Dona de casa é presa acusada de torturar o filho de criação de seis anos

Uma dona de casa de 28 anos foi presa na manhã desta quarta-feira (9), em Vila Velha, acusada de torturar um menino de apenas 6 anos, que ela criava como filho. Segundo a polícia civil, o menor ficou órfão e foi acolhido pelo marido dela, uma vidraceiro de 36 anos. Mas a mulher passou a torturar a criança e até obriga-lo a comer pimenta no início do ano. O caso foi denunciado a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) pela escola municipal onde a criança estuda.
Segundo o delegado Lorenzo Pazolini, o pai biológico da vítima foi morto por envolvimento com o tráfico de drogas quando ele ainda era recém-nascido.  A mãe faleceu logo depois, e a criança foi acolhida pelo vidraceiro quando tinha cerca de 4 anos. Ele ainda criava um sobrinho de 3 anos, tinha um filho de 10 com a acusada, mas nenhum dos dois era agredido.
“Em razão do grau e intensidade das lesões, assim que ele chegou na escola, foi notado que aquilo era muito grave. Ele foi separado dos colegas, de forma muito discreta, e a equipe de pedagogos, professores e diretores passaram a dialogar com essa criança, visando esclarecimentos e entender porque ele estava tão machucado. A partir de então ele passou a narrar a série de horrores e torturas que passou no interior da residência”.

Ainda segundo Pazolini, a mulher pisava, batia com varas, chave de carro e chegou a acordar a vítima para bater de tamanco. Como castigo, colocava pimenta na comida do menino e não o deixava beber água. O pai confirmou que presenciou as agressões, mas disse que passava o dia fora e trabalhando, e nunca estava presenciava o que acontecia. Disse ainda que procurava intermediar a situação para que o filho de criação não fosse mais agredido.
“Ele já tem uma história muito triste, por já ter os pais falecidos. Passou a ser cuidado por essa família. Ele inicialmente relata que era bem cuidado e até teve certo amor, chamava-os de pai e mãe, mas posteriormente essa senhora passou a tortura-lo e agredi-lo seguidamente”.
Disse também que há cerca de quatro meses funcionários da escola municipal onde o menino estudava passaram a notar seguidas marcas pelo rosto e corpo dele, vistas de longe. O livro de ocorrências registra que a criança se desesperava ao saber que a mãe de criação poderia ser informada, por isso, negava que apanhava. Foram longas conversas até a denúncia chegar a DPCA, no último dia 2.
“Ele tinha muito medo. Tanto receio que preferia mentir. Dizia que tinha se machucado na rua ou escola com outros coleguinhas. Sabia que caso ela soubesse que ele tinha narrado o caso na escola e voltasse para casa, seria muito mais agredido”.
A dona de casa confessou que as agressões, mas não se recordava de ter batido com tal intensidade, nem das leões que causou. Ela negou que coloca-se pimenta na comida e disse que batia para corrigi-lo, por ser uma criança bagunceira e agitada. “O laudo do Departamento Médico Legal (DML) é bem claro, sobretudo as fotografias, que são bastante chocantes. Demonstram claramente o excesso inadmissível, que caracteriza sem sombra de dúvidas o crime de tortura”, disse o delegado.
Funcionários disseram em depoimento que o menino é um ótimo aluno, mas não tinha mais caderno porque a acusada se recusava a comprar outro. Ele está em um abrigo de Vila Velha, sobre supervisão da Vara da Infância e Juventude, e será disponibilizado para adoção.
“Ele vai necessitar de um intenso acompanhamento psicossocial, por já ter perdido os pais biológicos, e infelizmente ser vítima de tortura. O lado positivo é que nós conseguimos cessar isso e dar uma nova oportunidade para essa criança”.
Fonte: ES HOJE.



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