Crônica da semana: CAMBADA DE ANTAS!
Wagner Fontenelle Pessôa:
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Durante
algum tempo, numa universidade para a qual trabalhei como docente e a pedido do
coordenador do curso de Educação Física, assumi também as aulas de uma
disciplina, muito específica para aquele campo do conhecimento, que é o Direito
Esportivo. Precisei, portanto, estudar aqueles conteúdos e preparar as minhas
aulas com especial cuidado, porque não sou — e nunca fui — um desses tipos
versados na área dos esportes ou dado às práticas esportivas.
Sendo assim, precisei aprender
muitas coisas e entender o significado de outras tantas, porque, como professor
de Direito, eu entendia como aplicar as regras jurídico-desportivas a algumas
situações, mas, na prática, eram temas com os quais tinha pouca ou nenhuma
familiaridade. Ou seja, eu conhecia as normas estabelecidas pela legislação
desportiva, mas necessitava entender como elas funcionavam no cotidiano dos
esportes.
Dispensável lembrar que eu me
encontrava diante de um grupo de alunos que era, em sua esmagadora maioria,
formado por atletas, malhadores, fisiculturistas, praticantes de diversas
modalidades esportivas e “bombados”! Vários consumidores de anabolizantes e/ou
“suplementos”, embora uma coisa seja diferente da outra. E que, para maior
clareza do que digo, são aqueles viciados em academias, que as pessoas fora de
forma, com algum despeito, chamam de “bombados”.
No que a isto se refere, eu tinha
entre os meus alunos de Direito Esportivo uns aspirantes a essa categoria, e
alguns que já competiam, entre si, pelo campeonato de consumo da “bomba”.
Porque, visivelmente, eram consumidores habituais daquela explosiva substância.
E isto fez com que, lá nas minhas leituras e preparação das aulas, eu me
interessasse de forma particular por uma unidade do programa que tem uma
relação direta com esse assunto: “doping e dopagem”.
Fui ler mais sobre esse assunto e
fiquei tão impressionado com os efeitos devastadores que essas substâncias
podem causar no organismo de um atleta, que resolvi preparar umas aulas
especiais para aprofundar o estudo do tema com a turma. Não usei esse título,
mas o meu objetivo geral seria: “Não usem essas porcarias, porque elas deixam
sequelas e podem até matar!”. Preparei uma sequência de slides e vídeos —
alguns assustadores — sobre os efeitos do uso de certas substâncias.
Levei aquilo para a turma, mas creio
que perdi o meu tempo. Os mais “bombados” da turma me olhavam com aquela “cara
de paisagem”, como quem se pergunta:
—
Qual é a desse cara? Totalmente fora de forma e vem me dizer o que eu devo
fazer para preservar a minha saúde?!
Foi
quando resolvi concluir a minha explanação, embora motivada pelas melhores
intenções e dei por encerrada a minha aula, dizendo o seguinte:
— Isso tem esse apelido, meus caros,
porque parece uma batalha mesmo! Uma batalha de você contra o seu organismo e
contra a sua saúde. Porque, quando o indivíduo manda a “bomba” prá dentro e ela
atinge o alvo, explode o seu “obelisco” e suas “torres gêmeas” também. E, nesse
ponto, é que você perde a guerra...
Todos riram bastante. Mas, pelo que
pude verificar até o final do semestre, vários deles ainda tomaram a sua
“bomba” regularmente. Nas academias que frequentavam e na disciplina de Direito
Esportivo também. Cambada de antas!
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