COM AS "ALTEROSAS" DE FORA
Wagner Fontenelle
Pessôa
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A
vontade de ser notado é uma fraqueza comum nas pessoas. Mas se sua procura pela
notoriedade vai além de certo ponto, elas se tornam irritantes, engraçadas ou, apenas,
ridículas. E como a imprensa, costuma abrir espaço para alguma dessas figuras,
uns acabam caindo no ostracismo depois de certo tempo e outros se tornam
políticos.
Há gente que faz de tudo para
aparecer e há uns tipos que até se tornam folclóricos, por causa disto. Como um
português que andou pelo Brasil e foi alcunhado de “beijoqueiro”, pela sua
irritante mania de beijar toda personalidade ou famoso que aparecia em público,
até que levou um empurrão do Frank Sinatra e uns pescoções dos trogloditas que
faziam a segurança do cantor.
Só para lembrar, em busca dessa tal
notoriedade e sempre com o apoio da mídia — principalmente, o da mídia
televisiva — já vimos um delegado de polícia em Cabo Frio , que proibiu
as mulheres de usarem biquínis nas praias e vimos também um juiz de direito no
interior de São Paulo, que proibiu aos casais de namorados de se beijarem nas
praças e em outros locais públicos.
Tivemos
até um presidente da República que, talvez por falta do que fazer, proibiu que
as candidatas, nos concursos de misses, desfilassem de biquíni na televisão. Logo
depois disso, dizem que sob o efeito de outro pileque, apresentou sua renúncia
ao Congresso: Jânio da Silva Quadros, que bebia como gente grande e tomava uns
porres homéricos no Alvorada!
O Rio de Janeiro teve um prefeito que adorava
criar factóides, para chamar a atenção sobre si. Até entrar num açougue e pedir
um picolé ele chegou a fazer certa vez, só para que a imprensa registrasse o
fato. Esse foi — ninguém mais, ninguém menos — que o Cesar Maia, pai do atual
presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia, que aprendeu com ele como
chamar os holofotes sobre si.
Ah, sim! Também houve um delegado de polícia
em Salvador que proibiu o uso do topless nas praias sob sua jurisdição. Para
ele, exibir “a padaria, a leiteria ou o parque de diversões”, só em Porto Seguro , Arraial
da Ajuda e Trancoso. Mas uma soteropolitana, dessas bem liberadas, recorreu à
Justiça com um pedido de “habeas corpus”
preventivo e conseguiu uma decisão favorável do douto julgador, para que
pudesse mostrar o que é seu a quem quisesse ver.
Foi uma beleza! Aonde a garota ia, também ia a
imprensa e, como é fácil imaginar, um séquito de intransigentes defensores do
“direito de ir e vir com os seios à mostra”... Isto é que é ter consciência da
própria cidadania! O xerife teve o seu momento de glória e a baianinha, mais
ainda.
Mas não posso pensar neste tema sem me
lembrar, também, do episódio que considero a busca mais apelativa que alguém já
fez, para conseguir os tais minutos de fama. E, por outro lado, o maior “mico”
já pago no Brasil por um político de alto coturno, que se deu e se passou
durante um desfile de carnaval, na época em que era presidente da República o
mineiro Itamar Franco.
Naquele ano, ao contrário do que costumava
acontecer, o presidente resolveu usar o camarote oficial que lhe fora
reservado, para assistir o desfile na Marquês
de Sapucaí. Veio e trouxe uma numerosa comitiva, entre ministros,
assessores e seguranças. A conduta do séquito presidencial foi execrável. O
ministro da Justiça tomou um pileque monumental e deu o maior vexame. Melhor
dizendo, um dos maiores vexames! Porque o maior, mesmo, quem deu foi o próprio
Itamar!
Ao final da passagem de uma das Escolas, o
presidente perdeu a compostura e manifestou a vontade de conhecer uma modelo de
segunda categoria, que havia desfilado, nua como viera ao mundo, no alto de um
carro alegórico, que acabara de transitar bem diante de seus olhos. E os
assessores, evidentemente, logo providenciaram para que a dona da “genitália
desnuda” comparecesse sem demora ao camarote oficial.
E assim — com todas as emissoras filmando e os
repórteres fotografando em close, de baixo para cima — o presidente Itamar
Franco frustrou a tradicional família
mineira, posando de mãos dadas com a tal modelo, que ali encontrou o seu
momento de glória, até que a comitiva presidencial se retirasse do espaço que
lhe fora reservado, no Sambódromo do Rio de Janeiro.
Ele sorrindo, com o “Pico do Itacolomy” em repouso absoluto. E ela, sem calcinha, com
“as Alterosas” inteiramente de
fora...
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