Justiça determina redução salarial de vereadores de Muniz Freire
O Tribunal de Justiça do Espírito
Santo (TJES) acatou a ação de improbidade administrativa
(0000997-77.2017.8.08.0037) apresentada no ano passado pelo Ministério Público,
que pedia a revogação imediata da lei que aumentou os vencimentos dos
vereadores de Muniz Freire. Após eleitos, eles elevaram seus salários de R$ 1,7
mil para R$4,3 mil.
Na ação, o Ministério Público
apontou para a inconstitucionalidade da matéria, argumentando que alterações em
subsídios aprovadas numa legislatura só devem valer para a posterior. O órgão
pediu, entre outras coisas, a sustação liminar dos pagamentos correspondentes
ao aumento dos subsídios acima de R$1,7 mil e o ressarcimento aos cofres
públicos dos valores indevidamente recebidos a mais nos últimos 14 meses (R$171
mil no caso do presidente e R$127,2 mil de cada um dos demais oito vereadores,
segundo informação da própria Câmara).
Mas, em sua decisão, o juiz
Marcos Antonio Barbosa de Souza, acatou apenas uma parte do pedido de liminar
do MP. “Diante do exposto, pelos fundamentos expendidos alhures, DEFIRO,
EM PARTE, o pedido liminar descrito na exordial, para tão somente suspender os
efeitos da Lei Municipal nº 2.497/2017, devendo ser oficiado ao Setor de
Pagamento do Município de Muniz Freire/ES para que, no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas, contados da ciência deste ato judicial, promova o cumprimento
desta decisão no sentido de readequar os valores a serem pagos aos atuais
vereadores, ora Requeridos, observando o subsídio fixado na Lei nº 2.472/2016,
sob pena de incorrer em crime de desobediência”, escreveu o juiz em sua decisão.
Os vereadores já foram intimados
oficialmente e a Câmara já atendeu a determinação pasta os vencimentos deste
mês.
O caso
Em outubro de 2016, a Câmara de
Muniz Freire aprovou projeto que reduzia os salários dos vereadores de R$4,3
mil (valor fixado em 2012, mas elevado para R$4,94 mil devido reajuste
inflacionário) para R$1,7 mil. De acordo com os parlamentares da legislatura
passada (2012-2016), a ideia partiu de um projeto de iniciativa popular, porém,
a legislação municipal entende que o projeto deve ser apresentado pelo poder
legislativo. A Mesa Diretora apresentou então a proposta junto aos documentos
da população exigindo a diminuição salarial.
Porém, o projeto foi apreciado na
Câmara quatro dias após as Eleições 2016, onde apenas um vereador foi reeleito.
A assessoria jurídica da Casa deu parecer contrário por ultrapassar o prazo
fixado na Lei Orgânica do Município. Além disso, os próprios vereadores votaram
um projeto estabelecendo subsídio em R$6,5 mil para a legislatura 2017-2020.
Por sua vez, os atuais edis
aprovaram em sessão extraordinária, em janeiro do ano passado, duas propostas
que revogam todas as leis sobre alteração de salários, incluindo as que
repuseram os salários voltando ao valor da lei aprovada em 2012. À época, o
prefeito Dr. Carlinhos (PROS) chegou a vetar o aumento, mas teve o veto
derrubado na sequência.
Legenda foto divulgação – Segundo
a Câmara, os vereadores receberam mais de R$ 1,1 milhão a mais com o reajuste
indevido.
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