Entrevista com Pedrinho Cherene “Pegamos um município falido”

Candidato à reeleição, o prefeito Pedrinho Cherene (PMDB) conseguiu formar o maior arco de aliança partidária em São Francisco de Itabapoana: são 18 legendas. Cherene destaca ter conseguido reunir em seu palanque as principais lideranças do estado, de correntes distintas. Tem o apoio do seu partido e também do PR, presidido por Anthony Garotinho, que diz ver no PMDB o maior inimigo na disputa deste ano. Apesar de uma das candidaturas de oposição ter nascido do seu grupo político, ele diz que não “sofreu baixas com a saída de quem quer que seja”. Em entrevista por e-mail, o prefeito defendeu avanços em várias áreas durante a sua gestão, mas que também houve erros e, se preciso, fará mudanças, caso seja reeleito.

Folha da Manhã – Como você analisa o cenário eleitoral com três nomes, fato que não acontece no município desde 2004, quando disputaram Pedro Cherene, Leonardo Terra e Walter Junior? Você acredita que isso tende a dividir os votos da oposição, cerca de 11 mil no último pleito, ou o fato desse terceiro nome ser um ex-aliado, Marcelo Garcia (PSDB), pode de certa maneira atingir sua candidatura?
Pedrinho Cherene – Analiso com muita tranquilidade. Mas é importante destacar que o cenário de hoje é completamente diferente de 2004. Muita coisa mudou no processo eleitoral e nas regras de campanha. Quanto aos votos de oposição eu acho que essa possibilidade de divisão pode ocorrer sim. Mas é importante destacar que em nenhum momento a nossa candidatura sofreu baixas com a saída de quem quer que seja. Ao mesmo tempo em que algumas pessoas saem, outras entram; outras saem e retornam. Isso é natural em uma campanha eleitoral.

Folha – Você mantém uma base de apoio composta por 18 partidos, alguns que inclusive não caminharam como você em 2012, exemplos do PR e do próprio PMDB. Isso pode representar, caso reeleito, uma grande reforma no seu estafe administrativo, que teve poucas mudanças nesses primeiros quatro anos?
Pedrinho – Uma base de apoio com 18 segmentos partidários indica que diferentes frentes apoiam a nossa forma de governar. Ninguém reúne uma base dessas do nada. Construímos um ambiente sólido em um município que passou recentemente por muitos escândalos na área política e que nos foi entregue completamente falido. A sociedade sanfranciscana está enxergando isso. Mas é claro que também houve erros e se for preciso mudar alguns setores, faremos isso.

Folha – A sua coligação é a que tem o maior arco de aliança e, consequentemente, o maior número de candidatos a vereador (116). Na campanha, isso é um diferencial? E com relação ao número de cadeiras na Câmara, quantas seu grupo pretende alcançar?
Pedrinho – É claro que faz diferença você ter nas ruas mais pessoas propagando o seu nome e os aspectos positivos de sua administração. São lideranças e militantes que acreditam nas propostas que temos para São Francisco continuar avançando. Quanto ao número de representantes na Câmara, estamos trabalhando para obter o maior número de cadeiras possível. Os nossos partidos reúnem excelentes candidatos e acreditamos que teremos um legislativo com qualidade em 2017.

Folha – Neste mandato, você chegou a ter apoio de 12 dos 13 vereadores. No entanto, uma das candidaturas de oposição saiu da Câmara: seu líder na Casa até abril, Marcelo, é candidato a prefeito com o vereador Fabinho do Estaleiro (PDT), também governista até este ano, como vice. Como você acompanhou esse movimento?
Pedrinho – Foi uma saída repentina e que causou estranheza em muita gente. Muitos perguntaram: “por que isso aconteceu poucos dias antes de ter início o período eleitoral?”. Mas é preciso respeitar a decisão de cada um e é o que estou fazendo. Cada um que lute por seus ideais e eu tenho os meus.

Folha – Você deixou o PSC e foi para o PMDB compor o alto número de prefeitos do partido que concorre à reeleição com apoio do governo do Estado. Hoje, sob comando de Francisco Dornelles (PP), o governo está desgastado. Como aconteceu essa mudança partidária? E atualmente, o apoio do
Estado dá ou tira voto?
Pedrinho – O ambiente nosso de campanha é pautado nas nossas realizações. Então nós procuramos explorar isso da melhor maneira possível, sem que haja qualquer tipo de associação. Quanto aos convênios, temos com o governo do Estado, e também com o governo Federal que sofre o mesmo processo de desgaste. Mas o que a gente foca é sempre pensando no melhor para São Francisco. Se o país hoje está em crise, o Estado também está. Mas acreditamos em uma retomada do crescimento econômico e em dias melhores para a nossa cidade.

Folha – Em sua gestão, algumas obras em parceria com o Estado foram realizadas, como a Clínica da Família, por exemplo. No entanto, com a crise, o que aconteceu com outras construções em parceria, como a urbanização da orla de Santa Clara?
Pedrinho – A obra da orla em Santa Clara já foi executada em 60%. Este processo de obras suspensas está acontecendo em todo país, não é uma exclusividade de São Francisco. Mas, como já disse, acreditamos na retomada da economia e com isso vamos continuar avançando com as obras que já foram iniciadas e ainda com muitas outras que virão.

Folha – A ponte da Integração (entre SJB e SFI) é uma obra do Estado que está parada. Qual a importância dessa ponte para o município? Como prefeito, o que tem feito e como pretende proceder, caso reeleito, para conclusão dessa construção?
Pedrinho – A ponte da Integração é de extrema importância para a economia regional e até mesmo nacional, já que estará interligando não só dois municípios, como também dois grandes empreendimentos vizinhos que é o Açu e o Porto Central. Já conversei com o governador Dornelles sobre o assunto e ele me garantiu que a ponte é irreversível. Mas o momento realmente é delicado financeiramente falando. O que temos que fazer é continuar vigilantes e cobrar a retomada da obra assim que for possível.

Folha – São Francisco tem uma extensa faixa litorânea e, apesar de estar em uma região produtora de petróleo, é considerado limítrofe. É uma luta antiga elevar o município à condição de produtor. Caso reeleito, o que fará nesse sentido?
Pedrinho – Essa é uma luta que travamos continuamente e que vamos continuar em 2017. É uma injustiça histórica com São Francisco de Itabapoana e eu creio que em algum momento vamos sair vitoriosos. Acho que é uma questão de tempo. Mas não podemos ficar apenas contando com isso. Temos que buscar alternativas, outras fontes de desenvolvimento para gerar emprego e renda para nossa população.

Folha – A Saúde está sempre entre as maiores preocupações da população em todas as cidades. Como prefeito e médico, como avalia Saúde em São Francisco e o que pode ser feito para melhorar?
Pedrinho – Nós temos hoje a melhor equipe técnica e de especialistas que esse município já viu. Mas sabemos que quando se trata de saúde nunca é suficiente, principalmente em um município rural e de grande extensão territorial. Manter postos de saúde funcionando em uma região extensa e de pouco adensamento populacional é um grande desafio. É uma estrutura cara e onerosa que exige muito pulso firme e controle financeiro para administrar. Mesmo assim, em parceria, conseguimos melhorar e ampliar nossa rede de atendimento. Um exemplo é nosso projeto de Distrito Sanitário que já está funcionando em algumas regiões do município. É um projeto que privilegia a saúde preventiva e reúne em uma mesma região polos do PSF (Programa Saúde da Família), academia da saúde e posto de urgência 24 horas. Nossa meta é continuar avançando e levar a saúde para cada vez mais perto das pessoas. Não há como citar aqui todos os nossos projetos para a área de saúde, mas é só consultar nosso plano de governo e conferir que são propostas sólidas para mudar pra melhor a vida do cidadão sanfranciscano.

Folha – A agricultura, a pecuária e a pesca são fortes vocações do município. Caso reeleito, o que será feito para fomentar essas atividades?
Pedrinho – A agropecuária é a nossa principal base de sustentação econômica e pretendemos investir fortemente no setor. Vamos investir em cursos profissionalizantes voltados para os agricultores e seus familiares, buscando também promover uma maior diversificação de culturas. Também pretendemos criar um mercado municipal e levar as feiras itinerantes para nosso litoral, principalmente no período de alta temporada. Pretendemos ainda atrair e estimular a instalação de pequenas indústrias de processamento e beneficiamento de nossas frutas para evitar muitas perdas que hoje acontecem. Quanto à pesca, vamos criar uma secretaria específica para o setor e resgatar uma dívida histórica que o município tem com os pescadores, além de muitos outros investimentos que estão previstos em nosso plano de governo.

Folha – O município de São Francisco está localizado entre cidades portuárias, São João da Barra e Presidente Kennedy. Como preparar o município para o crescimento regional e para capacitar seus moradores a aproveitar as oportunidades desses empreendimentos?
Pedrinho – Na verdade nós já estamos em pleno processo de preparação. As ampliações nas áreas de saúde e educação já são com este foco. Também estamos investindo em diversos cursos profissionalizantes com objetivo de formar mão de obra específica para atuar neste mercado de trabalho. Além disso, acredito que faremos parte de um grande corredor logístico e temos que discutir os impactos que isso irá provocar. Temos que tomar muito cuidado para não ficarmos apenas com o ônus desses empreendimentos e estamos atentos a isso. Vamos propor a criação de uma espécie de consórcio entre os municípios envolvidos nesta questão para que possamos trabalhar com demandas e soluções conjuntas e com isso promover o desenvolvimento regional, sem prejuízos para nenhum município.

Folha – Na eleição de 2014, você apoiou o candidato a governador Anthony Garotinho (PR) no primeiro turno. No segundo, manteve certa descrição, mas declarou apoio a Luiz Fernando Pezão (PMDB) na reta final. Já era uma sinalização da sua mudança partidária?
Pedrinho – Não havia nenhuma previsão de mudança naquele momento. Mas eu costumo analisar cuidadosamente cada passo e o contexto político que se apresenta. Então foi o que fizemos depois, deixando claro que procuramos visar principalmente o bem coletivo.

Folha – O apoio da família Garotinho é amplamente disputado em São Francisco. Em 2012, você chegou a usar em material de campanha que era “o verdadeiro candidato” dos Garotinho. Hoje, você e Marcelo anunciaram que são apadrinhados pela família. Qual o peso desse apoio em São Francisco? Você está no PMDB, partido que Garotinho diz ser seu maior inimigo. Isso poderia prejudicar sua relação com seu partido?
Pedrinho – Primeiramente, a nossa relação com o partido é tranquila e sólida. Quanto à família Garotinho, eu sou muito grato pelo apoio que recebi em 2012 e que continua agora, em 2016. Wladimir participou de nossa convenção e reiterou este apoio, ou seja, eu hoje tenho o apoio de dois segmentos partidários que reúnem grandes lideranças.

Folha – Em reportagem do jornal O Globo, do ano passado, foi apontado que 15,6% dos moradores de São Francisco vivem na extrema pobreza — o pior índice do estado. O município já demonstra avanços nas questões sociais a ponto de mudar tal cenário?
Pedrinho – Não tenho dúvidas disso. Nossos avanços foram significativos, principalmente na geração de emprego e renda que resultou inclusive em uma premiação internacional. Na área de educação, pela primeira vez o município superou as metas do Ideb e tenho certeza que se houver uma nova verificação vamos atingir metas ainda melhores. Estamos identificando diversas áreas de vulnerabilidade social e paralelamente desenvolvemos projetos para mudar esta realidade. Nossa meta é ampliar este trabalho e atingir quase que a totalidade dessas famílias com projetos e programas sociais.

Folha – Nos rankings mais recentes sobre a transparência na gestão pública, São Francisco figura as últimas posições. A ausência de um Portal da Transparência com atualização constante corrobora para tal fato. Por que o município ainda não tem um Portal da Transparência atualizado? Pretende mudar isso, caso reeleito?
Pedrinho – Bom, primeiro é importante esclarecer que este ranking que você se refere é em relação a uma verificação que foi feita em 2015, quando ainda estávamos implantado o Portal da Transparência. A implantação do Portal é muito recentemente e temos noção que pode ser melhorada. É uma ferramenta nova que estamos aprendendo a lidar ainda. Mas quero esclarecer também que os dados estão sendo atualizados sim. Então, você pode ter certeza de que se houver uma nova verificação agora nós vamos figurar em posições bem melhores. Ainda falando sobre ranking, recentemente foi publicado na Folha de S. Paulo, o ranking das cidades que são eficientes em Saúde e Educação, e São Francisco figura na posição de cidade eficiente.
Reportagem: Arnaldo Neto, Suzy Monteiro e Alexandre Bastos


3 comentários

Anônimo disse...

pegou sim município falido mas so q vc prefeito esta deixano mais ainda ,primeiro veio seu pai pra acabar com o turismo turistas mineros traziam dinheiro gerando trabalho pra todos hj e vc q acaba com o resto,porq vc não coloca aqueles carros sucatiados enfrete da prefeitura como fez no começo não tenho rabo preso pois trabalho muito bem embacado , desde já agradeço carlos Jorge pele publicaçao

Anônimo disse...

Vai reproduzir também a entrevista de Francimara a Folha da manhã?

Anônimo disse...

Só Pedrinho para salvar são Francisco de itabapoana mesmo!
Pois se depedender de Barbosa. Ops: francimara são Francisco vai virar cidade fantasma..nao vai ter nada