Campos: Mais de 860 assaltos este ano
Campos dos Goytacazes é a 67ª cidade com mais registros de roubo de todo o país. Essa estatística é do site colaborativo Onde Fui Roubado que utiliza informações fornecidas pelas próprias vítimas de assalto a fim de alertar a população sobre quais as áreas mais propensas a esse tipo de crime. Embora os dados ali expostos não sejam, de fato, oficiais, é possível obter um indicativo da criminalidade por meio de depoimentos reais. Tanto que o próprio comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar (BPM), o tenente-coronel Fabiano Santos, considera o site uma “ótima iniciativa”, mas acredita que “há uma enorme diferença em relação à realidade”. Será mesmo?
O site recebeu 127 denúncias de roubos ocorridos em Campos, mas somente 31% das vítimas disseram registrar a ocorrência nas delegacias locais. Ainda de acordo com dados do portal na internet, 68% dessas vítimas seriam homens e 54% dos assaltos aconteceriam no período noturno. O site ainda estima que o prejuízo desses crimes no bolso dos campistas já chegou a R$ 242.718,35.
A equipe de reportagem do Jornal Terceira Via procurou o 8º BPM a fim de estabelecer um contraponto entre os dados expostos nesse site e os números reais, contabilizados pelas polícias Militar e Civil. Segundo o órgão, somente em 2018, de janeiro a junho, já ocorreram 860 casos de assalto a transeuntes no município; número oito vezes maior que a quantidade de registros no site Onde Fui Roubado.
Ainda assim, é possível observar semelhanças entre os dados oficiais e os informais. No site, consta que o objeto mais roubado em Campos é o aparelho celular; a Polícia Militar confirma. Aponta-se ainda que o Centro é bairro com o maior índice de assaltos da cidade, seguido pelo Parque Tamandaré e Turf Club; e a PM também reconhece essa incidência.
A fim de traçar uma comparação entre os registros oficiais de 2017 e 2018, o Jornal Terceira Via questionou à Polícia sobre os números desses dois anos, no entanto, não foi possível obter essa estatística. O motivo seria a greve da Polícia Civil que ocorreu no período de 17 de janeiro a 7 de abril do ano passado e que acarretou na ausência de registro durante esses meses.
Registro oficial
Contudo, mesmo que os dados tivessem sido atualizados, é difícil obter uma contabilização exata dos assaltos que acontecem na cidade. Isso porque, como o próprio site aponta, menos da metade das vítimas registram o fato nos órgãos competentes. Os motivos para essa prática são diversos: descrédito com as estruturas judiciais, escassez de tempo para aguardar nas delegacias, etc.
A funcionária pública Jackeline Pessanha, por exemplo, foi assaltada duas vezes e registrou somente o primeiro crime, que aconteceu no Parque Santo Amaro, onde ela mora. Nos dois, os assaltantes levaram seu smartphone novo, mas, quando percebeu que o registro não serviu para trazer o aparelho de volta, desanimou. “Entendo que a polícia precisa desses dados, mas confesso que não tive disposição para esperar horas na DP e continuar ‘elas por elas’”, declarou ela, que não conhecia o site Onde Fui Roubado.
O comandante do 8º BPM solicita à população que não aja como Jackeline e faça a sua parte, fazendo o boletim na delegacia e contribuindo com a polícia. “Essa é uma maneira de sabermos onde os crimes acontecem e, assim aumentarmos o policiamento nessas áreas”, explicou o tenente-coronel.
Aliás, já é possível realizar um pré-registro oficial por meio de site https://dedic.pcivil.rj.gov.br/. Neste link, a vítima de assalto ou de qualquer outro crime pode fornecer as principais informações da ocorrência e agendar uma visita à delegacia com dia e hora marcados, a depender da complexidade do fato. Para fazer esse pré-registro, o cidadão deve ser maior de 18 anos, possuir um CPF e conta de e-mail e informar um endereço. Uma vez realizado o pré-registro, o cidadão receberá no e-mail cadastrado uma mensagem contendo o número do pré-registro e a senha (contra-senha) que permitirá a verificação do andamento do seu comunicado.
Site Onde Fui Roubado
O site colaborativo Onde Fui Roubado foi criado por dois jovens estudantes de Ciências da Computação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2013. O site possui registros em mais de 260 cidades e um dos aspectos mais interessantes do portal são as estatísticas geradas em tempo real. Os dados mostram gênero das vítimas, objetos roubados e tipo de assalto mais frequente (à mão armada, furto, assalto coletivo,etc).
Além de ajudar a população, alertando sobre locais propensos a ocorrer assaltos, essas informações também podem futuramente, contribuir para os órgãos oficiais de Segurança Pública, que, como dito, muitas vezes não têm acesso aos números reais devido ao baixo registro de queixas nas delegacias. Não que o site substitua a ocorrência formal, mas boas iniciativas devem ser consideradas.Fonte: Terceira Via
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