CCJ do Senado aprova projeto da prisão após 2ª instância por 22 votos contra 1
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do
Senado aprovou, por 22 votos a 1, um projeto de lei autorizando a prisão após
condenação em segunda instância. O tema ganhou força no Congresso com a decisão
do Supremo Tribunal Federal (STF) de exigir a tramitação completa de um
processo judicial para que um condenado seja preso.
Apenas o senador Rogério Carvalho
(PT-SE) votou contra o projeto. Outros parlamentares contrários à proposta não
compareceram à sessão da CCJ. A proposta ainda passará por um turno extra de
votação na comissão nesta quarta-feira, 11, já que houve alterações
substituindo o texto original.
O projeto poderá ser enviado
diretamente para a Câmara depois da tramitação concluída na comissão, por ser
classificado como terminativo. Senadores devem, no entanto, levar o texto para
o plenário. A tendência é que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP),
segure o texto até a Câmara concluir a votação de uma proposta sobre o tema.
O projeto foi escrito por senadores
com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e recupera trecho
do pacote anticrime que foi retirado pela Câmara. A proposta altera o Código de
Processo Penal prevendo que o tribunal de segunda instância determinará a
execução provisória da pena ao proferir a condenação.
Apesar de autorizar a prisão após
condenação em segunda instância, o projeto é flexível. Pela proposta, o
tribunal poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a prisão “se houver
questão constitucional ou legal relevante”.
O projeto prevê ainda que o Supremo
Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) poderão suspender
a prisão se recurso “não tiver propósito meramente protelatório” e “levantar
questão constitucional ou legal relevante” que possa resultar em liberdade.
Como revelou a relatora da proposta,
Juíza Selma (PODE-MT), ao Broadcast Político, sistema de notícias
em tempo real do Grupo Estado, o texto precisou ser flexibilizado para que
fosse possível a votação. O presidente da comissão especial da Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) que trata sobre o tema na Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM),
classificou o projeto do Senado como uma “gambiarra”.
A proposta deixa aberta uma questão
central na discussão: se a prisão em segunda instância, após eventual sanção
presidencial, atinge condenações anteriores, como a do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Juíza Selma entende que sim. Outros senadores e juristas,
no entanto, afirmam que há um impasse sobre a interpretação do alcance.
Daniel Weterman
Estadao Conteudo
Copyright © 2019 Estadão Conteúdo. Todos os direitos reservados.
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