COM CALMA E COM JEITO...
Wagner Fontenelle Pessôa |
Essa história de que por trás de todo grande homem, há sempre uma grande mulher, é uma simples figura de retórica. Prefiro acreditar que “por trás de todo homem que pensa que se manda, há uma mulher, muito hábil e astuciosa, mandando nele”.
Verdade mesmo! Isto tanto é histórico, quanto é atávico ou hereditário: está entranhado na informação genética da raça humana. O problema é que algumas mulheres — e não as mais espertas, seguramente — sucumbem ao tal do empoderamento e decidem evidenciar o fato, desmoralizando o seu homem publicamente e o submetem à chacota dos demais de sua espécie.
Estes, por sua vez, morrem de rir do miserável “barriga branca” ou M.O. (marido oprimido), como também são chamados, sem se darem conta de que, talvez de um jeito mais sutil, é quase certo que também estejam sendo, digamos assim, submetidos ao mesmo processo de submissão e adestramento. Se Eva fez com Adão e Dalila fez com Sansão, é quase certo que a sua mulher também faz com você, bobão!
Há coisas que temos grande dificuldade de entender sobre as mulheres, assim como há coisas de que as mulheres entendem muito bem, como homem algum jamais entenderá. Nos meandros do amor e do prazer, por exemplo, essas maravilhosas criaturas, dissimuladas e dissimuladoras, são de uma excepcional competência.
Com a maior facilidade, fazem-nos acreditar que desejam aquilo que, de fato, não querem nem um pouco. Ou, ao contrário, de que não estão nem um pouco interessadas em algo ou em alguém pelo que seriam capazes de morrer.
Cá prá nós, passamos a vida toda à mercê das fêmeas de nossa espécie. Começando pelas nossas mães, continuando por nossas namoradas e mulheres e terminando pelas nossas filhas, que, a partir de certa idade, adquirem aquela insuportável mania de nos darem ordens, sem qualquer cerimônia, como se o tempo as tornasse sábias e a nós, uns patetas.
E, para piorar a nossa desvantagem, ainda há os indecifráveis códigos femininos, que se transmitem de geração a geração, por simples tradição oral. As jóias de família, por exemplo, devem ser passadas às filhas e às netas. Porque, do contrário, mudariam de mãos e iriam acabar em poder de outras famílias. O mesmo acontecendo com as receitas especiais e secretas das avós: ensinam-nas às filhas, mas, em nenhuma hipótese, aos filhos. Para que não caiam nas mãos indesejáveis de algumas futuras noras. Por vezes, também indesejáveis.
De tudo, porém, o que mais me admira nessas incríveis mulheres, é a sua capacidade de nos fazerem pensar que estamos dando a palavra final, em algumas questões, sobre as quais elas já deliberaram, muito antes de discutirem conosco sobre aquele assunto. Porque não querem a nossa opinião; elas só querem o nosso aval para a sua decisão.
É esta, aliás, a sua mais desconcertante habilidade: a de nos fazerem acreditar que somos mais fortes e daremos a última palavra em todas as coisas. Mesmo que, no alvorecer de algumas das nossas melhores noites, tenhamos mudado a nossa maneira de entender determinadas coisas. Não raramente, adotando um ponto de vista diametralmente oposto ao que tínhamos, quando nos enfiamos sob os lençóis. Sem sequer desconfiar que ali se encontrasse, à nossa espreita, um ser despido e mal intencionado.
Pois assim é que são as mulheres! Essas ardilosas mulheres que, com calma e com jeito, passam o laço e apertam o nó, no pescoço de qualquer sujeito. Sem que, na maioria das vezes, o inocente perceba como funciona esse “garrote vil”...
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