Em assembleia médicos decretam o fim da greve na Saúde Pública de Campos

Acabou a greve dos médicos de Campos, deflagrada desde o último dia 7. A decisão foi tomada na noite de hoje em assembleia geral extraordinária da categoria, no auditório da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia. 

A possibilidade parecia certa depois que ontem a 2ª Vara Cível de Campos acatou a manifestação do Ministério Púbico Estadual e marcou uma audiência de conciliação entre todas as partes em 12 de setembro, para tentar pôr fim à paralisação. E que, também ontem, representantes da categoria se reuniram mais uma vez com o prefeito Rafael Diniz (Cidadania), seu secretário de Saúde, Abdu Neme (PR), e, pela primeira vez, com o procurador-geral do município, José Paes Neto. 

A dúvida passou a existir depois que o Ministério Público Federal (MPF) anunciou na tarde de hoje ter pedido a execução imediata de uma sentença para garantir a regularização dos serviços da Saúde Pública Municipal, dada pela Justiça Federal desde maio deste ano. Era baseada em denúncia sobre a rede municipal de Saúde em 2015, ainda no governo Rosinha Garotinho (hoje, Patri). Mas era um dos pleitos atuais dos médicos, que poderiam encarar a manifestação do MPF de Campos como reforço à sua posição em um clássico conflito entre patrão e empregado. 

Ao blog do Edmundo Siqueira, hospedado no Folha1 e que sempre andou à frente na cobertura do complexo caso, o procurador da República Guilherme Garcia Virgílio disse que era “coincidência” a divulgação hoje da determinação do MPF sobre a Saúde de Campos. Mas usou a greve para endossá-lo: 

— A sentença proferida não tem relação com a greve dos médicos. Porém ela (a greve) deixa claro que os problemas não foram resolvidos. 

Ao que José Paes Neto, procurador do município respondeu: 

— Qualquer pessoa que acompanha o assunto sabe que a greve não teve início por conta de condições de trabalho. Mas por conta da instalação do ponto biométrico. E por conta dos cortes de gratificações e substituições, que é sim um problema nosso, causado pela atual situação financeira do município. 

Como sabe a imensa maioria dos mais de 500 mil campistas que não têm condições de pagar um plano de saúde — e outros tantos de municípios vizinhos que diariamente buscam o Hospital Ferreira Machado (HFM) como polo regional —, o fim da greve não é a solução ao problema da Saúde Pública de Campos. Como prova a cronologia do que hoje determinou o MPF, e o próprio presidente do Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), José Roberto Crespo, admitiu ao programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, no último dia 9: “os problemas não vêm de hoje”. 

A decisão dos médicos baixou a corda. É uma oportunidade para todos se sentarem e debaterem o que fazer para que ela não arrebente de vez. Sempre sobre o lado mais fraco: a população. 

Fonte: Folha 1 

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