Operação “Combustível Limpo” interdita dois postos e lacra bombas de outros dois
Quatro pessoas foram detidas, um caminhão de
combustível e duas armas apreendidas, dois postos foram interditados e outros
dois tiveram bombas lacradas. Este foi o saldo da operação “Combustível Limpo”,
deflagrada nesta terça-feira (15), em Campos, pelo Ministério Público do Estado
do Rio de Janeiro (MP-RJ), por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação
Penal da cidade. Cerca de 20 postos e uma usina foram alvos da ação dos
agentes. As investigações já duram cerca de um ano e, segundo dados do MP, já
foram instaurados 21 procedimentos contra postos de combustíveis envolvidos em
irregularidades em Campos.
De acordo com o promotor de investigação criminal,
Fabiano Rangel Moreira, a ação tem o objetivo de combater a máfia da
adulteração de combustíveis, que fabricou e distribuiu, para postos parceiros,
aproximadamente 19 milhões de litros de etanol adulterados. A estimativa é de
que a atividade tenha gerado danos em aproximadamente 400 mil veículos. Além da
adulteração no álcool e na gasolina, o promotor ressalta que também está sendo
analisado se a quantidade de combustível vendida em cada um dos postos era a
mesma colocada no tanque dos veículos.
“O número de postos interditados pode subir nos
próximos dias, pois amostras de gasolina e de álcool foram coletadas enviados
para análise nos laboratórios da PUC-RJ e UFRJ. Se forem constatadas
irregularidades, poderemos interditar os postos”, esclareceu o promotor em
coletiva de imprensa, concedida no final da tarde desta terça.
A operação envolve ações de integrantes do
Ministério Público, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), do Procon e da
Receita Estadual, com fiscalizações na Usina Canabrava, usina de produção de
álcool, distribuidoras, depósitos e postos de combustíveis; enfim, toda a
cadeia produtiva existente na região. A operação teve o suporte do GAP e das
polícias Rodoviária Federal e Militar.
A definição dos locais observou dados existentes em
denúncias e evidências surgidas em investigações e processos criminais. O resultado
da operação “Combustível Limpo” trará subsídios para a adoção de providências
penais contra os proprietários e responsáveis pelas empresas, inclusive podendo
levá-los à prisão. “Temos mais de mil documentos para analisar”, comentou o
promotor.
Cana Brava — A usina já
era alvo das principais distribuidoras de combustíveis do país, como Petrobras,
Shell e Ipiranga, que a denunciaram por ter fabricado e adulterado álcool
anidro com utilização de metanol e depois distribuído para cerca de dois mil
postos no Rio de Janeiro e São Paulo em 2016. Segundo o promotor, no processo
de adulteração, um percentual de etanol puro era separado para venda, enquanto
a maior parte recebia adição de metanol, em substituição à quantidade retirada.
A prática teria envolvido mais de 700 mil litros de combustíveis adulterados. O
metanol é um produto importado por fábricas de tintas e sua utilização, na
adulteração, é motivada por preços praticamente irrisórios e dificuldade na
constatação, exigindo análise laboratorial para detecção. Durante a operação
desta terça-feira, além de mandado de busca e apreensão cumprido na usina, uma
pistola calibre 380 e munições de vários calibres foram apreendidos no local.
A equipe de reportagem entrou em contato com a
usina, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.
Fonte: Terceira Via.
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