SENSO DE HUMOR
Se existe uma faceta admirável no ser humano, esta é, sem dúvida alguma, aquela que caracteriza as pessoas bem-humoradas. Rir, como dizem muitas pessoas e como afirma a própria ciência, é um remédio para muitos males e a solução para muitos problemas.
Da tristeza profunda às crises conjugais, sai antes do "atoleiro dos sentimentos ruins", aquele que consegue dar o primeiro sorriso ou a primeira risada, mesmo que alguns cínicos e despeitados insistam em defender a ideia de que "ri melhor quem ri por último". Ao contrário, penso que ri melhor aquele que ri primeiro; inclusive, porque haverá de rir por mais tempo.
E isto me leva a outro ponto desta questão de se ter ou não ter um senso de humor apurado, que é a maneira pela qual a mídia costuma tratar as informações. De uma forma pesada, tensa e, por vezes, instigando a indignação no público que é o alvo do noticiário. Você sintoniza o rádio, abre o jornal ou liga a tevê e lá vem aquela enxurrada de notícias horríveis para estragar a sua manhã, o seu dia ou atrapalhar o seu sono à noite.
Vá lá que o papel da imprensa é, mesmo, o de informar o público sobre o que está acontecendo, pelo país e pelo mundo! Vamos combinar que a mídia não pode inventar uma vida mais colorida do que é, só para que as pessoas fiquem mais alegres durante o dia. Mas a verdade é que há fatos, não tão agradáveis, que podem ser ditos de forma menos exasperante e mais bem humorada.
O campeão, no trato do noticiário com essa formatação foi, no Brasil, um jornalista muito conhecido, sobretudo na primeira metade do século passado, que se chamava Aparício Torelly, que inventou, para si mesmo, um título de nobreza, pelo qual acabou se notabilizando: Barão de Itararé. O que já era o prenúncio do seu incomparável senso de humor, visto que era filho de imigrantes e jamais foi detentor de qualquer baronato.
Pois o Barão de Itararé foi um jornalista que se dedicou a imprimir aos fatos que noticiava e comentários que fazia um caráter jocoso, divertido mesmo, o que acabou sendo a marca da sua trajetória. São dele, por exemplo, os seguintes comentários:
"A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda". "Não é triste mudar de ideias; triste é não ter ideias para mudar". "O casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e um religioso". "Quem inventou o trabalho, não tinha o que fazer". E, para concluir estes exemplos, "viva cada dia como se fosse o último. Um dia, você acerta...".
Irônico e perspicaz como costumava ser, esse bem-humorado jornalista teria material de sobra para escrever, se convivesse com a política e com os políticos de hoje!
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