Saúde com protesto e fiscalização
Na noite do último domingo (6), a
promotora de Justiça Maristela Faria realizou vistorias nos hospitais Ferreira
Machado (HFM), Geral de Guarus (HGG) e São José em Campos, e constatou que
alguns funcionários, inclusive médicos, não estavam presentes nas unidades. O
número de funcionários ausentes não foi divulgado pelo Ministério Público Estadual
(MPE). As vistorias foram acompanhadas pelo procurador geral do município, José
Paes Neto. Em manifestação, previamente marcada, servidores municipais da Saúde
fecharam a ponte General Dutra, no Centro, na manhã dessa segunda-feira, contra
as mudanças na carga horária, implantadas pela Prefeitura.
De acordo com o MP, os servidores
ausentes compareceram aos locais de trabalho, logo depois da chegada do Grupo
de Apoio às Promotorias (GAP), alegando falta de condições de alimentação,
banho e alojamento. A promotora Maristela Faria visitou apenas o alojamento do
HGG, onde constatou condições razoáveis de funcionamento, limpeza e arrumação.
Entretanto, quanto às irregularidades nas condições de trabalho, foram
observados um EPI em condições ruins, falta de material, insumos e
medicamentos, bem como a precariedade da estrutura física de alguns locais. Os
problemas já foram relatados por órgãos fiscalizadores, como o Conselho
Regional de Enfermagem (Coren), o Conselho Regional de Medicina do Estado do
Rio de Janeiro (Cremerj), a Vigilância Sanitária (Visa) e a visita técnica do
Grupo de Apoio Técnico Especializado (Gate).
— Há inquéritos em andamento
relacionados às deficiências na saúde de Campos. Durante a instrução dos
inquéritos houve denúncias de falta de médicos em plantões nos hospitais e
Unidades Pré-Hospitalares, abandono de plantão e presença de acadêmicos. Nas
duas últimas semanas houve cobrança da administração municipal quanto ao
cumprimento da carga horária semanal, o que gerou insatisfação, e duas reuniões
na sede do MPRJ. A questão da carga horária será apurada, após a Prefeitura
encaminhar documentos requisitados pelo MPRJ, mas o prazo ainda está em curso.
Será realizada nova reunião dia 31, tendo sido convidados sindicatos,
noticiantes e órgãos da Prefeitura — diz a nota enviada pelo MP.
Procurado pela Folha, José Paes Neto
destacou que profissional que recebe sem cumprir a carga horária, onera o poder
público. “A gente sabe que a grande maioria cumpre com suas obrigações e merece
ser valorizada por isso, mas têm os profissionais que não cumprem a carga
horária, o que acaba gerando prejuízo e, no final das contas, acaba
prejudicando o atendimento à população. A gente vai continuar adotando estas
medidas em parceria com o Ministério Público, que vem entendendo o tamanho do
problema para, aos poucos, conseguir resolver o problema de anos da saúde
pública”, disse o procurador.
Manifestação dos servidores
municipais da saúde / Paulo Pinheiro
Contra aumento da carga de trabalho
O protesto, na ponte General Dutra,
contou com funcionários do HFM, e acabou com a chegada da Polícia Rodoviária
Federal (PRF). Policiais militares e guardas civis orientaram o desvio do
trânsito. Com cartazes, manifestantes colocaram fogo em pneus e as chamas foram
controladas pela Autopista Fluminense.
A Prefeitura informou que tem buscado
cumprir o que determina a lei, e analisa caso a caso, junto ao MP. A
Procuradoria Geral do Município afirma vem se reunindo com representantes dos
servidores, buscando, juntos, atender as necessidades dos servidores, mantendo
a qualidade nos serviços à população. A secretaria de Saúde informou que, “em
janeiro, encontrou uma estrutura limitada de atendimento, e que foram
realizadas compras emergenciais para suprir as demandas das unidades”. Segundo
a superintendência Financeira e Administrativa da Fundação Municipal de Saúde
(FMS), “está em processo de licitação, por meio de pregão eletrônico, a
aquisição de materiais e insumos”.
Presidente do Sindicato se posiciona
Manifestação dos servidores
municipais da saúde / Paulo PinheiroPresente na manifestação, o presidente do
Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), José Roberto Crespo de Souza, se
posicionou quanto à situação.
Situação — “A promotora disse para vermos o que está regido em leis federais.
O médico tem 20 horas semanais e a enfermagem, nutricionistas e fisioterapeutas
têm 30. São de nível superior. Os técnicos de radiologia têm 24 horas por
semana e os auxiliares, de nível médio, fazem (plantões de) 12/36, totalizando
40 horas. Mas houve ganhos em gestões passadas, que diminuíram a carga horária
para 30. Agora, o município quer readequar o sistema, só que tem gente que
trabalha há 10, 15 anos nessa linha. Por isso, existe revolta”.
Causas - “Os gestores destruíram o município ao longo dos 20 anos. Tínhamos
royalties para nadar em dinheiro. Agora, não temos mais. Então, onde está essa
culpa? A culpa está lá atrás. Aí, o Rafael (Diniz), como prefeito, herdou essa
dificuldade. Tem que ‘gastar saliva’, ter habilidade para conversar com as
pessoas (servidores) e tentar realinhar.
Solução — É importante que a Prefeitura faça um mutirão de reformas, ou,
minimamente, dê estrutura para as pessoas trabalharem. Salário é importante;
mas é importante, também, que você trabalhe em um ambiente sadio. Hoje, o
servidor está indo trabalhar chateado, porque o ambiente é ruim, não tem
alimentação e banheiros decentes, falta material. Então, há uma dificuldade da
gestão em colocar isso em dia. Para cobrar, primeiro, você tem que dar
condições de trabalho.
Fonte: Folha 1.
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