Em crise, prefeituras fluminenses ameaçam decretar estado de calamidade
Na semana passada, às escuras, a sede da prefeitura de
Sapucaia, no Sul Fluminense, permaneceu fechada por três dias. O blecaute não
foi provocado por tempestade ou problema no sistema elétrico. A luz foi cortada
por falta de pagamento. Este ano, outros 19 municípios como Cabo Frio, Barra
Mansa, Queimados, Itaguaí e Rio Bonito passaram pela mesma situação. A Light e
a Ampla, concessionárias de energia no estado, disseram nesta quinta-feira
(20/10) que a situação pode piorar. Cerca de 30 cidades fluminenses estão
inadimplentes e, segundo as administrações, têm dívidas superiores a R$ 80
milhões com as duas concessionárias de energia, a Light e a Ampla.
A crise pode levar as prefeituras a decretar
coletivamente estado de calamidade financeira. O movimento foi iniciado esta
semana no Rio, durante encontro na sede da Associação Estadual de Municípios do
Rio de Janeiro (Amerj), no Flamengo. O atraso no pagamento da conta de luz é
apenas um detalhe na lista de problemas de cidades fluminenses. O estado tem 92
municípios e, com exceção do Rio, quase todos enfrentam dificuldades.
Assim como ocorre na crise estadual, as cidades tiveram
queda acentuada na arrecadação e redução dos recursos referentes aos royalties
de petróleo. Dezenas de convênios que previam repasses do governo para as
prefeituras também foram suspensos. A situação é descrita por prefeitos como
dramática em todas as áreas, principalmente na educação e na saúde.
Na Baixada Fluminense, salários dos servidores estão
sendo pagos com atraso em Duque de Caxias, Belford Roxo, Nova Iguaçu e São João
do Meriti, segundo levantamento do Sindicato dos Profissionais de Educação
(Sepe). "Os servidores de Caxias entraram em greve após a prefeitura
anunciar o parcelamento dos salários. Na educação, seis mil profissionais
cruzaram os braços. Amanhã (hoje) teremos uma assembleia para decidir se
voltamos ou não ao trabalho", afirmou Thays Rosalin, coordenadora
geral do Sepe-Caxias.
Prefeito de Sapucaia e presidente da Amerj, Anderson
Zanon diz que a situação é insustentável. Uma das preocupações é o combate ao
mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, chikungunya e zika. Com exceção
da capital, todas as cidades relatam dificuldades após o estado deixar de
repassar recursos necessários para a saúde. "O combate ao mosquito já está
sendo afetado. Temos problemas para manter os serviços do Samu e não há
recursos para as UPAs, que podem fechar até o fim do ano", afirmou
Zanon. Fonte: O Globo
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