Governo prepara medidas para travar concursos públicos
O governo do presidente Jair Bolsonaro
prepara medidas para barrar a realização de concursos públicos
considerados não essenciais pela nova equipe. As regras, que serão
editadas pelo governo até o início de abril, não exigem aprovação do
Congresso e terão validade imediata.
Depois de publicar, nesta quarta-feira (13), medida que extingue 21 mil cargos,
funções comissionadas e gratificações, a equipe econômica finaliza dois
decretos que fazem parte do pacote de enxugamento da máquina. O
objetivo é ampliar a eficiência do serviço público e estabelecer
critérios para a ocupação de cargos.
Um dos decretos vai condicionar a realização de concursos à adoção de
ações que promovam eficiência administrativa. Antes de conseguir
autorização para abrir novas vagas, os órgãos terão de cumprir 12 etapas
de exigências.
Entre os requisitos, estará a digitalização de serviços, informou o
secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do
Ministério da Economia, Paulo Uebel.
“Os concursos serão realizados quando for estritamente necessário. A
ideia, por ora, é não ter concurso, e sim trabalhar para a melhoria
operacional”, disse.
A implementação de serviços digitais já foi feita, por exemplo, na
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com a emissão pela
internet do certificado internacional de vacinação.
O sistema que cadastra participantes de licitações também foi
digitalizado. De acordo com o governo, os 4.000 servidores que revisavam
os documentos em mais de 2.000 unidades foram realocados para outras
funções.
Para simplificar processos, também pode estar entre as exigências a
adesão pelos órgãos aos sistemas centralizados de transportes e de
compras do governo.
O segundo decreto vai estabelecer critérios para a ocupação de cargos
e funções. Para que nomeações sejam efetivadas, o indicado terá que
cumprir requisitos, como experiência na área e formação.
Bons antecedentes também serão cobrados. Não serão aceitas, por
exemplo, pessoas inelegíveis, enquadradas pela Lei da Ficha Limpa.
“No momento em que você, antes de fazer o concurso, tem que tomar uma
série de medidas de melhoria operacional, você está segurando a
reposição automática por uma reposição criteriosa, analítica,
ponderada”, disse o secretário.
Uma revisão ampla na estrutura de carreiras dos servidores públicos federais deve ficar para 2020.
Para o secretário de Gestão da pasta, Cristiano Heckert, as medidas
iniciais, tomadas neste ano, já seguram naturalmente a criação de vagas.
“O próprio ministro Paulo Guedes tem dito que se você consegue
segurar nominalmente a despesa, ao longo de três ou quatro anos, com
inflação e crescimento da economia, você não precisa ter medidas tão
radicais de corte”, afirmou.
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