Um idealista humanista, 7 de setembro em Ponto de Cacimbas, Manoel Bernardo de Oliveira faz parte da história

De gravata, senhor Manoel Carola  


Um idealista, humanista, chamado Manoel Bernardo de Oliveira, o Manoel Carola, instituiu o desfile Cívico Escolar na localidade de Ponto de Cacimbas, em 7 de setembro de 1952, data da inauguração do então Hospital da Associação Filantrópica Ruy Barbosa – atualmente Hospital Municipal Manoel Carola – época em que, junto com tantos outros idealistas e bem intencionados homens de bem -não citarei nomes para não cometer injustiças-, através de campanhas de doação de bezerros para leilões, bingo de produtos diversos, almoços e tantas outras ações, reuniam fundos para tocar o audacioso projeto: construir um hospital onde vidas pudessem ser salvas, fato relevante que mobilizava todo o Município, à época Sertão de São João da Barra. E, a 7 de setembro de cada ano, novo desafio era proposto e sempre uma meta era alcançada.

Quando criança:
Um dos pelotões durante o desfile
Ao centro Marquinhos Carola(In memoria)
Minha infância e sonhos! Mais um 7 de setembro amanhecia e o potente sistema de som do Ederli e do Diniz (OPPC - Organização Publicitária Pereira Campos) ecoava na localidade, saudando os moradores com o Hino Nacional Brasileiro. Emoção tamanha raramente eu sentia, sempre desejando um dia ter a minha voz sendo reproduzida naquele som- sonho que hoje, felizmente, é realidade-.
 As barraquinhas? Ah, maravilhosas para meus olhos infantis! Pouco ou nenhum dinheiro – afinal éramos desprovidos de recursos financeiros  – ficava eu a admirar os carrinhos de plástico pendurados nas barraquinhas, os ioiôs feitos de pó de serragem e as “bacias de pescaria”. Tinha, entretanto, que me contentar com os brinquedos de lata que fazíamos em casa. Afinal, brinquedo de plástico naquela época era para filho de gente rica! Lembro ainda do grande desfile em que, animados, ainda garotos, estudantes do Colégio local, desfilávamos orgulhosos em nossa pacata avenida principal – a única – seja vestido de índio, jogador de futebol ou médico, não importava, eu e minha turma lá estávamos, mais um ano desfilando na festa do Ponto.
O famoso pelotão das bandeiras abrindo os desfiles 
A emoção de passar em frente ao palanque oficial era indescritível, pois ali, narrando o desfile, de posse de sua inseparável acordeom, com uma voz empostada e carregada de emoção, estava seu Jamil Acruche, figura respeitada em toda a região, acompanhado de pessoas ilustres da comunidade. O Pelotão dos Cavaleiros, sempre liderado pelo inesquecível João Boleiro, levando junto de seu belo animal a Bandeira do Brasil. Terminara mais um desfile do Ponto! Hora de recolher bandeiras, vestimentas, adereços e guardar a emoção até o ano seguinte.
E saber que nasci naquele hospital! Muito me orgulho. O ano de meu nascimento? Deixa pra lá. O importante é que cheguei ao mundo naquele hospital, velho e guerreiro, que completa mais um aniversário.
Ano de 2017
Trago à tona – e à memória – um pouco da história do “nosso” hospital, para descrever o quanto  me emociono em falar dessa tradicional festa e ao mesmo tempo registrar a minha profunda tristeza com as senhoras que comandam este município e a secretaria de educação.
O famoso e inesquecível abrigo dos velhinhos
 Este ano, apenas,  duas pequenas escolas estarão desfilando, em um horário impróprio, 9 da manhã. Parabéns senhora Secretária de Educação pela “belíssima atitude”, realizando uma grande tarefa, com a força do poder dada pelo povo, acabar com a festa do povo.
O que mais me alegra em tudo isso é saber que os detentores do poder de hoje,  ocuparão no futuro as páginas de livros de história, para contar as suas “Istórias”, aliás alguns personagens, as suas trajetórias caberão, quem sabe, em um parágrafo apenas ou no máximo em um rodapé de página de um capitulo sobre as gafes do poder.  
Apoio para as crianças, ele já pensava nisso

Salve o 7 de setembro, salve a democracia, pois esta é que nos permite expressar sentimentos e pensamentos. Que tenhamos um 7 de setembro tranquilo e favorável.

 As fotos que ilustram essa matéria foram gentilmente cedidas pelo amigo Gessé Oliveira, um dos filhos do senhor Manoel Carola 

Um comentário

lucia disse...

Adorei seu artigo.Parabens.