Tomate, feijão e batata sobem mais de 50% em dois anos. Veja dez alimentos que sofreram fortes altas no período


Em um período de dois anos, o tomate, o feijão preto e a batata-inglesa acumularam altas de preços acima de 50%. Entre os dez itens que compõem a alimentação básica do brasileiro, os três produtos tiveram os maiores aumentos: 67,88%, 50,58% e 56,16%, respectivamente. Os dados são do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após dois períodos de 12 meses com tendência de queda (-13,98% e -25,98%), o preço do tomate, de maio de 2021 a abril deste ano, teve alta de 126,80%. Essa grande variação aumenta a percepção de como o alimento encareceu. O custo da batata-inglesa, por sua vez, já vinha em elevação antes. De maio de 2020 a abril de 2021, o produto teve seu preço elevado em 4,10%. Mas disparou nos 12 meses seguintes: 44,65%.

— Esses picos inflacionários em itens alimentícios específicos sempre refletem condições adversas específicas da oferta desses itens. Foi assim com arroz e outros grãos no período La Niña de 2020 e 2021, depois com a cenoura no começo do ano, e agora com o tomate. Por motivo similar ao da alta do tomate, esse período de chuvas excessivas e em períodos irregulares está sendo prejudicial para a oferta de vários hortifrutis: a cenoura já está se recuperando desse impacto, mas outros itens como as folhagens, o tomate e a batata estão levando mais tempo — explica o pesquisador Matheus Peçanha.

O feijão preto até teve queda de preço nos últimos 12 meses: -3,40%. Mas de maio de 2020 a abril de 2021, já havia encarecido 61,65%. Ou seja, quem se lembra do quanto gastava no mercado antes da pandemia sente o peso no bolso.

— A alta do feijão (principalmente a do feijão preto) nos 12 meses anteriores, assim como a do arroz, se deveu à seca provocada pelo efeito La Niña, sobretudo no Centro-Oeste. Passado o efeito dessa seca, esses dois grãos tiveram sucessivas quedas de preços (o arroz de modo mais consistente) até o ponto em que os dois acumularam deflação nos últimos 12 meses. Mas, tradicionalmente, um movimento de queda nos preços é sempre mais suave do que um movimento de subida. Há também fatores comportamentais envolvidos, como o fato das pessoas entenderem que o nível "justo" do preço do item está mais alto. Tudo isso contribui para essa redução não ter compensado a alta anterior — aponta Peçanha.

Dez alimentos pesquisados

Nos dez alimentos pesquisados, houve uma inflação média de 42,19%. Segundo o pesquisador, o impacto social é muito grande.

— A inflação, de um modo geral, já tem a tendência de penalizar mais as famílias de menor renda, que normalmente não têm meios financeiros para se proteger dela. E quando a inflação se concentra em itens básicos como a alimentação, esse efeito é pior. Isso gera consequências políticas e sociais, além de econômicas — alerta Matheus Peçanha, que vê nessa situação uma razão de insatisfação política: — Grande parte da perda de popularidade do governo está na conta da inflação dos alimentos, além da maior necessidade de deterioração fiscal para socorrer essas famílias mais necessitadas.

Professora de Economia do Ibmec-RJ, Vivian Almeida complementa:

— A alimentação é o que se tem de consumo mais importante. Isso é muito dramático. Quando você tem um aumento de mais de 40% no chamado prato feito, quer dizer que pessoas não vão conseguir comer essa comida todos os dias. E as pessoas começam a fazer substituições para uma alimentação de pior qualidade, para ultraprocessados. Se tem que pagar R$ 10 por três tomates, e ao lado o macarrão instantâneo custa R$ 3, e é preciso sobreviver e alimentar os filhos, essa é uma escolha do campo da racionalidade por escassez de capacidade de pagamento. Então, um contingente populacional gigantesco entra em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar. Há custos individuais e sociais coletivos também, pois vai ter impacto na saúde desse povo, na educação e na produtividade. São efeitos sentido a curto, médio e longo prazos. Uma tragédia social.

Veja as altas acumuladas em 10 itens da alimentação

Arroz: 39,05%

Feijão carioca: 19,92%

Feijão preto: 56,16%

Alface: 41,26%

Batata-inglesa: 50,58%

Cebola: 27,98%

Tomate: 67,88%

Frango em pedaços: 38,48%

Ovos: 19%

Carnes bovinas: 43,02%

 

Fonte: Extra

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