RJ: policial preso é transferido após suspeita de ligação com ataques de milícia


  Um inspetor condenado e preso por chefiar uma milícia da Zona Oeste do Rio foi transferido após suspeita de envolvimento nos ataques que deixaram, na última quinta-feira, pelo menos dois mortos e sete van incendiadas em bairros da região. Rafael Luz Souza, o Pulgão, saiu da Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, e foi levado para a Penitenciária Laércio da Costa Pellegrin, nesta sexta-feira. Na unidade de segurança máxima, conhecida como Bangu 1, em Gericinó, Pulgão foi colocado numa cela solitária, sem contato com outros detentos.  ACESSE O NOSSO INSTAGRAM

 Pulgão era desafeto de Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em junho deste ano . Ele é apontado como chefe do bando que controla a Carobinha, em Campo Grande — única comunidade do bairro que não pertence ao maior grupo paramilitar do estado. Pulgão e Ecko disputavam a tiros o controle da região. Após a morte do irmão, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, herdou o comando e começou uma guerra com Danilo Dias Lima, o Tandera, que chefia uma quadrilha que atua em Seropédica, Itaguaí e em outros pontos da Baixada Fluminense. Em meio a essa disputa, Tandera tem o apoio de Pulgão.

A transferência entre cadeias foi solicitada em julho deste ano, mas a saída de Niterói para Bangu 1 ocorreu apenas após os recentes ataques. Na época, o pedido destacava os riscos de fuga após a morte de Ecko. "Esta unidade não goza de segurança adequada para uma possível tentativa de resgate ou fuga. O interno, considerado inimigo do Estado, está sendo vinculado a uma possível assunção da liderança da narcomilícia da Zona Oeste. De acordo com denúncias, Pulgão está sendo vinculado a homicídios na Zona Oeste e Baixada."
Segundo Pulgão, sua cabeça valia R$ 500 mil

Enquanto estava solto, Pulgão usou o aparato da Polícia Civil para enfraquecer rivais e, assim, garantir o domínio de uma comunidade. Em depoimento à Justiça, contou que, ao longo de quatro anos, atuou como colaborador de duas delegacias especializadas, passando informações que levaram seus rivais à prisão ou à morte — e, de quebra, abriram brecha para o crescimento de sua milícia. Mas, de acordo com ele, sua atuação "vazou" após ter participado da operação que terminou com a morte de Carlinhos Três Pontes, em abril de 2017.

O inspetor foi preso em julho de 2018, ao ser flagrado por agentes da Corregedoria da Polícia Civil saindo de uma boate, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, com cinco fuzis e uma metralhadora antiaérea. Pulgão disse aos agentes que “estava aliviado” por ter sido capturado pela corregedoria, já que tinha o receio de cair nas mãos de Ecko.

No final de seu depoimento, ele diz que teve a cabeça colocada a prêmio com recompensa de alta quantia. "Valia R$ 500 mil", relatou.
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