Sérgio Cabral deve ser solto nesta segunda; ex-governador cumprirá prisão domiciliar por conta de outros processos
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que teve a prisão revogada na noite de sexta-feira (16), deve ser solto nesta segunda-feira (19). Último preso da Lava Jato, Cabral passará o Natal em família após seis anos de detenção.
Segundo a sua defesa, ele ficará em prisão domiciliar em um imóvel da família, em Copacabana, por conta de outros processos.
No começo da manhã desta segunda, a decisão da soltura ainda não tinha chegado à Justiça Federal do Paraná, segundo Daniel Bialski, advogado de Cabral. Segundo ele, isso deve acontecer ainda no começo do dia. Assim, o alvará de soltura será expedido e encaminhado para a Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro.
Depois disso, um oficial irá até o Batalhão Especial Prisional (BEP), onde o
ex-governador está preso, para que ele possa ser liberado.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu
pela sua soltura por considerar excessivo o tempo de prisão preventiva em uma
das ações de que ele é alvo.
O STF informou que o resultado do
julgamento só deve ser proclamado nesta segunda. Somente a partir de então a
Justiça Federal do Paraná, responsável pela ordem de prisão preventiva que foi
revogada agora, poderá expedir o alvará de soltura.
Preso desde 2016, Cabral cumpria prisão
preventiva por conta de um processo da Lava Jato que tramita em Curitiba.
A Segunda Turma da Suprema Corte avaliou,
porém, que a prisão preventiva, que deveria ser temporária, já se estendia
muito sem haver uma decisão definitiva (em última instância). Para o ministro
do STF Gilmar Mendes, a prisão do ex-governador “representava a antecipação do
cumprimento da pena”.
O advogado Daniel Bialski informou que
Cabral teve a prisão preventiva transformada em domiciliar em outros processos
— estes relativos à Operação Eficiência, em dezembro de 2021, sobre ocultação
de patrimônio ilegal, e, em março deste ano, no processo da Operação Calicute.
O Supremo Tribunal Federal tem de enviar um comunicado sobre a decisão pela liberação do Cabral à Justiça de Curitiba, onde correm os processos. A Justiça de Curitiba é que vai enviar o alvará de soltura, que tem de ser enviado para o Rio de Janeiro para que seja cumprido.
Segundo o advogado, Cabral “vai cumprir toda as determinações de uma prisão
domiciliar, com saídas só sendo permitidas para ir ao médico, para alguma
emergência.”
Seis
anos de prisão, sete transferências e muitas regalias
Cabral foi preso sob suspeita de comandar uma organização criminosa que
fraudava licitações e cobrava propina de empreiteiras.
Ao longo do processo, o ex-governador chegou
a admitir o recebimento de valores indevidos em diversos contratos assinados
durante seus dois mandatos como governador, entre 2007 e 2014.
Ao todo, o político cumpriu 2.219 dias de
prisão, o equivalente a seis anos e 22 dias no sistema prisional do estado.
A prisão derrubada pelos ministros do STF
era a última ordem de prisão que ainda o mantinha na cadeia.
Os ministros decidiram revogar a ordem de
prisão da Justiça Federal do Paraná contra Cabral, anular as decisões tomadas e
enviar o caso para análise da Justiça Federal do Rio.
Em seu voto, o ministro Gilmar Mendes
afirmou que a revogação da prisão não significava a absolvição do
ex-governador.
Antes das últimas decisões do STF, que
anularam ou modificaram algumas sentenças anteriores, Cabral chegou a ter 23
condenações em processos da Lava Jato. As penas somaram 425 anos e 20 dias de
prisão.
Ao todo, ele foi denunciado em 35 processos
decorrentes de investigações da Lava Jato.
Ele frequentou seis unidades prisionais
diferentes, nas cidades do Rio, Niterói e Pinhais, no Paraná.
Durante o tempo em que ficou preso, as
placas de isopor instaladas no teto de sua cela para isolar o calor, uma medida
para enfrentar com mais conforto os dias de sol forte, não foram as únicas
regalias na prisão.
Celulares, anabolizantes, cigarros
eletrônicos e listas de encomendas a restaurantes: tudo isso já foi encontrado
durante vistorias onde ele cumpria pena.
Em 2017, câmeras de vigilância de Bangu 8
mostraram que Cabral circulava livremente pela unidade, recebia encomendas e
visitas fora de hora.
Defesa
de Cabral se pronuncia
Em nota divulgada na noite de sexta-feira (16), os advogados Daniel Bialski,
Bruno Borragine, Patrícia Proetti e Anna Julia Menezes afirmam que a Suprema
Corte reconheceu a ilegalidade da manutenção da prisão cautelar de Cabral.
Os defensores acrescentam ainda que o
ex-governador ficará em regime domiciliar aguardando a conclusão das demais
ações penais de que é alvo.
Veja a íntegra da nota da defesa:
“O
Supremo Tribunal Federal reconheceu a ilegalidade de se manter preso o
ex-governador Sérgio Cabral e determinou que ele aguarde em liberdade o
desfecho do processo. A defesa representada pelos advogados Daniel Bialski,
Bruno Borragine, Patrícia Proetti e Anna Julia Menezes esclarece que ele
permanecerá em prisão domiciliar aguardando a conclusão das demais ações penais
e confia em uma solução justa, voltada ao reconhecimento de sua inocência e de
uma série de nulidades existentes nos demais processos a que responde.”
Fonte: G1
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