Famílias perdem até R$ 15 mil com "golpe da miss e modelo"

Criminosos se passam por agentes e coordenadores de concursos de beleza para enganar famílias com promessas de desfiles no exterior e fama fora do Brasil. Pix facilitou as fraudes, alerta Polícia Civil

Que o Espírito Santo é celeiro de grandes sucessos da moda não é novidade para ninguém. O Estado já teve representantes que ganharam títulos até internacionais em competições por todo o mundo.

Mas, até hoje, criminosos continuam se passando por agentes de modelos e coordenadores de concursos de beleza para aplicarem golpes, principalmente, em adolescentes e jovens que querem seguir na carreira artística.  ACESSE O NOSSO INSTAGRAM

Nos últimos meses, famílias chegaram a perder R$ 15 mil e, após o pagamento, acabam nem conseguindo mais contato com os golpistas, que geralmente se apresentam como grandes profissionais da área de outros estados.

A reportagem apurou que a mãe da vítima que perdeu os R$ 15 mil chegou a fazer um empréstimo no banco para pagar o valor que foi cobrado pelo criminoso, que disse que o dinheiro seria usado para ensaio de fotos, book e preparação da jovem, que queria dar os primeiros passos no mundo miss.

Outra família acabou seduzida pelas falsas promessas de outro criminoso, que cobrou R$ 4 mil por serviços de fotos que nunca foram feitos.

BUSCA POR REFERÊNCIAS

Ivete do Espírito Santo, coordenadora que é dona da franquia do Miss Espírito Santo Mini, Mirim, Juvenil e Teen, evento realizado no Estado há mais de 20 anos, alerta que todos pesquisem sobre o passado da empresa que tentar fazer alguma cobrança, bem como o histórico do agente que se apresenta para a família.

Segundo ela, o golpe é ainda mais comum quando se trata de crianças que querem ser misses ou modelos.

“Eu já vi muita família acabar frustrada e chateada com situações assim. Os golpes são sempre iguais, mas os agentes chegam com promessas e com uma conversa que acaba convencendo. No mundo miss existe isso, de pessoas surgirem prometendo títulos, desfiles fora do País, na América Latina, mas quando o papo é assim, raramente é de verdade”, diz.

A coordenadora, que já foi eleita a melhor preparadora de misses do Brasil em cerimônia que reuniu profissionais do País todo, fala ainda que os pais dos jovens e adolescentes podem buscar informações dos agentes no registro de marcas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Toda empresa realizadora desse tipo de atividade deve ter um registro no órgão.

“Tem que buscar o histórico de eventos, de feitorias… E não do último ano, mas dos últimos 5, 10, 15 anos. Tem muito agente que aparece e quer chamar mais a atenção que as misses e isso não pode. Sempre falo com as mães e pais que se a pessoa falar que quer ficar sozinha com a criança, então… Nem pensar”, reitera. ACESSE O NOSSO INSTAGRAM


“Nós trabalhamos com sonhos, então tudo é muito delicado” Por outro lado, Ivete destaca que não é para esse tipo de prática desanimar as pessoas que querem seguir a carreira como miss e modelo. “A mensagem que sempre dou é para os pais não desistirem dos sonhos das crianças. Conheço muita gente honesta nesses mais de 20 anos que estou na área”, finaliza.

PIX FACILITOU FRAUDES

Segundo a Polícia Civil do Espírito Santo, o Pix facilitou ainda mais a ação desses criminosos, que pedem que transferências em dinheiro sejam feitas na hora para contas que, geralmente, nem são do Estado.

Para o delegado Douglas Vieira, titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), é o olhar atento da vítima que tem que fazer a diferença.

“As pessoas têm que ter muito cuidado, desconfiar e nunca ter pressa para esses pagamentos. Pesquisar os contratos que são ofertados, os nomes que são usados para o golpe… Esse é um golpe que acontece há mais de 30 anos e a gente vê que as pessoas ainda são surpreendidas pelas promessas que esses criminosos fazem”, avalia.

De acordo com ele, pedir ajuda a outros membros da família e referências na internet também podem salvar.

“Às vezes se contar a história para outra pessoa ela pode perceber algum indício suspeito. Ou se for para internet e pesquisar o passado do falso agente também pode ser encontrada alguma pista”, finaliza.

(*Folha Vitória) 
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