Aumenta o número de capitais que estão cancelando o carnaval


Brasil conta apenas com 64% da população vacinada e médicos afirmam que ideal seria de 90%. Só 8% tomaram a dose reforço (necessária) e o RJ não está entre os 5 estados que mais vacinaram

Estados e municípios brasileiros seguem debatendo a realização, ou não, das festas de fim de ano e do Carnaval. Três casos da nova cepa Ômicron, vinda da África do Sul, foram confirmadas no Brasil, todas em São Paulo. A variante é de alto grau de transmissibilidade e a recomendação vai no sentido de que as medidas de restrição sejam mantidas.

Um dos problemas mais preocupantes está na desaceleração da imunização no País, que na 4-feira desta semana, 1º de dezembro, registrou apenas 63,03% da população com o esquema vacinal completo (os que tomaram as duas doses). Ainda pior, menos de 8% tomaram a terceira dose (dose-reforço) que é essencial para que a proteção atinja níveis seguros.

Nesta conjuntura, por enquanto mais de 50 capitais brasileiras já cancelaram as festas de fim-de-ano e o Carnaval, entre elas São Paulo, Salvador, Recife, Vitória, Porto Alegre, Fortaleza, São Luiz, João Pessoa, Brasília, Florianópolis, entre outras. Rio, Olinda e Belo Horizonte ainda estudam o quadro.

Outra questão está no número de casos e de óbitos os quais, muito embora em baixa, deixa a média móvel instável: em 1º de dezembro foram registradas 266 mortes, o que aponta interrupção na queda.

Dilema – A situação é complicada porque sendo o carnaval a festa mais popular do Brasil, suspendê-la gera grande frustração. Por outro lado, fazer o carnaval e correr o risco de ver a pandemia – ora sob relativo controle – disparar como aconteceu este ano, seria o mesmo que comparar vidas perdidas com uma festa.

Neste sentido, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), a brasileira Mariângela Simão, demonstrou forte preocupação com o futuro da pandemia no Brasil caso o País reduza o controle sanitário. “O Carnaval traz condições extremamente propícias para o aumento da transmissão comunitária” – disse.  

Para os médicos a situação é clara. Afirmam que realizar o carnaval sem que, no mínimo, 80% da população esteja toda vacina (o ideal seria 90%) seria uma temeridade. E ainda lembram da chamada 4ª onda, que está afetando os EUA, países da Europa (Holanda, estados da Alemanha e Áustria, entre outros), e Ásia. 

Turistas que chegariam para o carnaval 

Mas existem outras implicações. Além da dose-reforço estar apenas na casa dos 8% da população, pergunta-se: como seria a questão dos turistas, particularmente europeus que certamente viriam para o carnaval? Não havendo que se falar em distanciamento físico – visto que os desfiles e o carnaval de rua implicam em ajuntamento – uma das restrições mais eficazes contra a pandemia cairia por terra. 

Abaixo da estrutura – Não obstante em relação aos primeiros meses a vacinação no Brasil tenha crescido substancialmente, nas últimas semanas estamos aplicando cerca de 1.200 a 1.500 milhões de doses, quando a capacidade estrutural do País – confirmada pelo próprio ministro Queiroga – é de 2,4 milhões de doses diárias. 

RJ não está entre os mais vacinados – Cabe registrarque os estados com maior porcentagem da população imunizada (com 2ª dose ou dose única) são: São Paulo (74,40%), Mato Grosso do Sul (69,67%), Rio Grande do Sul (67,24%), Santa Catarina (66,50%) e Paraná (65,41%). 

É necessário sublinhar que o Brasil – e o Rio, em particular – não podem repetir o erro deste ano, quando bares, restaurantes e boates foram abertos “com protocolo” e dois meses depois do “Carnaval da Covid” o Brasil chegou a contabilizar mais de 4 mil mortes/dia.   

Curiosidade – O Brasil passou os EUA na vacinação. Muito embora a população americana tenha 120 milhões a mais que a brasileira, por outro lado jogou trilhões de dólares na vacinação, em especial pelo fácil acesso ao imunizante Moderna – pilar da vacinação no país estadunidense. 

Fonte: Terceira Via.


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