Militar do Corpo de Bombeiros é preso em operação do caso Marielle

 
   O militar do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa foi preso, na manhã desta quarta-feira, (10/06) durante uma ação que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes. Ele, que foi encontrado em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, é suspeito de ter participado do sumiço das armas que podem ter sido usadas no crime.
   A prisão do militar foi feita pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e pelo Ministério Público estadual (MPRJ) durante a Operação Submersus 2, que investiga o sumiço de armas do PM reformado Ronnie Lessa. O advogado de Maxwell acompanhou sua prisão. 
   Os agentes ainda cumprem 10 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Maxwell e outras quatro pessoas. Na casa do bombeiro, que não se manifestou ao ser capturado, foram apreendidos documentos e celulares.
  "É importante ressaltar que essa prisão ratifica a decisão acertada dos ministros do STJ no sentido de não federalizar a investigação do caso Marielle e Anderson e manter essa investigação aqui com a Delegacia de Homicídios", destacou o delegado Felipe Curi, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil.
   Um policial militar do 9° BPM (Rocha Miranda) também é alvo dos mandados de busca e apreensão. De acordo com a promotora Simone Sibilio, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MPRJ (Gaeco), o PM, que não teve a identificação revelada, é muito amigo de Lessa.
   Lessa foi preso no dia 12 de março do ano passado, juntamente com o ex-PM Élcio Queiroz. Os dois são apontados como os responsáveis por atirar contra a vereadora e seu motorista.

QUATRO COMPARSAS
   De acordo com as investigações, um dia após a prisão de Lessa e Élcio, Maxwell ajudou Elaine Pereira Figueiredo Lessa e Bruno Pereira Figueiredo, esposa e cunhado de Ronnie, respectivamente; José Marcio Mantovano; e Josinaldo Lucas Freitas a ocultar armas e acessórios pertencentes a Lessa. O material estava em um apartamento do PM no Pechincha, além de outros locais ainda desconhecidos.
Elaine, Bruno, José Marcelo e Josinaldo foram presos durante a primeira fase da Operação Submersus, em outubro do ano passado.
   O papel de Maxwell no sumiço das armas foi ceder o veículo utilizado para guardar o vasto arsenal bélico, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse jogado em alto mar depois. Pelo menos seis fuzis foram lançados no mar da Barra da Tijuca, na altura do Quebra-Mar. O carro usado atualmente é da esposa de Lessa, mas já esteve com o bombeiro.
"É importante ressaltar que esse caso até hoje já levou à prisão 61 pessoas. É uma marca emblemática e a gente trabalha diuturnamente para concluir o caso tão logo", reforçou o delegado Daniel Rosa, titular da DHC, dizendo que espera uma solução breve para o caso.
O delegado diz ainda que Maxwell é grande amigo de Lessa.
"São duas pessoas extremamente ligadas tanto na vida do crime, quanto na vida na social", enfatiza.
OBSTRUÇÃO DE JUSTIÇA
   Para o MPRJ, o bombeiro e os quatro comparsas praticaram o crime de obstrução de Justiça, que "prejudicou de maneira considerável as investigações em curso e a ação penal deflagrada na ocasião da Operação Submersus, na medida em que frustrou cumprimento de ordem judicial, impedindo a apreensão do vasto arsenal bélico ali ocultado e inviabilizando o avanço das investigações".
"Nós temos imagens, medidas cautelares que foram implementadas ao longo dessa investigação, provas testemunhais, dados, análise de vínculos", enumera Rosa, sobre a coleta de provas para prender Maxwell.
Até hoje, a arma usada para matar Marielle e Anderson não foi encontrada, segundo o Ministério Público "em razão das condutas criminosas perpetradas pelos cinco denunciados".
A Corregedoria do Corpo de Bombeiros acompanhou a prisão de Maxwell. De sua casa no Recreio, ele foi levado para a sede da DHC, no bairro vizinho da Barra, onde prestará depoimento.
Fonte: O Dia

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