Cabral admite que recebeu propina para desapropriação do Porto do Açu
O ex-governador Sérgio Cabral admitiu, em depoimento ao Ministério
Público Federal, pela primeira vez, que recebeu propinas em obras,
contratos com fornecedores e negociações envolvendo o governo do Rio de
Janeiro. Durante o depoimento, Cabral falou de valores ilícitos
supostamente pagos durante a reforma do Maracanã, desapropriação do
Porto do Açu, Linha 4 do Metrô, entre outros episódios.
A revelação feita por Cabral aconteceu durante quase três horas de
depoimento, gravado em vídeo. O ex-governador não fez uma delação. Os
procuradores o tratam como réu confesso.
Cabral afirmou que em todas as suas campanhas eleitorais, desde
1998, passando por 2002 e 2006, o ex-chefe da Casa Civil Régis Fichtner
sempre teve conhecimento e participação nos valores recebidos lícita e
ilicitamente na campanha. Acrescentou que o núcleo duro do grupo era
formado por Régis, o ex-secretário de governo Wilson Carlos, e o
ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB).
No depoimento ao MPF, Cabral diz que com relação à desapropriação
do Açu, “pode esclarecer todo o envolvimento de Régis”. Com relação a
Eike, disse que “recebeu dinheiro e direcionou recursos para causas
(como exemplo, R$ 30 mil ao hospital da Drª Rosa para crianças
cardíacas”. Informou, ainda, que “recebeu 16 milhões de dólares durante a
campanha eleitoral”. Já sobre Régis, informou que seu ex-secretário
“ganhou mais de uma dezena de milhões de reais ilicitamente na questão
do Porto do Açu”. O ex-governador, diz ainda, que pode esclarecer melhor
a questão futuramente.
Após a deflagração da operação Eficiência, desdobramento da Lava
Jato no Rio de Janeiro, em janeiro de 2017, na qual Eike Batista, dono
do grupo EBX, que iniciou o Porto, chegou a ser preso, a coluna Radar,
da revista Veja, publicou uma nota informando que a contrapartida do
ex-governador Sérgio Cabral para Eike foi a área para o empreendimento
em São João da Barra.
Delatores informaram aos investigadores que o empresário, que já
foi o oitavo homem mais rico do mundo, pagou US$ 16,5 milhões (cerca de
R$ 52 milhões) de propina ao ex-governador, preso desde novembro de
2016. O valor confere com o informado por Cabral, em depoimento, que
“recebeu 16 milhões de dólares de Eike”.
Segundo a revista Veja, pelo terreno para o Porto do Açu, Eike “fez
um cheque de 37,5 milhões de reais ao estado do Rio, governado pelo
amigo Cabral. A área, de 75 mil metros quadrados, valia 1,2 bilhão. Além
disso, todas as desapropriações eram feitas em tempo de recorde, em
cerca de 3 e 4 dias”.
Com informações do portal G1
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