Morte de atleta acende alerta de perigo na BR 356 para ciclistas


A morte do atleta de ciclismo Ricardo Grosse Gibson, de 62 anos, no último domingo (10), após quatro dias internado no Hospital Ferreira Machado, depois de ser atingido por uma carreta bitrem na BR 356, que liga Campos a São João da Barra, causou comoção e acendeu o alerta para o tráfego de veículos pesados na rodovia e o perceptível aumento de ciclistas que utilizam o espaço. O Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) lamentou a morte e informou que estudos para melhorias da rodovia estão em andamento. Já a Prefeitura de SJB não respondeu, até a publicação desta matéria, sobre as medidas que devem ser tomadas para que novos acidentes sejam evitados. Apontado como responsável pelo aumento do tráfego, o Porto do Açu informou que faz campanhas educativas e tem expectativa de um acesso alternativo.

Ricardo foi atingido por uma carreta bitrem na altura do trevo de Caetá, que liga a BR 356 e a RJ 240, estrada que dá acesso ao Porto do Açu, em SJB, na última quinta-feira (07). Ele voltava de Grussaí para Campos, de bicicleta, acompanhado do ciclista André da Silva. Testemunhas contaram que a carreta teria ido para o acostamento, ao passar por um dos quebra-molas na altura do trevo de Caetá. O condutor da carreta parou para prestar atendimento.


Amigo de Rodrigo, André Silva lamentou a morte do amigo. Os dois estavam juntos no momento do acidente. “Eu caí na frente da carreta, e ele, na parte de trás. Felizmente, consegui me soltar. Mas ele, não. Estou muito triste e abalado com tudo isso que aconteceu com Ricardo Grosse. Ainda estou buscando entender como isso aconteceu com ele e comigo também. É inexplicável o que aconteceu”, conta.

Ex-presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecierj), o ciclista Rodrigo Rocha destacou que o tráfego de veículos pesados na rodovia entre Campos e SJB aumentou com o advento do Porto do Açu. Porém, ele lembra, ainda, que muitas vezes o problema é de falta de respeito dos condutores de veículos. “Eles passam muito próximos aos ciclistas. Tem uma distância mínima que é estabelecida pelo Código de Trânsito Brasileiro, que é de 1,5 metro, e o pessoal não respeita. Pode até o ciclista estar ali perto da pista de rolagem do carro, mas não custa nada chegar um pouquinho para o lado. Só que o carro às vezes faz questão de passar rente”, relatou.

Rocha ainda cobrou sinalização, sobretudo no trecho de Barcelos, que não tem acostamento, além de quebra-molas e redutores de velocidade.

O Porto do Açu, apontado como responsável pelo aumento do tráfego na BR 356, informou “que atua de maneira preventiva e educativa por meio de campanhas de conscientização, que chegam a sensibilizar 8 mil pessoas por ano nos acessos e no entorno do empreendimento”. Em nota, o Porto lembrou, ainda, que o Governo do Estado “anunciou as obras para acessos rodoviários qualificados ao Porto do Açu. Como parte do acordo de cooperação técnica firmado entre o Porto do Açu e o Departamento Estadual de Estradas e Rodagem (DER), foram entregues em janeiro de 2022 os estudos técnicos de engenharia necessários para a licitação das obras”. O DER não respondeu sobre o andamento da licitação da RJ 244, que ligará a BR 101 ao Porto.
Sobre a situação, o Dnit divulgou a seguinte nota: "O Dnit lamenta a morte do atleta de ciclismo. O local onde ocorreu o acidente é trecho duplicado, com acostamentos, sinalização, redutores físicos de velocidade ('quebra-molas'). Em relação à iluminação nos segmentos urbanos e interseções, compete às prefeituras a implantação e manutenção. O tráfego de veículos pesados que demandam o Porto do Açu é uma realidade atual e crescente na BR 356/RJ e a adequação dessa via a essa nova situação vem sendo analisada pelo Dnit, já havendo estudos que preveem a duplicação e melhorias do segmento Campos – São João da Barra. No segmento de Barcelos, a rodovia atravessa segmento urbano, mas no estudo de melhorias do trecho está prevista a implantação do contorno dessa localidade".

Fonte: Folha 1

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