Partidos negociam alterações na reforma da Previdência; votação hoje ainda é incerta
Em meio às negociações finais para a reforma da Previdência e
diante da necessidade de consolidar os votos necessários para aprovar a
proposta, partidos que apoiam o texto negociam mudanças no relatório do
deputado Samuel
Moreira (PSDB-SP). Ainda não está certo se a votação
começará nesta terça-feira no plenário da Câmara dos Deputados .
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Um dos destaques (proposta para
alterar o texto principal) é do partido Novo e prevê a inclusão de servidores
de estados e municípios nareforma
da Previdência . Os governos regionais foram retirados do
texto durante a discussão da comissão especial como parte do um acordo para
aprovar a proposta.
O governador de Goiás, Ronaldo
Caiado, disse que o destaque é “questão de sobrevivência” para os estados. O
déficit da Previdência dos estados é uma das principais causas da grave crise
financeira pela qual passa a maioria das unidades da federação. Logo após
o Novo apresentar o destaque, deputados como o líder do Podemos, José Nelto
(GO), já anunciaram que votarão contra a medida.
Outra emenda, do PRB, irá ajustar a
aposentadoria para mulheres. A mudança vai permitir que as mulheres possam ter
direito a 60% do valor do benefício a partir dos 15 anos de contribuição. Ao
atingir esse critério, elas poderão receber 2% a cada ano a mais na ativa. No
relatório, Moreira reduziu o tempo mínimo de contribuição das mulheres de 20
anos para 15 anos. Com isso, elas teriam direito a 60% do benefício. No
entanto, só receberiam mais 2% por ano após os 20 anos de contribuição.
Buscando votos : Governo agiliza
liberação de R$ 2,5 bi em emendas para aprovar reforma da Previdência
O PL (antigo PR) deve ainda insistir
no destaque para retirar os professores da reforma. Além disso, a oposição já anunciou
que irá apresentar nove destaques, o número a que esses partidos têm
direito.
A situação dos policiais federal e outros agentes de segurança federal ainda
não está definida. Partidos de centro querem evitar mudanças nas regras de
aposentadoria para essas categorias. O argumento é que, caso o governo ou o PSL
insistirem em mudanças que beneficiem essas carreiras, seria difícil segurar
alterações para abrandar outras regras.
Nesta segunda-feira, líder do PP,
Arthur Lira (PB), chegou a afirmar que, com isso, a reforma poderia perder até
R$ 400 bilhões — o impacto estimado é de quase R$ 1 trilhão em dez anos.
O presidente Jair Bolsonaro disse,
na tarde desta terça-feira, que o governo negocia retirar agentes de forças de
segurança do texto principal da reforma da Previdência. As regras seriam
editadas em um projeto de lei complementar, após a promulgação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC). Desde a semana passada, o presidente tem atuado
para que policiais tenham normas mais brandas para a aposentadoria.
A declaração de Bolsonaro contraria
as falas da líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP),
e do ministro da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni . Eles afirmaram o texto da reforma já atendia
os pedidos dos policiais.
A votação nesta terça-feira ainda é
incerta. Além da falta de acordo para o texto final da reforma, será preciso
superar um longo processo de obstrução. Pelo menos sete requerimentos de
adiamento de votação, apresentados pela oposição, devem ser votados antes do
início da análise do texto principal da reforma.
Além disso, haverá longos discursos
tanto da oposição quanto do governo. Os líderes do DEM na Câmara, Elmar
Nascimento (BA), e do MDB, Baleia Rossi (SP), afirmaram que a reforma deve ser
apenas discutida nesta terça-feira, com a derrota dos requerimentos de
obstrução feitos pela oposição, e que o texto principal só deve ser votado na
quarta-feira em plenário.
Elmar destacou que é preciso 308
votos a favor do projeto e que não seria bom tentar votar o texto principal às
2h da madrugada.
Também nesta terça-feira, o PT
anunciou que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da
República (PGR) contra a liberação de verbas por parte do governo para
conseguir votos do governo a favor da reforma.
Fonte: O Globo.
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