Delegado esclarece latrocínio de presidente do Mão Amiga

Dois homens foram presos, sendo um em Campos, na altura do Mercado Municipal e outro no município de Piraí, no Sul Fluminense, suspeitos de matar o presidente do Instituto Mão Amigo, Adriano Ferreira Machado, 47 anos. Os jovens foram presos na manhã desta segunda-feira (15/05). Uma terceira pessoa foi conduzida a 134ª Delegacia Legal, no Centro, na tarde do mesmo dia para prestar esclarecimentos a respeito do latrocínio (roubo seguido de morte). A informação foi dada pelo delegado titular da 134ª DL, Geraldo Rangel, durante coletiva de imprensa nesta segunda.
A vítima foi assassinada brutalmente com golpes de faca e de cavadeira, instrumento de construção civil, na sede da ONG, na Rua da Paz, no bairro Novo Jockey, em Campos, no último dia 08. 
Segundo Rangel, no primeiro momento, a polícia trabalhava apenas com um autor, mas depois, durante a semana, foi descoberto que havia a participação de um segundo indivíduo, motivo pelo qual foram decretadas, na última sexta-feira (12/05), duas prisões temporárias (de 30 dias podendo ser prorrogada por mais 30) e cumpridas nesta segunda-feira. O delegado mencionou que existem alguns pontos ainda a esclarecer porque há divergências nos depoimentos dos dois suspeitos. “A prisão temporária serve justamente para isso para que a polícia possa agora trabalhar com mais calma e esclarecer de forma mais detalhada o que efetivamente aconteceu”, comentou Geraldo.
O delegado também informou que a polícia está se baseando no depoimento do primeiro suspeito, de iniciais E.R.T., 24 anos, e que também seria o autor do crime. Já o outro, L.M.N., de 27, que foi preso em Piraí, será ouvido pela segunda vez, porque em seu primeiro depoimento, na qualidade de testemunha, ele teria mentido e, por isso, foi pedida a prisão dele.
“Há uma divergência de depoimentos dos dois. Agora com a prisão temporária e com a vinda do L. de Piraí a gente vai começar a confrontar os dois para saber exatamente o que aconteceu, porque o L. em seu primeiro depoimento disse que o E. furtou um celular, trocou por droga, voltou e estava usando droga dentro da instituição. O Adriano descobriu, porque viu um papelote de cocaína sob o colchão do E., houve uma discussão e o E. matou o Adriano”, disse o delegado complementando:
“Agora o E. já está falando que não foi isso que aconteceu. No domingo à noite houve uma discussão entre o E. e a vítima. Segundo o E. a discussão teria acontecido por causa de um comentário que a vítima fez sobre o irmão do E., que está preso. O E. não gostou do que o Adriano falou e disse ao L. que iria matá-lo, tendo total apoio dele para tal prática. Ele [o E.] deu a primeira facada no Adriano que caiu no chão e depois ele apanhou a cavadeira, deu uma pancada na cabeça dele, e aí sim, o Adriano ficou desacordado e foi aí que ele [o E.] desferiu as outras facadas na vítima. Segundo o próprio E., o L., apesar de não ter participado diretamente do crime, o apoiava durante todo o tempo, chegando inclusive a puxar o corpo da vítima para que ninguém não o visse, já que a porta é de vidro”, relatou o delegado.
Após a morte, num primeiro momento, os jovens teriam apanhado duas caixas de som e o telefone celular da instituição e partiram, com a Brasília da vítima, para as casinhas do Novo Jockey , supostamente trocando tudo por droga. Eles retornam para a instituição, fazem uso da cocaína, tudo, a princípio, ao lado do corpo, depois tentam fazer pela segunda vez a mesma coisa, só que não conseguem trocar os demais objetos, e deixam a Brasília no local e voltando a pé para a instituição.
Rangel informou que nesse momento, quando os dois retornaram a pé, uma testemunha teria visto à dupla chegando à instituição, o que caiu por terra o primeiro depoimento do L., que disse ter participado do crime porque já não estava mais na casa.
“Na segunda pela manhã, o pedreiro chega para trabalhar e pergunta pelo Adriano e os dois respondem que o mesmo viajou e que só retornaria na outra semana. Após o pedreiro ir embora, a dupla volta ao Jockey, apanha a Brasília, retorna à instituição, enche o carro com outros equipamentos e vão para o Parque Guarus, na casa de um terceiro indivíduo, que a princípio, não tem participação no crime, mas sim nos furtos. Nesse momento o L. foi embora com parte do dinheiro da vítima, cerca de R$ 150 e seguiu para a casa dos pais. O E. com o esse terceiro indivíduo, retornam à instituição, lá pelas 8h, para apanhar ainda mais pertences para vender. Minutos após, vizinhos entram na casa e descobrem o corpo da vítima”.
Rangel falou que o próximo passo é trazer o L. de Piraí ainda essa semana para poder fazer a acareação entre os dois suspeitos, para saber realmente o que aconteceu dentro da casa do Adriano. “O E. confessa o crime e disse que foi ele que desferiu as facadas e golpeou com uma cavadeira na cabeça da vítima. O L. participou apoiando o E, puxando o corpo e foi ele que escondeu a faca usada no crime. Outra coisa é que o L. dirige, porque o E. não sabe dirigir. Agora resta saber se foi o L. ou o M.[terceiro suspeito] que abandou o carro da vítima na Codin”, comentou.
Eles vão responder por latrocínio (roubo seguido de morte), com pena de 20 a 30 anos, uma das maiores penas do código penal. “Agora nós vamos prosseguir nos autos do inquérito para concluirmos”.
Quanto ao vídeo que foi divulgado pela vítima nas redes sociais de um possível ladrão, a polícia acredita que foi uma montagem feita pelo E. “Eu acredito que ele [o E.] já tivesse uma pré-disposição em praticar o latrocínio. O E. filmou e induziu o Adriano a acreditar que a pessoa que aparece no vídeo estava furtando os materiais de construção, quando na verdade era ele que roubava”, concluiu Geraldo Rangel.Fonte: Ururau



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