Assaltos em série em Guaxindiba - acusado pode ser mais uma vítima da violência

Yuri cantando louvor na igreja. Foto - Álbum de família

No início da tarde desta segunda-feira (22/04) a notícia de assaltos em série na praia de Guaxindiba, São Francisco de Itabapoana, foi o assunto mais comentado nas redes sociais da cidade. Internautas apavorados alertavam pelas redes sobre um veículo Voyage de cor prata que estaria sendo usado por bandidos para assaltar moradores da localidade.

Em levantamento feito junto a polícia militar, fomos informados que um veículo Voyage de cor prata, usado como Taxi na cidade de Campos, teria sido apreendido na cidade de Campos e em seu interior estaria um suspeito que poderia ser o autor dos assaltos. As vítimas dos assaltos em Guaxindiba seguiram para a Delegacia e duas, das quatro vítimas, reconheceram o acusado como sendo o suposto assaltante. Dessa forma encerramos a reportagem.

Dúvidas na reportagem

Minutos depois da publicação no blog, vários internautas entraram em contato com a nossa redação, informando que um outro veículo, também de cor prata, seria o carro usado no assalto e não o veículo taxi. “Amigo, fiquei sabendo que um veículo de cor prata rodou por Manguinhos e estava sendo conduzido por um cara cheiro de tatuagens, porém esse carro não era taxi. E ele teria seguido para Guaxindiba onde praticou assaltos. Se informe”, informou uma das fontes do blog. 

Um outro internauta, morador de Guaxindiba, também afirmou que um veículo prata com as mesmas características teria sido visto em Guaxindiba, no mesmo horário dos assaltos, porém não era taxi, inclusive as câmeras de um posto de combustíveis captaram imagens desse outro veículo saindo de uma rua transversal, próximo ao posto, e um jovem teria visto o motorista descer do carro e amassar a praça traseira, provavelmente para dificultar a identificação.

O Blog volta a abordar o caso novamente

Diante dessas informações, na manhã desta terça-feira (23/04) começamos a fazer levantamentos sobre o caso, pois estava muito confusa a história. Teríamos dois carros pratas sendo usados no mesmo dia, na mesma região para a prática de assaltos?  Tínhamos um suspeito, um veículo prata, Taxi e outro veículo prata, que não era taxi.

Carteira funcional do Yuri

Versão do taxista  

Conseguimos identificar o taxista, Yuri da Silva Gomes,22 anos, que teria sido levado para a delegacia como suspeito de ser o autor dos assaltos. Sua foto chegou a ser veiculada em grupos de WhatsApp. Na tarde de hoje conseguimos falar, por telefone, com a residência do Yuri. O jovem ao lado da mãe, teve condições de dar mais detalhes do que teria ocorrido com ele. Yuri, taxista de um ponto próximo a um hospital da cidade, nos informou que no início da tarde de segunda-feira, por volta das 14h, foi contratado por dois homens que teria como destino o parque Calabouço em Guarus. Desconfiado dos passageiros, Yuri enviou, pelo celular, a sua localização para o celular da mãe e de um amigo taxista que presenciou a saída do Yuri do ponto, com os dois passageiros.

No meio do trajeto, os bandidos mudaram a rota e ordenou que Yuri tomasse como destino o bairro Parque Prazeres. Nesse momento, os bandidos ameaçaram o taxista e disseram que eles queriam matar um outro taxista que parecia com Yuri, porém era para o taxista ficar quieto e acompanha-los. Segundo Yuri, ele seguiu pela rodovia que liga a usina São João até Gargaú e andou em estradas vicinais, dentro de plantações de abacaxi e outras lavouras, sem conseguir identificar por onde andava, enquanto era ameaçado pelos bandidos.

 O motorista contou ainda que eles pararam em uma mercearia para assaltar, porém tinha muita gente no local e os bandidos desistiram do assalto. Mais adiante, eles ordenaram ao Yuri que ele parasse em outra mercearia. Obrigando o taxista a descer com eles, e neste comercio realizaram o assalto, levando dinheiro e maços de cigarros.

Depois de muito rodar por estradas que não conhecia, eles retornaram para a cidade de Campos, onde os bandidos fugiram levando três celulares, sendo 2 aparelhos do carro e um particular do taxista, além de dinheiro. Yuri conta que acessou a avenida José Carlos Pereira Pinto, com a intenção de procurar a delegacia de polícia para comunicar o fato, porém no trajeto ele encontrou dois membros de sua igreja. Yuri parou o carro, contou o ocorrido. Quando iria ligar para os familiares, através do celular dos amigos da igreja para comunicar o fato, foi abordado por policiais do serviço reservado (P2) e encaminhado para a delegacia de polícia.

A mãe do taxista disse a nossa reportagem que a partir do recebimento da mensagem de localização do filho, ela e o proprietário do veículo passaram a tentar localizar o jovem, sem sucesso.   Parte do relato do Yuri e sua mãe a nossa reportagem, está registrado no boletim de ocorrência que tivemos acesso. Com esse depoimento do Yuri, o delegado ouviu as vítimas, acusado e testemunhas, instaurando inquérito para investigar e chegar a verdade dos fatos.

 Quem é o Yuri?

Conversamos com algumas pessoas próximas ao taxista e descobrimos que o rapaz é evangélico, faz parte de um grupo musical na igreja, tranquilo, trabalhador e nunca teve problemas com a justiça. Relatos de colegas taxistas e amigos da igreja, reforçam a tese de que Yuri é mais uma vítima da violência que tem atingido em cheio os profissionais taxistas e motorista de aplicativos e, por uma consciência, no mesmo dia e horário, um outro veículo da mesma cor estava sendo usado, também, para a prática de crimes na mesma região. Se o fato realmente for confirmado pelas investigações, teríamos na região um outro carro com um bandido ainda solto, podendo praticar mais assaltos.

Nós do blog do Carlos Jorge, até então não tínhamos divulgado as imagens e nem o nome do Yuri, porém diante de tantas incertezas, que só as investigações da polícia poderão elucidar, decidimos voltar ao assunto, trazendo a versão do Yuri, por entender que a grande possibilidade do Yuri ser inocente. Desta forma não é correto afirmar a culpa ou inocência do jovem, porém é oportuno que possamos colocar em destaque a sua versão, para que o veredito condenatório das redes sociais não prevaleça. 

Torcemos que a verdade prevaleça e que o Yuri consiga provar a sua inocência.