Protesto no Açu: produtores rurais contra reintegração
Produtores
rurais do Açu, 5º distrito de São João da Barra, bloquearam pontos das BR 356 e RJ 240, no início da manhã
desta quarta-feira (19), em protesto contra a decisão de reintegração de posse
na área destinada para instalações do Porto do Açu. Os produtores reocuparam as
terras desapropriadas no dia 19 de abril deste ano e, no último dia 14, o juiz
Paulo Maurício Simão Filho concedeu a reintegração de posse pedida pelo Porto
do Açu, pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de
Janeiro (Codin-RJ) e pela empresa Grussaí Siderúrgica do Açu (GSA).
Ontem, os pequenos produtores atearam
fogo em galhos e pneus para bloquearem a via. O protesto teve apoio da
Associação dos Produtores Rurais de São João da Barra (Asprim), da Comissão
Pastoral da Terra (CPT), do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) e do
Movimento Sem Terra (MST). Os manifestantes reivindicaram a anulação das
desapropriações das terras.
No dia 19 de abril deste ano, cerca
de 200 pessoas participaram da reocupação das terras do Açu, após oito anos das
terras terem sido desapropriadas para instalações do Porto do Açu.
No local da desapropriação, a
pretensão do empresário Eike Batista, hoje preso pela Lava Jato, era a criação
de um distrito industrial na área do entorno do Porto do Açu, à época
controlada pela LLX. Cerca de 500 pequenos proprietários foram desapropriados.
Leia mais
Após a reocupação, o Porto, a Codin e
a GSA chegaram a entrar com um pedido de reintegração de posse que foi negado
pela Justiça. Então, uma audiência de conciliação foi marcada para o dia 12 de
maio. Na ocasião, o juiz Paulo Maurício Simão Filho consentiu a permanência dos
produtores na terra por pelo menos 40 dias e com a garantia de trânsito livre
no local, inclusive em veículos. Com o fim do prazo, os produtores deveriam ter
informado se aceitam ou não as propostas sugeridas pelos autores da
reintegração de posse.
Depois do prazo de suspensão, o
movimento dos produtores chegou a apresentar suas manifestações rejeitando a
proposta de acordo e ofereceram, alternativamente, a proposta de redução do
distrito industrial do Município de São João da Barra. O Porto, a Codin e a GSA
contestaram a proposta e pediram a reconsideração da decisão que indeferiu o
primeiro pedido de reintegração.
No dia 14 de junho, o juiz Paulo
Maurício deferiu a reintegração de posse e proibiu novas ocupações na área,
podendo ser utilizada força policial, caso a desocupação não acontecesse
voluntariamente.
Em nota, o Porto do Açu informou que
a manifestação realizada por número limitado de pessoas interditou a estrada de
acesso principal ao empreendimento. Em razão disso, foi utilizada uma entrada
alternativa para acesso dos cerca de 4 mil trabalhadores ao complexo, que neste
momento opera normalmente. Com relação à reintegração de posse da área
invadida, a empresa informa que ela será realizada pela Justiça.
CPI - Vale lembrar que a
desapropriação das terras no Açu é tema de Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a pedido do deputado
estadual Bruno Dauaire (PR).
Fonte: Folha1.
Nenhum comentário
Postar um comentário