Grupo de Resgate Voluntário pede socorro
Pouca gente sabe, mas há quem se dedique a socorrer vítimas de acidentes de trânsito sem ganhar nada por isso, exceto a gratificação em servir. Essa é a função do Grupo de Resgate Voluntário, o GRV – homenageado com o prêmio Sou Terceira Via em 2018. O grupo atua formalmente há cinco anos no município de Campos e arredores em situações de urgência, emergência e trauma. Isso acontece porque aproximadamente 80 profissionais, mesmo sem salário e sem visibilidade, propõem-se a enfrentar situações adversas para salvar vidas. Acontece que, este mês, a UTI Móvel, resultado de doação e fundamental para a realização dos atendimentos, apresentou graves problemas mecânicos, impedindo a continuidade do serviço. A mobilização, agora, é para obter recursos para a manutenção dessa ambulância e retorno dessa imprescindível tarefa.
Para se ter uma ideia da importância do serviço do GRV, somente entre janeiro de 2018 e março de 2019, o grupo realizou 1900 atendimentos em Campos, graças à boa vontade de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, motoristas de veículos de emergência e socorristas.
O grupo conta, hoje, com uma UTI Móvel Fiat Ducato, resultado de doação, que custa aproximadamente R$ 200 mil. No entanto, em abril, essa ambulância parou de funcionar. A manutenção foi orçada em R$ 7 mil, mas para um grupo que não recebe verbas das entidades governamentais, obter essa quantia é um desafio.
“Não recebemos verba pública e sequer apoio empresarial na cidade. Os recursos que conseguimos vêm do curso de socorrista, que ministramos com muito amor todos os meses, e que cobre apenas as despesas básicas de aluguel e compra de insumos. Recebemos da Fundação Municipal de Saúde apenas o combustível, mas não é o suficiente. Neste momento somos nós que precisamos de socorro”, declarou Emílio Martins, coordenador do GRV.
Como o GRV funciona
O GRV atua em sistema integrado com a emergência do município, através de um termo de cooperação técnica da Fundação Municipal de Saúde (192) e do Corpo de Bombeiros (193). Quando os referidos órgãos não têm condições de atender a esses chamados feitos pela população, eles acionam o GRV. Isso é feito não somente em acidente de trânsito, mas em todo e qualquer caso que demande socorro.
Os 80 médicos, paramédicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, socorristas e motoristas de transporte emergencial que doam seu serviço ao GRV trabalham em escala de horários, sendo que, de quinta-feira a domingo, os atendimentos ocorrem em maior número. Nos demais dias úteis, eles ficam em prontidão para casos emergenciais. Geralmente, esses voluntários realizam esse trabalho em seus dias de folga. De acordo com o coordenador do grupo, Emílio Martins, embora o GRV atue na cidade de Campos, outros municípios acabam sendo amparados no caso de acidentes de trânsito que ocorram em estradas federais ou estaduais.
Os equipamentos utilizados pelo Grupo são oriundos de doações ou de planejamento por parte dos próprios voluntários que estabelecem um prazo (de meses) para retirar de seus próprios bolsos a quantia necessária para comprar os materiais.
Sem divulgação
Diferentemente de outros trabalhos voluntários, o serviço desenvolvido pelo GRV não tem marketing. Isso porque as disposições do Conselho Regional de Medicina (CRM) e do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) vetam a divulgação de imagens dos pacientes nas redes sociais. Somente o público pode fotografar e compartilhar esses registros.
“Isso acaba fazendo o nosso trabalho ser pouco notado pela população. Costumamos dizer que o serviço que prestamos é como uma obra de saneamento básico: é invisível, mas, sem ele, as coisas seriam muito piores”, lembrou Emílio.
Segundo ele, muitas vezes os “louros” recaem sobre o atendimento hospitalar, ainda que, sem o trabalho dos socorristas, muitos pacientes sequer chegariam até o local. “Dificilmente lembram aqueles que precisaram se sujar, carregar peso, descer com corda, entrar na água gelada… Ações que muitas vezes se equiparam aos apuros da ficção. A visualização desse trabalho é mínima. Atuamos nos bastidores”, afirmou.
O coordenador do Grupo disse ainda que, algumas vezes, chegou a ver pessoas que socorreu seguindo suas vidas nas redes sociais ou até mesmo na rua e pensou: “só nós sabemos o que precisamos fazer para que ela pudesse estar aqui”.
Curso de Socorrista
O trabalho voluntário desenvolvido pelo GRV se mantém graças ao Curso para Formação de Socorristas (PHTLS) que acontece mensalmente em Campos e é voltado para aqueles profissionais que já atuam na área da saúde e/ou no atendimento pré-hospitalar de modo geral.
Nas aulas teóricas e práticas, ministradas por três enfermeiros credenciados internacionalmente pela American Safety, são abordados aspectos relacionados à prevenção e à biomecânica do trauma, além da anatomia, fisiologia e fisiopatologia dos diversos órgãos e sistemas envolvidos nas lesões. Os profissionais também aprendem a adequar o atendimento de modo a acelerar o processo e melhorar o prognóstico das vítimas.
Mais informações podem ser obtidas no site http://www.grv.org.br/ ou na página do Facebook Grupo de Resgate Voluntário – G.R.V.
Fonte: Terceira Via
Nenhum comentário
Postar um comentário