A rotina de alimentação pode ser mais importante do que o que você come


Ao questionar qualquer grupo de pessoas se há alguém com queixas gástricas, dificilmente não encontraremos pessoas com sintomas de má digestão como queimação, plenitude, gases ou azia.

Alterações no trato gastrointestinal são as maiores queixas dentro do consultório médico sendo que, em sua maioria, estão presentes por um longo período na vida dos pacientes.

Claro que uma alimentação saudável, com produtos naturais e bem preparada vai ser essencial na prevenção e na melhora dos sintomas digestivos, mas vamos conversar hoje mais sobre a maneira de se alimentar.

Na sociedade atual, principalmente em grandes centros, o ritmo intenso do dia a dia gera um comportamento de alimentação que é o grande responsável pela maioria dos sintomas digestivos. Comer rápido, sem prestar atenção nos alimentos, literalmente engolir a comida para voltar logo ao trabalho faz tão mal quanto comer uma refeição com ingredientes não tão saudáveis. Não estou sugerindo uma alimentação não saudável, mas trazendo a tona algo que é pouco explicado dentro dos consultórios médicos e de nutricionistas: como comer corretamente.

Vou então sugerir algumas mudanças na rotina alimentar que ajudam e proporcionam uma melhora digestiva e do bem-estar geral.

Precisamos ter rotina; alimentar-se em horários fixos ajudam o nosso corpo a se preparar para a refeição. Não existe um esquema perfeito para todos, alguns vão se beneficiar da alimentação a cada 3 horas e outros do jejum intermitente. O que você precisa identificar é qual é o melhor padrão para você em cada momento de sua vida e após isso manter uma rotina.

Desligar ou parar de utilizar aparelhos eletrônicos, como televisores, celulares e tabletes, durante as refeições, ajudam a não entrarmos no automático, a prestarmos atenção no que estamos comendo; com isso, não comeremos mais do que deveríamos e não comeremos mais rápido do que conseguimos processar.

Com esse desligamento do virtual, podemos nos conectar melhor com as pessoas que estão nos acompanhando na refeição gerando ambientes mais saudáveis.

O nosso estômago e intestino não são preparados para receber alimentação mal mastigada, portanto, o ato de mastigar é, na minha opinião, um dos pontos mais importantes que devemos controlar. Porém, a cada paciente que atendo no meu consultório, vejo que esse ato é o mais desprezado da refeição.
Quando entramos no automático e engolimos a refeição em segundos, o alimento mal mastigado vai para o estômago em maior volume e com consistência mais endurecida que o desejável, fazendo com que o estômago produza mais ácido, demore mais para esvaziar e dar continuidade ao processo. Além disso, ao chegar ao intestino, o bolo alimentar vai ser menos absorvido, acabar fermentando, aumentando a produção de gases intestinais, causando distensão e estufamento.

Uma dica prática que utilizo para diminuir essa velocidade na hora da refeição é descansar os talheres no prato a cada ato de colocar o garfo com o alimento na boca. Com isso, tornamos a refeição consciente e diminuímos a sua velocidade. Associado a isso, deve-se utilizar a faca somente para cortar os alimentos maiores e não para aumentar o volume da porção no garfo. Deve-se sempre cortar a carne, por exemplo, em fatias pequenas e bem finas, apoiar a faca no prato, ingerir esse pedaço pequeno e, após isso, “descansar” o garfo no prato.

Não tenha dúvidas que, mudando esses hábitos na hora das refeições, muitos problemas digestivos melhorarão e serão evitados. Se você ainda não reparou se come rápido ou não, observe se é o primeiro ou o último a terminar uma refeição e se levantar da mesa. Se for o primeiro a terminar, leia com muita atenção esse artigo e comece a mudança de hábitos na hora de comer.

Fonte: Terra

 

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