Asma alérgica pode ser fator de risco para doenças cardiovasculares
Provavelmente, quando a maioria das pessoas pensa em doenças cardiovasculares, os principais fatores de risco que vêm à mente são pressão alta, colesterol elevado, obesidade e diabetes.
Entretanto, estudos clínicos apontam que outra condição comum pode estar associada a maiores chances de problemas cardíacos: a asma alérgica. Um artigo publicado na Nature Cardiovascular Research mostra como a condição e outras alergias associadas podem ser fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Além disso, os achados revelam ainda que medicamentos receitados para tratar a asma também podem influenciar no risco de desenvolvimento dessas condições.
Asma e alergias associadas
Segundo os pesquisadores, muitas pessoas pensam na asma apenas como uma doença que afeta os pulmões, mas há uma ligação importante entre ela e condições cardiovasculares.
Os ensaios clínicos analisados demonstram conexão entre a asma e doenças cardíacas coronárias, doenças aórticas, doenças arteriais periféricas, derrame, insuficiência cardíaca e outras complicações cardíacas.
A análise destacou também a possível relação entre doenças cardiovasculares e outros quadros alérgicos relacionados:rinite alérgica (alergias desencadeadas por pólen e outros fatores ambientais), dermatite atópica e alergias graves a alimentos e a medicamentos. Ou seja, reações alérgicas para além da asma podem funcionar como fatores de risco significativos.
O impacto dos medicamentos
A equipe examinou resultados de modelos pré-clínicos e estudos baseados em laboratório. Eles apontam para tipos específicos de células inflamatórias que podem se acumular nos pulmões, no coração e na vasculatura, ajudando a orquestrar a asma e as doenças cardiovasculares.
Tanto estudos clínicos quanto pré-clínicos apontaram mecanismos compartilhados em ambos os quadros. Assim, os autores analisaram como medicamentos para asma que atuam em alguns desses mecanismos podem influenciar e descobriram que:
Salbutamol inalado (comumente usado como "inaladores de resgate" para tratar ataques agudos de asma) parecia reduzir o risco de doenças cardiovasculares;
Corticosteroides orais e intravenosos (como prednisona) pareciam aumentar o risco, mas corticosteroides inalados (como propionato de fluticasona e budesonida) pareciam diminuir as chances de doenças cardiovasculares;
Os modificadores de leucotrieno (como o montelukast) tiveram efeitos benéficos, reduzindo inflamações, níveis de lipídios sanguíneos e eventos cardiovasculares;
Anticorpos antiasma (como omalizumabe) apresentaram resultados mistos, com um estudo encontrando aumento de risco e outros mostrando risco reduzido ou nenhum efeito sobre as chances de desenvolver doenças cardiovasculares.
Para os pesquisadores, todas as descobertas são de extrema importância para analisar o quadro geral de um paciente e pensar melhor sobre as implicações para cuidado e tratamento mais eficazes.
Fonte: Dr. Jairo Bouer
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