor João Bezerra, 65 anos, apostou nessa ideia por
conta própria e hoje colhe os frutos de seu trabalho.
Há
16 anos, ele plantou o primeiro palmiteiro pupunha em sua propriedade, na
microbacia Rio Sacra Família. Hoje, o sítio é uma referência para os pequenos
agricultores da região. No local, além do palmito, João produz as mais variadas
frutas, entre muitos outros cultivos.
Hoje,
o agricultor gera mais renda com o SAF do que com sua própria aposentadoria.
Ele comercializa produtos em feiras e para compradores locais.
Reflorestamento
é meta para agricultores
O reflorestamento já é uma preocupação dos agricultores, que contam com o SAF para recuperar o solo e garantir boas plantações. “Por um bom tempo, ocorreu desmatamento irregular. Tudo foi ficando devastado, principalmente por conta das lavouras de cana-de-açúcar. Por isso é importante o reflorestamento promovido pelo programa Rio Rural nas nossas reservas. Quero investir na avicultura e na mata nativa”, disse o produtor Janito Gomes de Souza, 69 anos, da microbacia Brejo Grande.
O reflorestamento já é uma preocupação dos agricultores, que contam com o SAF para recuperar o solo e garantir boas plantações. “Por um bom tempo, ocorreu desmatamento irregular. Tudo foi ficando devastado, principalmente por conta das lavouras de cana-de-açúcar. Por isso é importante o reflorestamento promovido pelo programa Rio Rural nas nossas reservas. Quero investir na avicultura e na mata nativa”, disse o produtor Janito Gomes de Souza, 69 anos, da microbacia Brejo Grande.
Outro
produtor que aposta no programa é Paulo César Petrucci, 68 anos, do Pingo
D’água. Com 3,4 hectares de terra, ele se preocupa com a preservação do solo e
principalmente da água. “Estamos passando por uma crise hídrica e é quase
impossível realizar melhorias na propriedade. Atualmente planto aipim, abacaxi
e tenho que ter água suficiente para o plantio, além da mata ciliar. O programa
Rio Rural é uma ação positiva para todos os produtores rurais”, avaliou.
No
segundo dia da capacitação, a regeneração do solo e da mata foi um dos
destaques. Mais uma vez os participantes puderam visitar o campo e ver de perto
os vários estágios de regeneração natural da floresta. “Estou participando do
SAF para fazer o reflorestamento da mata ciliar da propriedade de minha
família. Adquiri o benefício e agora quero trabalhar de forma correta para que
essa ação possa render bons frutos”, disse Paulo Henrique Caldeira Rosa, 45
anos, da microbacia Brejo Cobiça, funcionário público e filho de produtor.
Outro
produtor preocupado com a preservação do solo e da água é Luiz Carlos Macedo,
54 anos, do Caldeirão. Segundo ele, é importante que os produtores se adéquem à
legislação. “Atualmente trabalho no plantio de abacaxi, aipim, maracujá e
também com horticultura. Queremos trabalhar de forma correta, para que possamos
viabilizar nossa permanência no programa”, concluiu.
Geração
de renda e conservação ambiental
O
SAF possibilita a integração das florestas com a agricultura, conciliando a
geração de renda para o pequeno agricultor com a conservação ambiental.
Trata-se de um sistema de produção que combina o plantio de espécies
diversificadas, de valor econômico, e o cultivo de árvores florestais, em uma
mesma área. As vantagens do SAF são muitas. Ele possibilita o acréscimo de
matéria orgânica e retenção de água no solo, o aumento da biomassa e do carbono
fixado nas áreas de cultivo. Ao proporcionar maior equilíbrio ambiental e a
manutenção da biodiversidade, funciona como uma proteção natural contra pragas
e doenças.
Do
ponto de vista econômico, os principais benefícios são a melhoria do sistema
produtivo, maior resistência aos períodos de estiagem e a diversificação da
produção, permitindo ao agricultor ter sempre produtos para comercializar. Além
disso, o SAF é uma importante forma de garantir alimentos de qualidade durante
todo o ano também na mesa das famílias rurais.
O
Programa Rio Rural, da secretaria de Agricultura do Estado, incentiva a
implantação de sistemas agroflorestais. Desde 2008, o programa Rio Rural já
investiu R$ 379 mil na implantação de 216 sistemas agroflorestais.
O
sistema pode ser implantado em qualquer região, com ou sem a presença de
animais, respeitando as áreas próprias para a agricultura. De acordo com o
manejo selecionado para cada SAF, é possível combinar espécies agrícolas,
frutíferas, florestais ou arbustivas. (A.N.)
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