Prazos e seções eleitorais na pandemia
Faltando cerca de três meses para as eleições municipais, pouco foi decidido a respeito das medidas que serão adotadas para garantir a segurança sanitária do pleito, que deve acontecer ainda em meio à pandemia do novo coronavírus. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) informou que não tem as informações solicitadas pela reportagem. Entre elas, estão os procedimentos e normas que serão adotados para diminuir o risco de contágio pela covid-19. Até o momento, foi anunciada somente exclusão da necessidade de identificação biométrica no dia da votação, anunciada em julho pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão foi tomada pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, após ouvir médicos do Hospital Sírio Libanês, da Fundação Fiocruz e do Hospital Albert Einstein, que integram o grupo que presta a consultoria.
Para decidir excluir a biometria, dois fatores foram
considerados: a identificação pela digital pode aumentar as possibilidades de
infecção, já que o leitor não pode ser higienizado com frequência; aumenta as
aglomerações, uma vez que a votação com biometria é mais demorada do que a
votação com assinatura no caderno de votações. Muitos eleitores têm dificuldade
com a leitura das digitais, o que aumenta o risco de formar filas. Porém, nada
foi falado sobre o uso e higienização da urna eletrônica. O aparelho substituiu
a tradicional cédula de votação e tem teclas que precisam ser tocadas para
registrar as opções do eleitor.
TSE pode ampliar
horário de votação
No último dia 3, na sessão que abriu o segundo semestre
forense de 2020 no TSE, o ministro Luís Roberto Barroso falou sobre a
necessidade de adquirir equipamentos de segurança para mesários, como máscaras
do tipo face shield, máscaras com três camadas e álcool em gel.
De acordo com o ministro, também será necessário
providenciar marcadores adesivos para indicar, no chão das seções eleitorais, o
distanciamento social, além de outros materiais.
Estudos feitos pelo Instituto de Matemática Pura e
Aplicada (Impa), em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP) e o
Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), vão embasar decisão a respeito do
melhor horário e a melhor duração do período de votação, a fim de evitar
aglomerações nas seções eleitorais.
Segundo Luís Roberto Barroso, o horário de votação das
eleições municipais deste ano deve ser estendido em pelo menos uma hora, das 8h
às 18h, em razão da pandemia. A ideia é que ao menos sejam reservados os
primeiros horários de votação para quem tem mais de 60 anos ou é considerado do
grupo de risco para a doença provocada pelo novo coronavírus. O objetivo das
medidas é impedir a formação de filas e aglomerações que aumentam o risco de
transmissão do novo coronavírus.
De acordo com o TRE-RJ, contudo, “dados referentes a
locais de votação e agregação de seções eleitorais” deverão ser divulgados
somente 60 dias antes da votação em primeiro turno, marcada para o dia 15
novembro. O segundo turno acontece no dia 29 do mesmo mês.
Atenção deverá
estar na prevenção
Dados do TRE-RJ apontam que Campos tem 360.627 aptos a
votar. Pessoas que, a cada dois anos, formam filas em centenas de seções,
distribuídas entre as quatro zonas eleitorais que compõem o sétimo maior
colégio eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, para exercer o direito de
escolher seus representantes.
De acordo com o
médico infectologista Nélio Artiles, todavia, o ato de votar durante uma
pandemia vai demandar atenção especial das autoridades, caso a situação
sanitária do país não sofra melhora importante até setembro.
“A previsão para daqui a 3 meses é totalmente insegura.
Sabemos que as curvas têm a tendência de baixar, mas não de acabar. Então, se
há uma perspectiva de aglomeração, como nas seções eleitorais, há a necessidade
de ter uma organização de fluxo, de logística, muito grande, com fiscalização
redobrada, para que haja o distanciamento entre as pessoas, para que não ocorra
acúmulo dentro de determinada área física”, diz o médico.
Artiles alerta, ainda, para a necessidade de higienização
das mãos dos eleitores e mesários, bem como de itens e equipamentos que possam
ser compartilhados.
“A higienização da mão é extremamente importante,
especialmente com o manuseio de teclas, canetas, papel e de trocas de material,
o que aumenta a chance de transmissibilidade”, continua o especialista.
Por fim, o infectologista alerta para a necessidade de se
fiscalizar o uso de máscara nas seções eleitorais.
“A obrigatoriedade das máscaras vem sendo relaxada. As
pessoas usam cada vez menos e de forma inadequada. Isso não pode acontecer”,
encerra.
Fonte: Terceira
Via
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