Motoristas de lotadas fecham trânsito em vários pontos em Campos dos Goytacazes
Mais uma vez a população campista
ficou prejudicada por conta de protestos feitos por motoristas de transporte
irregular, as chamadas lotadas, que bloquearam duas das principais vias de
Campos nesta terça-feira. Na parte da manhã, os manifestantes fecharam as
avenidas XV de Novembro e José Alves de Azevedo (Beira Valão). À tarde, a XV de
Novembro foi fechada novamente por cerca de uma hora e só foi liberada após
ação de força policial. Além das pistas bloqueadas, um ônibus da empresa São
João foi pichado com a frase “lotada não é crime”. Essa é a sexta manifestação
liderada pelo transporte irregular.
O protesto começou por volta das
9h30, quando os manifestantes bloquearam as duas pistas da avenida XV de
Novembro. Com isso, o trânsito começou a ficar tumultuado. O bloqueio na XV de
Novembro afetou o tráfego de veículos de ruas adjacentes, como a Carlos
Lacerda, a Marechal Floriano, 21 de Abril, entre outras.
Um pouco mais tarde, um bloqueio foi
feito na Avenida José Alves de Azevedo, próximo ao acesso da ponte Leonel
Brizola. Alguns motoristas de veículos particulares e usuários do transporte
coletivo regular chegaram a comentar que ficaram cerca de 50 minutos parados na
ponte.
Já na parte da tarde, os
manifestantes bloquearam outra vez a avenida XV de Novembro, por volta das 17h.
A pista foi fechada com sacos de lixo, galhos e até uma lixeira chegou a ser
quebrada. A pista só foi liberada após a Polícia Militar agir de forma mais
ostensiva e retirar à força os objetos de bloqueio e dispersar os manifestantes.
Para que o trânsito não ficasse mais
congestionado, a Guarda Civil Municipal desviou os carros pela XV de Novembro,
na altura do Banco do Brasil e da Rua Marechal Floriano.
Com o bloqueio feito pelos
manifestantes na avenida XV de Novembro, os ônibus ficaram impedidos de acessar
o terminal rodoviário, prejudicando os usuários do transporte coletivo regular.
“Isso é um absurdo. Deveriam acabar com esse negócio de lotada. Se existe
ônibus e van, não tem motivo das lotadas circularem. Agora eu quero pegar o ônibus
para ir para casa e não consigo”, reclamou a vendedora Carla da Silva, de 36
anos.
O representante comercial Renato dos
Santos, de 40 anos, também seguia para casa em seu carro e reclamou da
situação. “A gente traça um trajeto para chegar a casa mais rápido agora é
obrigado a dar uma volta grande, fazer um novo percurso e demorar muito mais”,
comentou.
Os motoristas de lotadas fecharam as
vias em represália a uma operação de combate ao transporte clandestino
realizada pela Guarda Civil Municipal, Polícia Militar, Instituto Municipal de
Trânsito e Transportes (IMTT) e Departamento de Transportes Rodoviários do
Estado do Rio de Janeiro (Detro/RJ).
O grupo de manifestantes afirmou que
tem recebido multas arbitrárias e reivindicou a legalização das lotadas na
cidade. Mudanças na lei, no entanto, aconteceram no final do mês de setembro e
foram publicadas na edição do dia 29 do Diário Oficial, passando a vigorar
nesta data. No novo Código Tributário, na seção referente às taxas de
fiscalização de transporte de passageiros, ficou definido que “a exploração de
transporte de passageiros sem prévia autorização, permissão ou concessão do
Poder Público Municipal sujeitará o infrator” à apreensão de veículos e multa
de 300% sobre o “valor atualizado da taxa devida pelo período efetivo ou
estimado de funcionamento por cada veículo irregular, além dos acréscimos
moratórios exigíveis”.
Em nota, a Prefeitura de Campos
informou que, “para segurança dos munícipes e promoção do ordenamento do
trânsito municipal, o IMTT iniciou ações de fiscalização ao transporte
irregular no município, que tiveram início em março deste ano, em parceria com
demais órgãos de segurança. O IMTT continua aberto ao diálogo com o segmento,
inclusive, já solicitou nova reunião com representantes do transporte
irregular”.
O IMTT reforça que o transporte de passageiros
regulamentado no município é feito por van, ônibus e táxi, que, respeitados
seus quantitativos de circulação, devem atender às demandas da população. O
presidente do IMTT, Renato Siqueira, explica que a Comissão Especial para a
Revisão do Sistema de Transporte de Campos já está elaborando medidas conjuntas
para que o sistema se torne mais eficaz para atendimento às demandas da
população no transporte.
Protestos ao longo do ano
No dia 19 de janeiro deste ano,
motoristas de lotadas chegaram a fechar a Avenida José Alves de Azevedo,
próximo ao Mercado Municipal, e o trânsito também ficou totalmente parado. Na
ocasião, o fluxo de veículos ficou bloqueado na Rua Tenente Coronel Cardoso
(antiga Formosa) no cruzamento com a Avenida José Alves de Azevedo.
Em fevereiro, motoristas de
transportes clandestinos fecharam completamente por duas horas a avenida XV de
Novembro. A ação teve início após a apreensão de três veículos durante uma
fiscalização do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro
(Detro-RJ).
Em julho, motoristas de lotadas
interditando a avenida XV de Novembro. À tarde e à noite, topiqueiros voltaram
a tumultuar o trânsito na cidade, na Avenida José Alves de Azevedo, na descida
da ponte Leonel Brizola, onde colocaram fogo na pista, e na Avenida 28 de
Março, onde bloquearam o trânsito.
Ainda no mês de julho, motoristas do
transporte irregular de passageiros fecharam a subida da ponte Alair Ferreira,
em Guarus, em mais um protesto contra a fiscalização do município. O protesto
engarrafou o trânsito de Campos. Cerca de 100 manifestantes atearam fogo em
pneus e galhos e congestionamento se estendeu também à ponte General Dutra,
até, aproximadamente, a primeira passarela da BR 101 (Campos-Vitória).
Em agosto, em represália as
constantes fiscalizações que o IMTT e a Guarda Municipal, com apoio da PM, têm
realizado para coibir os veículos clandestinos e o transporte irregular de
passageiros, motoristas de lotadas realizaram outro protesto e pararam o
trânsito em Campos, durante 3 horas. Os manifestantes, munidos de cartazes e
soltando fogos, fecharam quatro pontos importantes do município: Avenida José
Alves de Azevedo (Beira-Valão), Tenente Coronel Cardoso (Formosa), Gil de Góis
e Alberto Torres.
Fonte: Folha1.
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