2 vereadores presos pela Policia Federal em Campos

Vereador Miguelito

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (19/10) a Operação Chequinho, onde oito pessoas, entre elas os vereadores Miguelito (PSL) e Ozéias (PSDB), foram presas. A esposa de Miguelito foi conduzida coercitivamente para prestar depoimento. 

A ação é um desdobramento da Operação Vale Voto, onde foram presas a então secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Ana Alice Ribeiro Lopes e a coordenadora do programa Cheque Cidadão, Gisele Koch Soares.

As prisões aconteceram logo nas primeiras horas da manhã e os presos foram encaminhados inicialmente à Delegacia da Polícia Federal em Campos. Após prestar depoimento, os dois vereadores serão encaminhados ao Presídio Masculino Carlos

Tinoco da Fonseca. A PF apurou que os dois recolheram pessoalmente documentos de pessoas para serem incluídas no programa Cheque Cidadão, sem que passassem pelos critérios de avaliação, em troca de votos. Miguelito chegou a acenar para imprensa e fazer sinal de positivo no pátio da Polícia Federal, para onde foi levado assim que foi preso.

As outras seis pessoas presas seriam aliciadores, que ofereceriam o cheque às pessoas em troca de votos. As pessoas envolvidas no esquema que estão colaborando com a investigação da PF podem ter a prisão revogada, segundo informações do delegado Paulo Cassiano. Ainda de acordo com o delegado, até uma pessoa morta foi cadastrada ilegalmente no programa.

COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA

Os vereadores, através de lideranças de bairros, como diretores de Unidades Básicas de Saúde (UBS), por exemplo, aliciavam pessoas que estivessem interessadas em receber o Cheque Cidadão. Esses intermediários recolhiam os documentos dos beneficiados e encaminhavam diretamente para a Secretaria de Desenvolvimento Humano, sem passar pela análise socioeconômica do Serviço Social. No caso dos vereadores presos nesta quarta, ambos teriam recolhido os documentos pessoalmente, no caso de Miguelito, documentos foram entregues inclusive no gabinete dele, na Câmara de Vereadores.

INVESTIGAÇÃO

Essa foi mais uma etapa da operação Vale Voto, e a Polícia Federal deve realizar outras, já que segundo o delegado, as investigações ultrapassaram os 39 candidatos denunciados a princípio pelo Ministério Público.

A DENÚNCIA

A Promotoria de Justiça junto à 76ª Zona Eleitoral distribuiu, no dia 17 de setembro ações contra 37 candidatos a vereador em Campos. Todos fazem parte da coligação que apoiava a candidatura à sucessão do atual governo, tendo alguns deles ocupado cargos em comissão no poder executivo municipal, incluindo ex-secretários municipais. Dias depois, outros dois candidatos foram denunciados, elevando o número de investigados para 39.

O Ministério Público Eleitoral obteve diversos documentos que comprovam que os candidatos envolvidos no esquema tinham acesso a quantidades variadas, de acordo com sua influência política no grupo, de Cartões do Cheque Cidadão entregues pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social para distribuição em seu reduto eleitoral, entre os eleitores que se comprometessem a, em troca, favorecê-los com o voto.