Professores poderão ter reajuste de 7.5% no piso salarial
O Ministério da Educação (MEC) deve anunciar nesta quinta-feira (12/01)
o índice de reajuste do piso salarial dos professores de 2017 que, de acordo
com cálculos de entidades educacionais, deverá ser de aproximadamente 7,5%. Com
isso, o menor salário a ser pago a professores da educação básica da rede
pública deve passar dos atuais R$ 2.135,64 para um valor entre R$ 2.285 a R$
2.298. Uma reunião com representantes dos estados, municípios e trabalhadores
para discutir o assunto está marcada para amanhã. O encontro chegou a ser
cancelado, mas foi confirmado na noite desta quarta-feira (11/01).
O piso
salarial dos docentes é reajustado anualmente, seguindo as regras da Lei
11.738/2008, a chamada Lei do Piso, que define o mínimo a ser pago a
profissionais em início de carreira, com formação de nível médio e carga
horária de 40 horas semanais. Pela lei, o anúncio do reajuste deve ser feito
sempre em janeiro. O ajuste deste ano deverá ficar 1,2 ponto percentual acima
da inflação de 2016, que fechou em 6,29%.
A reunião é
a primeira do ano do Fórum Permanente para Acompanhamento da Atualização
Progressiva do Valor do Piso Salarial Nacional, criado em 2015 com o objetivo
de discutir formas mais sustentáveis de pagar os professores. O Fórum é
composto por representantes do MEC e por entidades como o Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação (Undime) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
(CNTE).
CRISE
Para estados e municípios, em um contexto de crise orçamentária, o
reajuste vai pesar nas contas. “Hoje, no Brasil, a grande dificuldade dos
estados é conseguir responder às obrigações correntes. Temos pelo menos 15
estados que estão apresentando dificuldade para pagar os salários correntes,
alguns precisam de renegociação de dívida com o governo federal”, afirma o
diretor institucional do Consed, Antônio Neto. “Os estados estão apresentando
dificuldade a qualquer tipo de reajuste do servidor público. Essa questão está
diretamente ligada à dificuldade na arrecadação”.
Nos municípios, a situação é semelhante. “Nos dois últimos anos essa
questão foi bastante complicada para os gestores municipais. O piso tem
crescido, desde a criação, em velocidade maior que a inflação e maior que o
crescimento real do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação]”, diz o presidente da
Undime, Alessio Costa Lima. Segundo ele, os municípios deverão apostar na gestão
e reorganização das redes de ensino para cumprir o pagamento mínimo.
Para a CNTE,
é preciso um esforço dos entes para garantir a qualidade da educação. “Precisa
de muita determinação e muito compromisso com a educação por parte dos gestores
públicos para entender que não vai ter educação de qualidade se não tiver
professores e funcionários trabalhando com um salário decente. O reajuste deve
ocorrer mesmo com toda a crise que possa estar acontecendo”, defende o
presidente da confederação, Roberto Franklin de Leão.
NOVAS REGRAS
Nem estados e nem municípios negam a importância do reajuste a da
valorização dos professores, fundamentais para a melhoria da qualidade da
educação. Os gestores defendem, no entanto, uma revisão da
lei do piso, para
que haja critérios de reajuste "mais factíveis" aos entes e que
permitam um reajuste também para o restante da carreira.
A lei
vincula o aumento à variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno definido
no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação (Fundeb). Pela lei, os demais níveis da carreira
não recebem necessariamente o mesmo aumento. Isso é negociado em cada ente
federativo.
“Defendemos
o piso nacional, mas defendemos um mecanismo que seja compatível e tenha
sustentabilidade financeira. Algumas possibilidades foram discutidas, mas o
cenário econômico é outro e requer sentar à mesa e chegar a um reajuste
compatível com a economia”, diz Lima. “Se não estabelecermos fontes claras de
financiamento para que possamos organizar a educação do Brasil poderemos perder
o bonde da história”, acrescenta Neto.
Já a CNTE
defende a manutenção das regras atuais, que favorecem ganhos reais aos
professores e a valorização desses profissionais. "De jeito nenhum vamos
levar à reunião alguma proposta de mudança da lei”, diz Leão.
VALORIZAÇÃO
Em 2009,
quando a Lei do Piso entrou em vigor, o pagamento mínimo para professores
passou de R$ 950 para R$ 1.024,67, em 2010, e chegou a R$ 1.187,14 em 2011. No
ano seguinte, o piso passou a ser R$ 1.451. Em 2013, subiu para R$ 1.567 e, em
2014, foi reajustado para R$ 1.697. Em 2015, o valor era R$ R$ 1.917,78. Na
série histórica, o maior reajuste do piso foi registrado em 2012, com 22,22%.
No ano passado, o reajuste foi de 11,36%.
Apesar do
crescimento, atualmente, os professores recebem o equivalente a 54,5% do
salário das demais carreiras com escolaridade equivalente. A melhoria da
remuneração dos professores faz parte do Plano Nacional de Educação (PNE), lei
que prevê metas para a educação até 2024. Até 2020, os docentes terão que ter
rendimento equiparado ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente.
Fonte
Agência Brasil
Um comentário
Por aqui ainda não vimos o reajuste referente ao ano anterior, que me dirá deste ano.
Postar um comentário