Comitê acompanha monitoramento da foz do Paraíba do Sul

O Comitê Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana (CBH-BPSI) divulgou nota onde relata estudos e análises técnicas sobre a Bacia do Paraíba do Sul. A organização está preocupada com atual situação da foz em São João da Barra. Monitoramentos semanais têm sido realizados em outros pontos do rio. Uma crise hídrica que gerou desabastecimento se intensificou este ano, superando a crise de 2014, segundo o comitê. Ações conjuntas com outras organizações são consideradas relevantes para enfrentar o problema que tende a se agravar. 

De acordo com o relatório do Comitê Baixo Paraíba do Sul, mostram que da região da transposição à foz do rio, em especial no Baixo Paraíba, a crise hídrica se intensificou em 2019, diferentemente da porção denominada Paraíba I (da nascente a barragem de Santa Cecília). Segundo o documento, essa discrepância deve-se ao fato de que a porção do rio à montante de Santa Cecília tem a sua vazão regularizada pelos reservatórios. ao contrário da porção denominada Paraíba II. 

“Assim sentimos muito mais os efeitos da maior crise da história do Paraíba do Sul do que os outros comitês e, principalmente, da parte paulista ou a que atende a capital fluminense, pela transposição de dois terços da vazão do rio para o Sistema Guandu”, destaca. 

Desde abril de 2014, foi reativado o Grupo de Trabalho de Operações Hidráulicas do CEIVAP, composto por Operadora Nacional do Sistema (ONS), Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), comitês afluentes e outros órgãos decidem sobre as vazões do rio a partir da barragem de Santa Cecília de forma a se preservar os reservatórios do Paraíba, a fim de manter o abastecimento da porção paulista e a capital fluminense. 

“Quando se identificou a maior crise hídrica da história do Paraíba do Sul, em maio de 2014, foram adotadas mudanças nas vazões em Santa Cecília que, ao mesmo tempo, impediu o colapso hídrico do rio. Até seu trecho a montante desta barragem, impactou profundamente o Paraíba II (porção que atende à área de abrangência dos comitês Médio, Piabanha, Rio dois Rios e Baixo Paraíba), sendo este último, o de maior extensão, por estar situado na sua foz”, diz o relatório. 

A redução de vazão pré-estabelecida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para preservação dos reservatórios causou um desabastecimento em diversas cidades como Sapucaia, Barra Mansa, São Fidélis, São João da Barra, dentre outras. O possível fechamento da barra do rio Paraíba do Sul foi prevista por pesquisadores. “Desde a década de 1960, quando foi concretizada a transposição, a foz do rio vem perdendo sua força e, a olhos vistos, o mar vem avançando com grande velocidade”, relatam. Nos últimos dez anos, também segundo o INEA, um grande aumento no fenômeno de intrusão salina foi identificado. 

Entre as conseqüências levantadas, o Comitê do Baixo Paraíba do Sul lista o aumento de salinidade na baixada campista, que é alimentada pelo rio; a redução do lençol freático de toda ela; a eutrofização acentuada de toda a rede de canais da baixada, que é também alimentada pelo rio; a redução do potencial agrícola de toda a região pela menor capacidade de produção de alimentos, fator importante de nossa economia; prejuízos devido a redução da capacidade de garantir a dessedentação de animais; elevação da salinidade do lençol freático pela percolação da água do mar; aumento da concentração de diversos sais pela alta evaporação com a menor renovação das águas nos canais e lagoas; dentre outras. 

O documento finaliza com a proposta de promover urgentemente justa repartição do direito de acesso aos recursos hídricos, prevista pela Política Nacional dos Recursos Hídricos. “Além de igualdade de oportunidade ao desenvolvimento das diversas regiões e sub-regiões hidrográficas, cumprindo o pacto federativo, o direito à vida e à dignidade humana”, conclui o relatório. 

Fonte: Terceira Via. 

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