“O reajuste da taxa de iluminação pública foi a gota-d’água”
O
reajuste na contribuição de iluminação pública em Campos, um acordo firmado
entre a Enel e Prefeitura, continua gerando bastante polêmica. No último dia
09, o Portal Ururau publicou matériafalando sobre o assunto, que
continua sendo o mesmo nas redes sociais, nas casas e nos estabelecimentos
comerciais.
Segundo o
economista Ranulfo Vidigal, a revolta da população com a conta de luz se
associa a três fatores. “Primeiro a Enel foi autorizada pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a fazer um reajuste das tarifas de
17,9% em dezembro. Portanto, a classe média campista, além desse aumento, teve
o aumento de consumo pelo calor de dezembro e a nova taxa de iluminação,
denominada Cosip (Contribuição para Custeio de Serviço de Iluminação Pública),
necessária para pagar uma dívida com serviços de iluminação já realizados e não
pagos da ordem de R$ 11 milhões de reais. O CDL (Câmara dos Dirigentes
Lojistas) e ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campos) já pressionaram
o governo municipal e conseguiram uma redução de 40%, mas a população vai
acabar pagando o pato”, disse.
Recentemente,
milhares de campistas assinaram um abaixo-assinado, com o tema “Diga Não ao Aumento
da Taxa de Iluminação Pública”, organizado pelos vereadores de oposição ao
atual governo. O documento foi anexado a outro que já havia sido entregue pelos
parlamentares no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Para hoje estão agendadas audiências com
o prefeito, Rafael Diniz, para discutir o assunto.
De acordo com
Vidigal, a “nova taxa de iluminação pública embutida na conta de luz foi apenas
a gota d’água para a população esbravejar”. Ele associa esta revolta a
diminuição do poder de compra do salário, aposentaria e renda em função a uma série
de aumentos de bens e serviços essenciais.
“Para melhor
ilustrar minha constatação, usei como base a estrutura de pesos do IBGE na
inflação das famílias brasileiras e cruzei com os principais aumentos
ocorridos na cidade nos últimos meses. Considerei a nova tarifa de ônibus cheia
da antiga ‘passagem social’, cujo peso na cesta de consumo das famílias é de
5%; o aumento da gasolina (que pesa 3% na cesta das famílias); os
Planos de Saúde (peso de 1,3%), o botijão de gás que pesa 1,8%; água e
esgoto que tem 7% de peso no orçamento das famílias; energia elétrica que
pesa 4% no orçamento das famílias e colégio particular que tem peso
1,4%. O cruzamento do peso relativo dos itens com o aumento nominal
efetivo (pesquisei todos), nos permite afirmar que a inflação das
famílias campistas, ao longo de 2017, chegou ao patamar absurdo de
quase 11%, contra uma inflação oficial (IPCA/IBGE) de apenas 2,95%. Nesse
contexto, quando chegar o carnê do IPTU às residências, a gritaria vai ser
ainda maior”, ressaltou.
“Quem consome mais paga pouco mais”
Em entrevista
ao Programa Banda Notícias da Band FM Campos (96.1), o procurador do Município,
José Paes Neto, ressaltou que o município não teve outra opção que era
reajustar os atuais valores.
“Dentro do
atual cenário nós tínhamos duas opções: ou aumentava igual pra para todo mundo,
mantendo uma tarifa fixa, como era antes no valor de R$ 4,80 para as
residências e R$ 17,00 para comércio e indústrias, ou a gente fazia, como é
feito em grande parte dos municípios do Estado do Rio de Janeiro e do país que
é cobrar por escala de consumo. Quem consome mais, paga um pouco mais, e quem
consome menos, paga menos”.
O procurador
informou que, com base nos cálculos do reajuste da taxa, cerca de 60 mil
consumidores ou terão isenção total ou pagarão até 68% menos do que pagava até
dezembro passado, o que representa 25% das famílias campistas. “Evidentemente
que os demais 75% vão pagar mais do que pagou em dezembro e vai variando de
acordo com a taxa de consumo, que vai desde R$ 7,00 a R$ 57,00 para as
residências”, afirmou Paes, adiantando que com relação ao comércio e indústria,
o prefeito já determinou a revisão dos valores para menos. “Vamos encaminhar
para a Câmara um projeto de lei alterando a tarifa. A Secretaria de Fazenda e a
Superintendência de Iluminação Pública já estão concluindo os estudos que serão
apresentados no Legislativo e votar co o retorno do recesso”.
Prefeitura fala em readequação
A Prefeitura
de Campos esclarece que, com o objetivo de corrigir distorções acumuladas
durante anos e garantir a manutenção dos serviços de iluminação pública em todo
o município, promoveu uma readequação no cálculo da Cosip. Prevista pela
Constituição da República, esta contribuição se destina exclusivamente ao
pagamento da concessionária de energia — no caso de Campos, a Enel — pela
iluminação nas vias públicas, assim como ao pagamento da empresa contratada
pelo Poder Público para a manutenção do serviço.
A iluminação
pública de Campos tem aproximadamente 53 mil lâmpadas — o maior parque de
iluminação do interior do estado do Rio de Janeiro. Para manter este serviço,
mensalmente são gastos aproximadamente R$ 2,8 milhões — entre consumo de
energia e serviços de manutenção. Nos últimos anos, no entanto, apesar do
aumento no número de pontos de iluminação em todo o município e de sucessivos
reajustes no custo da tarifa de energia elétrica, determinados pelo Governo
Federal, o valor da Cosip não sofreu nenhuma readequação. Em virtude disso, a
quantia arrecadada com esta contribuição tem sido de apenas R$ 800 mil, o que
implica num déficit mensal de R$ 2 milhões para os cofres públicos — e uma
dívida acumulada de R$ 11 milhões com a concessionária Enel.
A situação se
agravou no ano de 2017, quando a redução na receita dos royalties do petróleo
implicou numa redução de aproximadamente R$ 1 bilhão no orçamento do município.
Soma-se a este o fato de a atual administração já ter pago, somente no ano
passado, R$ 40 milhões à Caixa Econômica em juros relativos a dois empréstimos
contraídos pelo governo anterior – a chamada “Venda do Futuro”.
Mais do que
uma necessidade, a readequação no valor da Cosip corrige uma distorção que
ocorria há muitos anos. A contribuição passará a ser paga de acordo com algumas
variáveis – taxa de consumo, bandeira tarifária do mês (conforme determinação
do pelo Governo Federal), classe em que o consumidor está inserido na
concessionária de energia e, principalmente, a capacidade de contribuição de
cada um. Quem consome mais energia, pagará um pouco mais; quem consome menos,
pagará menos.
Nesta
readequação, a Prefeitura de Campos deu uma atenção especial aos consumidores
de baixa renda: 2,8 mil famílias não pagarão a Cosip, enquanto outras 58 mil
terão a contribuição reduzida em até 68% e 2,2 mil consumidores da área rural
terão uma redução de 10% no valor.
A nova Cosip
permitirá que Campos modernize totalmente seu parque de iluminação. Com os
investimentos necessários, ele se transformará num dos melhores do país,
oferecendo o conforto e a segurança que a população merece.
Em nota,
a Enel Distribuição Rio esclarece que "a cobrança pelo custeio do serviço de
iluminação pública por meio das contas de luz em Campos dos Goytacazes é
determinada pelo artigo 470 da Lei Complementar nº 0001/2017, aprovada pela
Câmara de Vereadores e sancionada pelo Prefeito, que instituiu o Código
Tributário do Município. A distribuidora apenas cumpre a lei, efetuando o
recolhimento da contribuição por meio da fatura de energia e repassando, em
seguida, o valor arrecadado ao governo municipal. Vale ressaltar que a
permissão aos municípios de estabelecerem a cobrança através de leis municipais
está prevista no artigo 149-A da Constituição Federal. Além disso, a resolução
414 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do setor
elétrico no Brasil, determina que cabe a cada município estabelecer a forma de
cobrança do serviço.
A Enel esclarece que não procede a informação sobre eventual
processo à companhia pela cobrança da contribuição na conta de energia, já que
esta forma de cobrança é permitida pela Aneel.
A companhia acrescenta ainda que os clientes que tiverem alguma
dúvida em relação ao serviço de iluminação pública devem entrar em contato com
a Superintendência de Iluminação Pública, que fica na Rua Tenente Coronel
Cardoso, 91, Turf Club".
Fonte:
Ururau.
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