Pra um bom começo de setembro

“Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos...”
Ainda criança, não conhecia a canção, mas o sentimento das boas novas sempre esteve presente. Setembro, mês de abrir as janelas, levar os brinquedos para o quintal e brincar à sombra da mangueira, aproveitando a brisa das manhãs e tardes primaveris. Doces lembranças da infância, esse período especial em que somos particularmente sábios para apreciar os pequenos acontecimentos verdadeiramente grandes da vida. Quando o “mundo dos adultos” ainda não invadiu o terreno em que habitam as fadas, os duendes, os animais que falam, os cabos de vassoura que viram cavalos, as sereias, príncipes, princesas e afins.
Em setembro não muda somente o calendário. Ou a estação do ano. É verdade que boas novas andam nos campos. Que tenhamos olhos, ouvidos, pele, nariz, sentidos, para perceber o cheiro, a cor, o calor e os ruídos do novo. Especialmente estejam alertas nossas mentes e corações para interpretar tantos sinais que a natureza sabiamente nos envia.
Este ano setembro chega com lua nova, linda e discreta, suspensa no céu. Agosto despediu-se com ar cansado, indolente com a baixa umidade do ar e a chuva que demora a chegar. Nenhum decreto assinado que garanta melhores dias a todos. Mas os ipês aí estão uma vez mais, teimosos, vestidos de gala, indiferentes à secura do ar e dos campos, destemidos como sempre. Talvez pra nos lembrar que a vida se renova, sim, que a esperança não é a última que morre, mas a primeira que nos anima a prosseguir, a olhar pro céu e esperar a chuva que virá pra renovar o ar, os campos, a vida...
“Sol de primavera abre as janelas do meu peito”(Beto Guedes,sol de primavera), prossegue a canção. É só o que temos que fazer. Soltar os trincos das janelas, abrir as grades que nos aprisionam no medo, na desesperança, na descrença... e deixar o sol fazer sua parte. E que venham melhores dias a todos!