Cronica da semana/ É MUITA PORCARIA!
Wagner Fontenelle Pessôa
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Depois de três anos convivendo com os
escândalos da Operação “Lava Jato”, o Brasil agora convive com os escândalos da
Operação “Lavagem”. Isto é, a descoberta, pela Polícia Federal, de todo tipo de
imundície que se possa imaginar, naquilo que a população consome, graças a um
espantoso esquema que mistura fraude e corrupção, na produção, industrialização
fiscalização de alimentos.
Pois
na elaboração desse cardápio estão grandes empresas — algumas, de prestigio nacional
e até internacional — como a Friboi, a Sadia e a Perdigão, além de fiscais e
dirigentes dos órgãos de vigilância sanitária. E, como não poderia deixar de
ser, políticos e partidos beneficiários dessa “vista grossa”, que lhes enche os
bolsos, mas contamina e envenena a população.
A
Polícia Federal agiu com a sua costumeira eficiência onde falharam os demais
mecanismos que a União, Estados e Municípios possuem, exatamente, para cuidar
de coisas assim. O mais espantoso, no entanto, não se encontra no fato em si,
mas no esforço que o governo e os empresários da área de alimentos (sobretudo
aqueles que falam pelos grandes exportadores) estão fazendo, no sentido de dar
ao esquema criminoso um efeito mais brando.
O
Brasil, como se sabe, é o maior exportador mundial de carne e derivados. Então,
ficam todos a quererem defender a ideia de que as irregularidades não são de
grande significado: os empresários, pela manutenção dos lucros; o governo, pela
importância das exportações desses produtos na balança de pagamentos. Não resta
dúvida que os criminosos agiam de forma pontual, mas isso não diminui a
gravidade de suas ações.
Quanto
à “lavagem” que é fornecida aos consumidores internos neste país, pelo visto,
não está preocupando a nenhum deles. Papelão, carcaça de aves e soda cáustica
misturados ao que os brasileiros consomem é, sob a ótica desses empresários e
de políticos corruptos — alguns dos quais ligados ao PMDB e ao PP — um problema
de menor importância.
Reconheçamos,
porém, que a falta de higiene no processamento e produção de alimentos, assim
como na preparação deles, por muitos bares, hotéis e restaurantes, não chega a
ser matéria nova aqui entre nós. Existem centenas de milhares de espeluncas
pelo Brasil afora, estocando e/ou servindo produtos alimentícios preparados sem
as mínimas condições sanitárias.
E
vem daí um vasto anedotário acerca do assunto, visto que, neste país, toda
tragédia sempre acaba tendo um toque de comédia. Como naquela história em que,
o cidadão, tomando um caldo num bar arrumadinho, mas com pouco ou nenhum apreço
pela questão da higiene, encontrou um inseto boiando e ainda agitando as asas
bem no meio do seu prato. Indignadíssimo,
o freguês chamou o garçom e lhe perguntou:
—
Escute aqui, rapaz, o que esta mosca está fazendo dentro da minha sopa?!
O
garçom olhou mais de perto e respondeu, sem aparentar qualquer constrangimento,
como se aquilo fosse coisa normal:
—
Acho que ela está nadando e tentando chegar até a borda do prato. Mas aposto
que não vai conseguir... Porque esse caldo está quente como o Inferno!
Pondo
de parte o caradurismo do moço, quem é que sabe o que fazem com a nossa comida,
nos restaurantes e lanchonetes, antes que ela nos seja servida? Ou com os
produtos que compramos em açougues e supermercados, para prepará-los em casa?
Se formos pensar nisso,
iremos acabar morrendo por inanição. Porque, sinceramente, é muita porcaria,
para que consigamos controlar tudo o que consumimos e compramos!
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